O que nossos ancestrais faziam para se divertir, reunir os amigos e sair do tédio? Antes da TV, do cinema, do rádio e, principalmente, das redes sociais, quais eram as atividades praticadas pelas pessoas para se conectar com o mundo, tirar a mente do foco no trabalho ou de outras questões individuais e buscar o lazer?
Nos últimos anos, as pessoas passaram a consumir conteúdo digital em todas as áreas da vida, e isso passou a ter a centralidade no cotidiana da maioria delas. Como consequência, tem acontecido muitos adoecimentos psicológicos pelo uso excessivo das interações virtuais.
O Brasil foi considerado o terceiro país que mais utiliza as redes sociais em todo o mundo em 2022. Cada pessoa passa cerca de 3h42min em aplicativos como Facebook, Instagram, Twitter e WhatsApp. É claro que essas ferramentas são essenciais para o dia a dia da humanidade, facilitam muito os processos e conectam as pessoas muito facilmente, mas elas não são a única forma de interação, diversão e lazer disponível.
A Vida Simples, então, relembra cinco ideias para sair do tédio sem recorrer às telas. Algumas são óbvias, mas nem sempre pensamos nelas na hora do lazer ou quando queremos relaxar a mente. Por isso, este é um conteúdo que nos leva às nossas raízes. O convite é para colocar o corpo em situações fora das telas e das redes digitais para que possamos mergulhar no mundo e entrar em movimento.
Leia um bom livro
Essa pode parecer a dica mais simples e fácil de se recorrer. Afinal, nada como um livro que nos traz conforto, aconchego e nos leva para viajar para uma outra realidade com histórias, personagens, contos e vivências. Pode ser um romance, uma obra de poesia, terror, suspense ou fantasia. O importante é buscar um gênero literário que gere interesse e possa proporcionar lazer e tempo de desconexão.
Com as rápidas leituras de legendas no Instagram, tweets com mínimos caracteres e posts no Facebook, estamos perdendo a capacidade de concentração e de passar muito tempo em uma atividade de leitura que demande mais dedicação. É um desafio, mas não é algo impossível. Comece com um livro pequeno e vá progredindo.
Faça uma caminhada na natureza
Parques e praças unem várias sensações e benefícios ao mesmo tempo, porque nos colocam em contato com a natureza e a vegetação, propiciam ar fresco e ainda podem ser um ótimo espaço de contemplação e reflexão. Uma caminhada, corrida, passeio com o cachorro ou um piquenique com pessoas queridas são ótimas atividades a serem feitas nesses espaços.
Se possível, tente deixar o celular em casa ou pelo menos no modo silencioso para que ele se torne um mero acessório para atender necessidades específicas, pelo menos nesse momento. Tudo bem tirar um tempo para fazer uma fotografia, mandar uma mensagem importante ou checar um e-mail urgente, mas é necessário sabermos elencar nossas prioridades.
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Visite museus, cinemas e teatros
A arte nos ajudou a passar pelo período da pandemia. Ela foi muito importante para higienizar nossa mente, nos tirar da dor, da angústia e do desespero em ver as pessoas que amamos adoecendo ou indo para o hospital. Não foi um momento fácil e a arte esteve do nosso lado, como diversão, protesto, contestação e construção de outros mundos possíveis. Vamos continuar a valorizá-la?
Agora de forma presencial, há diversos programas nas cidades que podem ser aproveitados durante a semana ou até mesmo no sábado e domingo. Alguns museus não cobram entrada em dias específicos, outros são totalmente gratuitos. Há diversos cinemas públicos e promoções de filmes de vez em quando, assim como o teatro, uma expressão artística que une o corpo em movimento, a voz, as vestimentas, as expressões e o cenário para produzir narrativas e contar histórias.
Mão na massa
Que tal se inscrever em aulas de cerâmica ou gastronomia? Conectar-se com a argila e a produção artesanal é uma atividade importante para a nossa saúde mental e que estimula a criatividade com a produção de diferentes formatos e designs, imprimindo ali nossa subjetividade em forma material.
Assim também acontece com as aulas de culinária, que são ótimas para nos reconectar com os alimentos da nossa localidade, além de possibilitar a aprendizagem de produzir os pratos que amamos ou aqueles que lembram a infância. Comida envolve afeto, ancestralidade, conhecimento coletivo e faz parte da nossa herança cultural, nada melhor do que isso para nos fazer voltar para dentro.
Planeje atividades com amigos ou familiares
Se você prefere atividades em casa ou com pessoas do seu círculo social, planeje atividades com amigos, como um encontro com comida, afeto e alguns jogos de tabuleiro ou de adivinhação que possam conectar vocês. Sempre há muito bom papo que pode render um ótimo momento em conjunto. Da mesma forma, esse encontro pode ser em uma sorveteria, restaurante ou uma praça pública.
Assim como os amigos, podemos fazer encontros com familiares e parentes que amamos, propondo as mesmas atividades ou adaptando-as, a depender da idade e interesses das pessoas. Sempre há espaço para a criatividade.
Equilíbrio é fundamental
Não podemos esquecer que as telas carregam um mundo dentro de si, com bilhões de informações e conteúdos que são fundamentais para o nosso dia a dia e para o nosso contexto digital. Entretanto, é importante deixarmos esses aparelhos em descanso em alguns momentos para que a gente também consiga colocar nossa mente no lugar e sair do tédio utilizando outras ferramentas.
Talvez eu esteja escrevendo esse texto ao mesmo tempo em que checo as notificações que chegam até o meu celular. O próprio fato de estar digitando ele em um computador é contraditório, mas quem disse que a vida não é cheia de desafios e contradições? Seguimos, então, buscando o nosso próprio equilíbrio e estabelecendo nossos limites.
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