O poder do amor está nas suas mãos e no seu coração

O amor incondicional e a presença plena na criação dos nossos filhos é indiscutivelmente a solução para todos os desafios emocionais em qualquer idade, para suas aflições e dúvidas como mãe, pai ou cuidador. É o verdadeiro poder da natureza.

Não é difícil relembrar ou imaginar aquela noite em que exausta, após um dia longo de trabalho, tudo que você queria era um momento de paz. Porém, ao abrir a porta de casa, foi recebida com o choro inconsolável da sua criança. Um som que parece uma tempestade dentro do seu coração e trovejadas em seu cérebro.

Ou resgatar aquela cena, também amplamente reproduzida pela vida e pela arte, em que você percebe sua criação adolescente se isolando. Oo tendo uma crise de ansiedade, ou respondendo grosseiramente para algo que você disse.  Você sente aquela raiva crescendo em suas entranhas?

Às vezes, você pode sentir essa raiva, frustração ou mesmo ficar aflita. São todos sentimentos válidos e faz parte do processo.

Porém, até quando se permitir sentir qualquer coisa vai guiar as suas atitudes? Quando você decide respirar fundo e acolher seu filho em seus braços, oferecendo todo o seu amor e segurança, você sente um poder indescritível. O poder de um propósito na sua vida.

Você tem o poder de decidir

Você não decide quando e como sentir algo. Mas, você decide o que ser após sentir. No fundo, você sabe que ser pai ou mãe é ser o porto seguro em meio às tempestades emocionais dos seus filhos sob qualquer condição ou temperamento. Então, por que decidir não ser?

Todas nós precisamos de um lugar onde possamos “perder a cabeça” quando necessário. Um refúgio onde sejamos livres para mostrar nossas emoções mais cruas e verdadeiras, e ainda assim sermos aceitas e amadas. Seus filhos também.

Eles confiam a nós esse lugar para serem quem realmente são, especialmente nos momentos mais difíceis. Você aceita?

A importância desse lugar sagrado

Para nossos filhos, nós – mães, pais e tutores -, temos que ser o palco onde eles podem atuar sem medo. Um lugar do “aqui pode”: sagrado, sem críticas, sem ameaças.

Criar um vínculo seguro com eles, oferecer apoio e amor incondicional, e criar um ambiente onde erros são permitidos, são elementos cruciais na educação de pessoas.

Quando as crianças sabem que podem ser elas mesmas, mesmo em seus momentos mais desregulados, elas aprendem que são amadas incondicionalmente e se permitem sentir.

O que fazer e não fazer

Ser um lugar seguro não significa oferecer ou permitir comportamentos abusivos, ou violentos. Proteger a nós mesmas e ensinar limites saudáveis também faz parte do processo.

Quando entendemos que a explosão emocional de nossos filhos é um sinal de confiança em nosso amor incondicional, podemos abordar a situação com mais compaixão e paciência.

Pense no exemplo de um adolescente que, após uma discussão com amigos, volta para casa e desabafa com os pais, usando palavras ásperas e atitudes defensivas.

É um momento desafiador, mas também uma oportunidade para os pais reafirmarem seu amor e apoio. Ao oferecer um ouvido atento e uma resposta calma, os pais ajudam a transformar essa energia negativa em um momento de conexão e aprendizado.

A perspectiva budista

À luz do budismo, essa dinâmica familiar pode ser vista como uma prática de compaixão e compreensão. O budismo nos ensina a aceitar a impermanência e a natureza mutável das emoções humanas.

Assim, ao lidar com os momentos de raiva e frustração de nossos filhos, praticamos a paciência e a aceitação, reconhecendo que essas emoções são transitórias. Meditar sobre a impermanência pode nos ajudar a lembrar que as dificuldades emocionais são temporárias.

A prática da atenção plena, ou mindfulness, nos convida a estar presente no momento, acolhendo nossos filhos com um coração aberto e compreensivo, mesmo quando eles estão no auge de sua desregulação emocional.

O impacto do amor incondicional

Quando as crianças sabem que são amadas incondicionalmente, elas têm a liberdade de relaxar e crescer. Se elas estão constantemente preocupadas se suas necessidades serão atendidas ou se enfrentarão punições severas, permanecem em um estado de alerta e pânico.

Esse estado de estresse tóxico impede que elas se sintam seguras o suficiente para explorar e aprender. Vamos imaginar uma criança que volta da escola com uma nota baixa em uma prova.

Se ela teme a reação dos pais, pode mentir ou esconder a verdade. No entanto, em um ambiente onde sabe que será acolhida e ajudada a melhorar, essa criança se sente encorajada a ser honesta e a buscar apoio.

Crie esse lugar sagrado e seguro

Criar um lugar sagrado, de confiança inviolável e seguro em nossa família, é uma prática diária de amor. É entender que todas as pessoas, adultas e crianças, temos nossos momentos de fraqueza. E portanto, saber que esses momentos são oportunidades para fortalecer nossos vínculos.

Como pais, ao oferecer um espaço seguro para nossos filhos, estamos não apenas ajudando-os a crescer, mas também praticando a arte da compaixão e da paciência ensinada pelo budismo.

Lembre-se: em meio às tempestades emocionais da vida, ser um lugar seguro é uma das maiores expressões de amor que podemos oferecer.

É nos momentos de maior turbulência que mostramos a profundidade de nosso amor e o poder de nosso apoio incondicional. E, assim, guiamos nossos filhos para uma vida de confiança, segurança e crescimento contínuo.

Colocando o amor em prática

Quando seu filho desmoronar após um longo dia, lembre-se dessas estratégias:

• Respire. Não é sobre você.
• Esteja presente sem consertar. Ofereça sua atenção e presença sem pressa para julgar ou ensinar. Mostrar a sua filha(o) que você pode suportar sua angústia e amá-la(o) por meio dela é poderoso.
• Seja como um farol. A sua respiração, postura e olhar irão regular naturalmente o ambiente e sua filha(o) entrará na sua órbita. Com o tempo, ela(e) aprenderá a regular melhor suas próprias emoções.
• Estabeleça limites com amor. Valide as emoções da sua filha(o) enquanto mantém regras essenciais e imutáveis. Deixe de lado limites desnecessários que causam angústia. Escolha suas batalhas com sabedoria.
• Lembre-se de que isso também passará. Com o crescimento, as habilidades de autorregulação de sua filha(o) melhorarão. Seja paciente e compreensiva.
• Cuide de si mesma. Certifique-se de que está “inteira” para aparecer para seus filhos como deseja. Pratique autocuidado por meio de meditação, exercício físico, sono adequado, descanso e tempo com pessoas queridas.

Essas práticas ajudam a criar um ambiente seguro e amoroso para nossos filhos enfrentarem suas tempestades emocionais.

Você também pode gostar

Por fim, convido você a conhecer mais sobre o universo da parentalidade e desenvolvimento pessoal, seguindo minhas duas indicações:

Newsletter: escrevo todos os meses em Vida Simples, mas se você quer acompanhar conteúdos que não aparecem por aqui, eu mantenho uma curadoria do que escrevo em meu site Correnteza no Substack.

Para assistir: Assistir ao filme Divertida-Mente 2 me fez lembrar desse curta-metragem muito legal, Cérebro adolescente. O documentário busca ajudar pessoas adolescentes a se sentirem mais compreendidas por pessoas adultas. Também discorre sobre a singularidade dos cérebros adolescentes, capazes de desenvolver superpoderes.

Lembre-se, cada dia é uma oportunidade única de aprendizado e crescimento. Desejo a você dias de luz e amor.

Obrigada por estar aqui e até o mês que vem!

Mais sobre maternalidade com amor
– “Engole o choro”: o impacto dos atos punitivos nos traumas de infância
– Dicas práticas para apoiar os filhos em ano de vestibular
– Por que homens no cuidado dos filhos deve ser normalizado?

---

Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião da Vida Simples.