Você pode confiar na sua intuição?

Imagine que você precisa ter uma conversa difícil com uma pessoa que você gosta muito. Assim que você olha para o rosto dessa pessoa, mesmo sem ela te falar uma palavra, sua intuição te fala: “não é um bom dia para abordar assuntos delicados”.

Você resolve ouvir sua voz interna, se contém, a pessoa começa a reclamar sobre outra coisa e você percebe que o tal do sexto sentido estava apurado! Já sentiu isso?

Intuição: ela realmente funciona?

Você consegue se lembrar das vezes que seguiu sua intuição e ficou feliz com isso?

Resolveu se afastar de uma pessoa, sem motivo aparente, e depois descobriu que foi a melhor escolha que você fez? Ou decidiu ficar em casa e cancelar um compromisso em um dia de muita chuva e depois descobriu que poderia ter ficado preso no trânsito fora de hora ou até em um alagamento…

E provavelmente você consegue se lembrar de vezes que sua intuição falhou.

Quando você disse não a um convite e depois descobriu que perdeu algo incrível, percebeu que a sua primeira impressão sobre uma pessoa estava errada, escolheu justo a fila no caixa do supermercado que mais demorou… por aí vai?

• Será que a antena da sua intuição às vezes perde e às vezes capta o wi-fi com uma força mística?
• Será que a intuição é algo sobrenatural e inexplicável?
• Será que é só questão de sorte e azar?

Pra começo de conversa, vamos entender o que é a tal da intuição.

O que é a intuição?

A palavra “intuição” significa olhar para dentro. Segundo o psicólogo israelense ganhador do prêmio Nobel Daniel Kahneman, “intuição é você pensar que sabe algo, sem saber porque você sabe”. Não é racional.

Eu já tive coragem de ouvir minha intuição muitas vezes. Quando uma voz interna me falou para fazer trabalho voluntário, eu me tornei embaixadora do Hai África. Depois dessa experiência transformadora, eu senti que teria um projeto pra chamar de meu. Poucos meses depois, criei o Midiamor.

O que era hobby, virou uma profissão e fiz uma transição de carreira para ensinar pessoas a terem mais equilíbrio emocional, propósito e relacionamentos saudáveis.

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Eu sei, são exemplos lindos de como a intuição me guiou. Mas não foi sempre assim.

De 2020 para 2021, eu não ouvi minha intuição e tive o pior relacionamento da minha vida. Sofri muito e me culpei por não ter ouvido essa voz interna.

E a minha intuição também já se enganou uma porção de vezes, especialmente para decidir caminhos e rotas… a minha noção espacial está longe de ser das melhores.

Eu sei que é tentador achar que a intuição é uma espécie de poder paranormal despertado em situações importantes. Mas nas últimas décadas, neurocientistas têm feito diversos estudos para entender os caminhos da intuição na nossa mente. E eu já te digo:

A intuição é a inteligência emocional em sua forma mais pura, que é a nossa capacidade de usar as emoções a nosso favor.

Conforme você adquire experiência em uma área específica, seu cérebro faz um banco de dados da sua vivência, baseado nas fortes emoções que ela te gerou. Situações parecidas provocam estímulos que acessam marcadores emocionais da memória, direcionando a ação de forma intuitiva. O objetivo do cérebro é poupar energia, sem precisar pensar.

Quanto mais experiente você for em uma área e quanto mais você aprender a perceber as sensações que a intuição te manda, mais a sua intuição estará apurada.

E quando a intuição falha?

Como a intuição calcula rapidamente os riscos de uma nova situação com base nas suas experiências, ela pode falhar.

Por exemplo, talvez você associe que fulano não é uma boa pessoa, porque ele tem um jeito de falar parecido com alguém que te magoou no passado – e intuitivamente você tem um preconceito errado.

Ou talvez você esteja com tanto medo de aceitar uma oportunidade desafiadora, que entende que este sentimento é um aviso para não se arriscar.

Então como saber quando ouvir ou não ouvir a sua intuição?

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Sintonize a sua intuição

Segundo pesquisas recentes, a qualidade da intuição de uma pessoa depende de quanto sua inteligência emocional (IE) está apurada. A boa notícia é que, com a prática da IE, podemos fortalecer nossa tomada de decisões intuitiva!

Quando o alarme da sua intuição apitar, analise a situação de uma perspectiva maior:

• O que uma experiência te faz sentir? Conecte-se ao seu corpo. A angústia e a paz são as maiores bússolas para a gente atender os nossos valores essenciais nas decisões que fazemos. Toda vez que ouvi as intuições que contei (e muitas outras!), eu senti paz ao atendê-la.
• Qual a intenção por trás da intuição? Isso te ajuda a investigar se você está tendo uma intuição para atender um valor interno ou se é seu ego tagarelando um desejo, com uma intenção não tão boa assim…
• Você tem experiência ou expertise nesse tipo de situação? Isso é fundamental. Quanto mais vivência você tiver, maior sua capacidade intuitiva naquele assunto.

Se a experiência naquela área for totalmente nova ou se você perceber padrões de julgamento ou o medo orientando suas decisões, então é melhor confiar no pensamento analítico. Senão, permita-se arriscar e testar.

Com o passar do tempo, você poderá achar mais fácil distinguir quando está recebendo um sinal preciso e genuíno. A sua intuição nunca será totalmente à prova de falhas, mas você pode conectá-la à razão e desenvolver sua inteligência emocional para fazer escolhas melhores e construir uma vida com mais significado!

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*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.