Longevidade: as boas e as más notícias sobre o resto da sua vida
Descubra como suas escolhas diárias, entre exercícios, conexões sociais e uma boa noite de sono, podem transformar a jornada do envelhecimento em uma experiência enriquecedora e cheia de propósito
O tempo é inevitável, mas o modo como vivemos cada instante depende de nós. A ciência mostra que não basta prolongar os anos – precisamos garantir que sejam bem vividos. Dela, chegam duas notícias gerais: uma boa e uma ruim.
A boa notícia geral é que estamos tendo mais longevidade. A má é que não estamos nos preparando adequadamente. Por isso muitas pessoas gastam boa parte dos seus últimos anos de vida com sérios problemas de saúde.
No último verão, decidi participar de uma corrida de 21 km. Era apenas por diversão, sem pretensões de competir. Porém, já na metade do percurso, o cansaço me lembrou que minha energia não era a mesma de 10 anos atrás, quando eu terminava uma prova dessas com extrema tranquilidade e dentro do tempo esperado.
Ao cruzar a linha de chegada, ofegante, a pergunta me surgiu: como quero me sentir aos 70, 80 anos? Afinal, não é apenas o tempo que define nossa longevidade, mas as escolhas diárias que fazemos. E a partir disso, comecei a aprofundar meus estudos buscando o que a ciência realmente tem a dizer sobre o assunto.
O que é longevidade de verdade?
Longevidade não é apenas sobre viver por mais anos (e essa é uma conquista que a ciência amplia a cada dia que passa), mas sobreviver com qualidade. Esse conceito evoluiu com a introdução do termo healthspan, que se refere ao período da vida em que mantemos boa saúde e funcionalidade física, cognitiva e emocional.
A ciência contemporânea nos alerta que prolongar a existência sem preservar a autonomia e o bem-estar pode resultar em anos de sofrimento e dependência.
Peter Attia, em seu livro Outlive, argumenta que não basta viver mais – o objetivo é viver melhor. Ele reforça ainda que precisamos estar ativos, saudáveis e com propósito até os últimos anos de vida.
Attia defende que é essencial um foco preventivo na saúde, investindo em bons hábitos desde cedo para evitar doenças crônicas e preservar a qualidade de vida no envelhecimento.
As três dimensões da longevidade
- Física: manter a funcionalidade do corpo através de exercícios e alimentação.
- Emocional: cultivar conexões significativas e gerir emoções.
- Mental: praticar a curiosidade e evitar o tédio com experiências enriquecedoras.
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As boas notícias: o que você pode fazer hoje
1. Movimento é o melhor “remédio”
A ciência confirma que exercícios regulares são fundamentais. Pesquisas mostram que até pequenas doses de atividade física podem reduzir drasticamente o risco de doenças cardiovasculares. Além disso, para o envelhecimento saudável, é essencial combinar treinos de força, resistência e flexibilidade, prevenindo fraquezas e quedas com o passar dos anos.
Sugestão prática: experimente a abordagem “Centenarian Olympics”, sugerida por Attia, planejando desde hoje o tipo de corpo que você quer ter para aproveitar o futuro. Seja brincando com netos, conseguindo carregar sacolas ou viajando pelo mundo.
2. Conexões sociais são essenciais
A boa notícia é que nunca é tarde para cultivar relacionamentos. O estudo de Harvard sobre desenvolvimento adulto revelou que relações próximas são um dos maiores preditores de longevidade e felicidade, ainda que iniciadas mais tarde na vida.
Dica prática: crie pequenas rotinas para fortalecer suas conexões. Um simples “como você está?” pode transformar um dia comum e fortalecer laços com amigos e familiares.
3. A ciência do sono
Se você subestima o sono, aqui vai uma má notícia: dormir mal afeta tanto a saúde quanto a má alimentação. Estudos mostram que noites mal dormidas estão associadas a maior risco de doenças como diabetes e Alzheimer.
Na prática: crie uma rotina de sono consistente e evite telas uma hora antes de dormir.
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As más notícias: o que pode atrapalhar sua longevidade
1. A ilusão do prazer constante
Buscar felicidade em prazeres momentâneos pode levar a uma armadilha psicológica conhecida como adaptação hedônica. Dessa forma, o que hoje traz alegria pode rapidamente perder o impacto se não cultivarmos propósito e significado em nossa rotina.
Reflexão pessoal: a busca incessante por satisfação imediata pode nos afastar de conquistas mais duradouras e gratificantes.
2. Envelhecer não é fácil, mas pode ser melhor
O corpo inevitavelmente muda, mas como você lida com essas mudanças faz toda a diferença. Uma visão negativa do envelhecimento pode afetar sua saúde mental e limitar seu potencial para aproveitar essa fase da vida.
Sugestão prática: encare o envelhecimento como uma nova fase de crescimento pessoal. Adote o conceito de aprendizado contínuo e mantenha-se curioso.
Encare a vida como um projeto
A longevidade não acontece por acaso; ela é um projeto intencional. Assim como em um projeto profissional, é necessário traçar metas e acompanhar seu progresso.
A ciência sugere que a prática da gratidão e a busca por experiências significativas ajudam a fortalecer tanto a mente quanto o corpo.
As boas e más notícias sobre o resto da sua vida são simples: você pode escolher como envelhecer.
Além disso, você tem o poder de enfrentar os desafios com resiliência e adotar práticas saudáveis, que são as melhores garantias de uma longevidade plena.
O importante é compreender que esse plano precisa começar agora, antes que seja tarde demais.
Então, o que você fará hoje para que a pessoa que você será aos 80 anos sinta orgulho das escolhas que você fez agora?
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