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Quer mudar de carreira? Veja como usar o networking ao seu favor
Christina @ wocintechchat.com Foto: Christina @ wocintechchat.com Mulheres negras sorriem juntas em uma mesa de trabalho. O que você pensa sobre networking?
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Se você embatucou* na carreira e está considerando uma mudança nos rumos profissionais, comece por uma sincera avaliação do que está pensando a respeito da sua rede de relacionamentos (o famoso networking) — e de como está criando e usando essas conexões, as antigas e as novas.

Há momentos da nossa vida em que precisamos nos colocar em movimento para desembatucar. E isso acontece, justamente, através da conexão com pessoas diferentes daquelas com as quais você tem costume de conviver e conversar.

As conexões podem acontecer onde quer que haja pessoas – e é improvável encontrar quem possa ajudar você com novas perspectivas e informações falando apenas com a sua família, os colegas de trabalho e os seus amigos de sempre.

Visão de mundo mais ampla

O filósofo Roman Krznaric já avisava, dez anos atrás, quando lançou o ótimo “Como encontrar o trabalho da sua vida” (The School of Life), que um dos maiores obstáculos às mudanças profissionais é ficarmos presos à rigidez do nosso círculo social conhecido.

Isso porque falar sobre as nossas dúvidas, inseguranças e curiosidades profissionais com pessoas que já estão acostumadas a nos ver em um determinado papel e atividade, em um setor específico, e que têm determinadas crenças e valores a respeito do que é “correto” em termos de trabalho, influencia fortemente o que nós achamos ser possível na nossa própria jornada.

Ou seja, se você quer desembatucar, não subestime o valor das redes de relacionamento. É o tal networking, que, para algumas pessoas, ainda está associado a um mero ato transacional com gente notadamente “influente”, baseado em pedidos e trocas de favores.

Vergonha de falar

Por causa dessa percepção (distorcida), não é incomum que eu escute em mentorias todo tipo de justificativa, baseada em constrangimento e vergonha, para não acessar desconhecidos.

Costumo ouvir coisas como: “eu não vou ter nada de útil pra dizer”, “não quero implorar por emprego”, “não vou ser capaz de impressionar ninguém” ou “quem vai levar a sério alguém que não tem experiência nessa área?”. Você tem esse tipo de resistência? Já pensou alguma coisa parecida?

A questão é que networking é mais que uma transação: é um modo de agir baseado na abertura para a construção de relações interessadas – e interessantes.

Brené Brown, escritora, palestrante e pesquisadora de temas como vergonha e vulnerabilidade, diz que conexão é justamente essa energia que existe entre as pessoas quando elas se sentem vistas, ouvidas e valorizadas. E isso pode acontecer em qualquer lugar, não necessariamente em “eventos de networking”!

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Acione a curiosidade

Fazer networking pensando apenas no resultado final que você está buscando – mudar de emprego ou de carreira, por exemplo – realmente não vai funcionar. Em vez disso, acione a curiosidade sobre as pessoas e o mundo ao seu redor e veja o que pode surgir a partir daí.

Demonstre interesse pela pessoa que está na sua frente, ainda que virtualmente. Compartilhe alguma afinidade. Fale das coisas que chamam a sua atenção. Conte sobre a sua embatucação. Exponha a sua necessidade de orientação. Abra uma conversa, não uma requisição!

A partir de uma afinidade compartilhada, a conversa pode avançar com maior naturalidade, embora seja natural algum desconforto no começo. Você pode perguntar o que a pessoa com quem está falando ama no que faz. E o que ela acha que você poderia gostar de saber? Como essa pessoa entrou para a área que você tem interesse de explorar? No que ela está trabalhando agora? O que é importante para ela neste momento?

Networking genuíno

Alexandre Caldini, autor de Networking versus Nortworking (Primavera Editorial), um guia prático para boas conexões, lembra que networking vai além do toma-lá-dá-cá. Networking ético envolve também a troca imaterial de conhecimento, afeto, gentileza e apoio. Com todos. Não só com os “poderosos”.

Caldini foi meu chefe, é um profissional que admiro e uma das pessoas que mais me inspiram por sua atitude. Ele sempre me disse que networking não é uma tarefa: é um comportamento, um modo de vida.

Por isso, é tão importante ajustar o que você pensa sobre o eventual embaraço de sair da sua bolha para se relacionar com gente desconhecida e diferente. Não se trata de obter benefícios: é sobre criar conexões genuínas, ainda que durem um só momento.

Conheça pessoas. Celebre pessoas! Pergunte sobre elas. Conte sobre você. Faça com que elas se sintam bem nessa interação. E veja a sua visão sobre o que está embatucado se ampliar. Demonstrar curiosidade é mais importante do que se preocupar com falar a coisa certa, porque ela faz a ponte entre duas pessoas e suas experiências e referências de vida, não entre dois currículos e dois cargos. O que você pode fazer essa semana para se conectar com pessoas interessantes de uma maneira mais autêntica?

*Uso a palavra embatucar para explicar aquele momento na carreira e/ou na vida em que a gente paralisa, emperra, se sente incomodada, mas não sabe como agir e muitas vezes nem tem palavras para descrever o que está sentindo/querendo.


JU DE MARI (@prosa_coaching) é uma jornalista que virou coach para mulheres na PROSA Coaching. Pratica singelezas como forma de se relacionar com a vida de maneira mais criativa. Adora flores e fotografia, tem dois filhos e raízes no frevo pernambucano. Nesta coluna mensal, compartilha reflexões sobre transição de carreira e de estilo de vida para inspirar pequenas revoluções possíveis e práticas.

Leia todos os textos de Ju De Mari na Vida Simples.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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