O que é essa tal felicidade?
Conhecer as dimensões da felicidade nos ajuda a identificá-la melhor no dia a dia. E nos dá poder de ação para criar um caminho que possa gerar mais felicidade. Tiro minha aliança, olho pelo lado de dentro e leio: “Amor de Alma 05-09-2015”. Quando meu marido, Marcelo, e eu, escolhemos nossas alianças, pedimos para […]
Conhecer as dimensões da felicidade nos ajuda a identificá-la melhor no dia a dia. E nos dá poder de ação para criar um caminho que possa gerar mais felicidade.
Tiro minha aliança, olho pelo lado de dentro e leio: “Amor de Alma 05-09-2015”. Quando meu marido, Marcelo, e eu, escolhemos nossas alianças, pedimos para gravarem esses dizeres. Isso simbolizava a nossa crença de que vivemos um encontro de almas. Um amor de alma. E, acreditando piamente nisso, eu ficava inconformada quando os conflitos surgiam. Eu pensava: “se o que temos é um amor de alma, não deveria ser tudo suave, sem problemas?”. E chegava a dizer isso ao meu marido, absolutamente incomodada com essa “incoerência”. Olhando mais para trás, percebi que sempre tive esse desejo de encontrar um caminho onde tudo fluísse sem grande esforço. Tanto no âmbito pessoal, quanto profissional. Porque, na minha ingenuidade, isso seria um indicativo de que estava no caminho certo. De que tinha feito a escolha correta. E, sendo assim, só poderia me sentir FELIZ. Certo? Errado!!!
Foi só, recentemente, me aprofundando no estudo do bem-estar e da ciência da felicidade, que consegui aceitar algo muito importante. O fato de que uma vida significativa, com escolhas conscientes e que fazem sentido, inclui o convívio com emoções desagradáveis. Na minha história, casar com Marcelo, pedir demissão, iniciar uma nova carreira, mudar de país e ser mãe, foram escolhas significativas. Mas, inevitavelmente, viver essas escolhas, implica, também, experimentar emoções indesejadas, que eu não gostaria de sentir.
“Ser feliz está, por vezes, em desacordo com uma vida significativa.”
Quando ouvi essa frase de Megan McDonough (CEO e co-fundadora do Wholebeing Institute), isso me acertou como um golpe. Porque significava que o caminho que eu tanto desejava encontrar, não era real. E, Megan explica o porquê:
“Uma vida significativa também tem uma qualidade de aspiração. Acima e além de ver o significado na vida cotidiana, o significado também é desafiar a si mesmo para avançar em direção a uma meta maior. E isso pode ser difícil!”.
Dimensões da felicidade
Dias depois, enquanto ainda digeria essa informação, contei para uma amiga como aquilo tinha mexido comigo. E ela, sem rodeios, me perguntou: “como você viveu 39 anos sem saber disso?”. A questão não é que eu não soubesse. Mas sim, que eu não conseguia aceitar e conviver bem com esse paradoxo. Que emoções agradáveis e significado, nem sempre andam juntos. Felizmente, a Certificação Internacional em Psicologia Positiva, me trouxe a capacidade de enxergar a felicidade de uma maneira bem mais ampla. Megan apresentou o conceito de felicidade, proposto pela Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo a OCDE, a felicidade é definida e medida, através de três aspectos interconectados:
- Felicidade é um sentimento, uma emoção agradável, prazerosa.
- Felicidade é a satisfação geral com a vida como um todo.
- Felicidade está relacionada com um senso de propósito, de significado. É a razão que está por trás de tudo o que fazemos. Essa é a maior perspectiva da felicidade. Ela nos motiva, nos anima e nos mantém engajados, mesmo nos momentos mais difíceis.
Na dimensão da felicidade como emoção, um ponto importante é reconhecer que a felicidade não tem uma sensação única. Ela pode estar presente em sentimentos diversos, como: o amor, a alegria, a gratidão, o contentamento, a euforia, etc. Nossos sentimentos são complexos. E quanto mais formos capazes de reconhecê-los e nomeá-los, maior será nossa capacidade de escolher ações construtivas, baseadas no que sentimos. Isso nos dá poder de ação! E, usando esse poder, somos capazes de influenciar positivamente nossas emoções. Por exemplo: quando estou em casa, há horas, sozinha, cuidando da minha filha, às vezes, sinto tédio, cansaço e apatia. Nesse momento, eu tenho capacidade de agir e mudar o que estou sentindo. Posso colocar uma música, acender uma vela perfumada, dançar, sair ou qualquer outra coisa que modifique o meu humor. Assim, consigo transformar tédio e apatia, em alegria, prazer ou contentamento.
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Aplicando na sua vida
Agora, vamos juntar essas três dimensões da felicidade. E usar, como guia, uma ferramenta do livro ‘Seja mais feliz’, do Dr. Tal Ben-Shahar (co-fundador do Wholebeing Institute). Reflita sobre as seguintes questões e faça uma lista para cada pergunta:
Sentido: O que me traz sentido e senso de propósito?
Emoção: O que me dá prazer? O que eu gosto de fazer?
Forças: Quais são as minhas forças? Em que eu sou bom?
Depois, procure identificar onde estão as sobreposições – o lugar onde o prazer, as forças e o significado se unem.
- O que você observou?
- Como você pode trazer essa sobreposição para o seu cotidiano?
- O que você poderia adicionar, modificar ou elevar, para alavancar essa sobreposição?
Lembre-se:
- Você tem a capacidade de impactar e influenciar o seu estado emocional, construindo mais emoções positivas.
- Você pode aumentar sua satisfação com a vida, fazendo mais uso das suas forças, seus talentos, seus pontos fortes.
- Existe significado na sua vida cotidiana, olhe com atenção para reconhecê-lo.
- Aceite o paradoxo de que uma vida significativa pode, também, gerar emoções indesejadas. E está tudo bem! Podemos aprender a cultivar um relacionamento positivo com essas emoções.
Quanto mais formos capazes de enxergar o todo da felicidade, maior será o nosso poder de criar caminhos, que possam gerar mais felicidade.
Luana Fonseca (@almapelomundo) é terapeuta, coach ontológica e autora do livro PODE SER MELHOR (Bambual Editora). Enxergar o todo da felicidade tem lhe ajudado a lidar melhor com os desafios, que fazem parte de uma vida significativa.
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