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E aí, qual a sua solução?
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Na última semana fiz parte de uma banca final de projeto de conclusão de curso. Designers criando soluções exponenciais, isto é, que criem alto impacto para o mundo. É muito poderoso quando um espaço de educação se propõe a incentivar que as pessoas, no lugar de estudantes, se proponham a resolver desafios reais, ao invés de criar enunciados para mero exercício de habilidades. Precisamos exercitar nossas competências onde elas fazem mais diferença, na própria vida.

Um dos grupos se propôs a criar uma solução que preservasse uma grande área verde, cercada por especulação imobiliária. Encontraram no design, uma ferramenta que pudesse trazer valor a todas as pessoas e organizações interessadas no espaço. Construíram pontes de significado e valor para cada um dos envolvidos. E o resultado foi um parque linear, que garanta à natureza seu espaço, aos moradores da região o contato com o que mais desejam – natureza e tranquilidade – e aos demais, criação de valor, de acordo com seus interesses. 

É bonito quando diante de um desafio, somos capazes de oferecer uma boa solução. Enquanto via a apresentação, pensava em como a criatividade é uma qualidade humana indispensável para a realidade que vivemos. Desafios de todas as ordens e grandezas nos atacam todos os dias. Pedem respostas e ação. Alguns mais simples e outros bem mais complexos. Coisas que podemos resolver com uma simples decisão ou outras que nos pedem muita capacidade de análise, reflexão e resiliência. Foi o caso do problema trazido por outro grupo.

Eles queriam responder à inadequação das sinalizações de banheiros e vestiários em espaços públicos, que reduzem as pessoas a um padrão de gênero, raça e forma corporal. Pictogramas, os desenhos sintéticos utilizados em placas de sinalização, por mais que desconheçamos essa realidade, reforçam exclusão. Imagine não se sentir confortável para entrar em um espaço que você não vai por escolha e sim para atender necessidades básicas. Não se reconhecer nas placas da entrada e não sentir uma pessoa aceita no seu interior.

O grupo buscou referencial teórico, entrevistou pessoas, desenvolveu possibilidades, experimentou na prática e fracassou. Não conseguiu uma resposta que, de fato, solucionasse o problema. Mas finalizou a apresentação de forma genial. Disseram à banca e à plateia virtual que acompanhava a apresentação: nós não chegamos a uma resposta, mas e você, qual a sua solução?

Naquele momento entendi, que eles haviam entendido o papel que tem como designers e como seres humanos. Não é de encontrar respostas. É de se incomodar com as respostas existentes que não nos atendem, e passar a buscar novas. Um compromisso com a tentativa. Uma postura corajosa de provocar o futuro no presente. O resultado da banca foi de alunos aprovados com louvor, porque o mundo precisa de mais profissionais assim. Aliás, o mundo precisa de pessoas com novas habilidades, mas também com novos e bons compromissos.


Tiago Belotte é fundador e curador de conhecimento no CoolHow – laboratório de educação corporativa que auxilia pessoas e negócios a se conectarem com as novas habilidades da Nova Economia. É também professor de pesquisa e análise de tendências na PUC Minas  e no Uni-BH. Seu Instagram é @tiago_belotte. Escreve nesta coluna semanalmente, aos sábados.

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