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Mais essência, menos excesso
Natalia Figueredo | Unsplash
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Cansaço. Disposição. Peso. Leveza. Excesso. Essência. São palavras e sensações recorrentes.Estão nas falas, nas conversas, nos textos, nas matérias. Nos sentimentos. São palavras opostas, representam sensações extremas. E o equilíbrio está no centro.

Existem muitas teorias para encontrar o equilíbrio. Mas como colocar em prática? Eu estudo o comportamento humano por anos  e confesso: não existe a receita ideal.

Estamos vivendo com o desejo em uma ponta e a nossa vida prática em outra. Desejamos a disposição, a leveza, a essência e vivemos no cansaço, no peso, no excesso. Falo no plural porque comigo não é diferente. Eu vivo este dilema, que, infelizmente, define o nosso tempo contemporâneo.

Você pode estar pensando “nossa, mas ela não é especialista em desenvolvimento humano? Ela deveria ser expert nos assuntos para viver uma vida equilibrada”.

Sei lidar com essas sensações e, até, evitá-las. Contudo, sou humana, imperfeita, em processo de evolução e, às vezes, perco a mão, caio no automático. Sou seduzida pelo meu propósito e produzo em excesso, pagando caro.

Como? Com ansiedade e deixando de sentir. Porque para sentir é preciso tempo e presença.

Como resolver isso? Limpando o excesso, fazendo devagar e sendo coerente com o que desejamos e com o modo como vivemos. Colocando o nosso pensar, o nosso agir, o nosso sentir e a nossa ação na mesma direção.

Certamente não é fácil. É uma conquista individual. Mas me responda: está sendo fácil existir desta forma ansiosa e super lotada? Respondo por mim: não está.

Recentemente eu passei por uma fase puxada. Com uma imensa demanda de entregas e com uma sede de performance perfeita. No olho do furacão nem me lembrava do essencial: que eu não sou as minhas performances. Elas fazem parte da minha trajetória, mas não são os únicos ingredientes que definem o meu valor. Eu sou muito mais. No hoje acredita-se que somos o quanto e o quê fazemos. Caí nessa armadilha momentaneamente, depois passou. Já aconteceu isso com você?

Apesar de todos esses pesares, olho para trás e vejo que dei conta. Entreguei, mas não aproveitei o caminho. E de que vale fazer uma viagem sem aproveitar a paisagem? Fui contra a minha essência e crenças. Perdi tempo de qualidade com as pessoas que amo. Perdi silêncio. Perdi paz. Ou seja, paguei caro demais.

Dizem que mar calmo não faz bom marinheiro, não é? Mas o mar, no nosso contemporâneo, não está mesmo para peixe. Atendo não uma pessoa, mas muitas com síndrome de burnout, adoecidas por serem seduzidas pela idealização da perfeição e da produção a todo custo. Não vale a pena.

Após a tormenta consigo ver as conquistas e também as perdas. Não me arrependo, pois arrependimentos são para aqueles que não fazem. Mas aprendo e escolho recomeçar e fazer diferente quantas vezes for necessário.

Retomei o meu olhar para dentro e mais uma vez concluo que é preciso muita atenção para não perder a essência, e muita coragem para limpar o excesso.

O excesso de expectativa e de “tem que”, o vício de estar sempre ocupada esvazia a alma e o tempo. Não há equilíbrio nas pontas, nos extremos, como escrevi no primeiro parágrafo deste texto.

E onde está o equilíbrio? Digo para você: em boas fases e em uma vida no seu ritmo. E completo: não é pleno, vai e volta, como a onda do mar do bom marinheiro, como o desenho do ecocardiograma, que representa a vida, o pulsar do coração, sempre  em expansão e contração, em movimento.

Esta coluna será sobre isso: movimentos e descobertas em tom testemunhal. Escolhi compartilhar aqui mais a minha experiência e essência do que o excesso de informação, do “faça assim, faça assado”.

Espero que você goste, se inspire, se conecte: comigo e com você. Bem-vinda (o)!

Ana Raia trabalha há mais de 15 anos com desenvolvimento humano. Ministra cursos particulares e coletivos, palestras e workshops. É estudiosa das ciências humanas e é tão humana quanto você. Seu instagram é @anaraia. Escreve neste espaço mensalmente, na terceira terça-feira do mês.

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