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A intuição é uma presença sutil, e o desafio é escutá-la
(Foto: Andy Chilton/Unsplash)
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Neste artigo:

Quando crianças, sabíamos, instintiva­mente, se uma pessoa era confiável, um lu­gar era seguro, ou se deveríamos mudar de direção sem qualquer justificativa lógica.

A infância, por sua pureza, está profundamen­te conectada com essa forma de saber que dispensa palavras.

Entretanto, num deter­minado momento de nossas vidas, somos “educados” a “pensar com a cabeça”. E assim, aos poucos, passamos a desconfiar dos nossos pressentimentos. Como se fosse um ato de fraqueza deixar-se guiar por algo invisível.

Além disso, o cotidiano tem nos tornado cada vez mais desatentos ao que se passa conosco, divididos entre as telinhas dos aparelhos celulares com suas imagens e apelos hipnotizantes.

O que a sociedade atual chama de conexão, pela via tecnoló­gica, é o que mais nos desconecta de nós mesmos.

Cada vez mais situações ligadas a déficit de atenção, burnout e distrações são tidas como naturais em um mundo supostamente superdesenvolvido.

Nossa bússola interna

A intuição é aquela presença sutil, uma espécie de murmúrio sereno que surge no instante em que mais precisamos, mas raramente reconhecemos.

Ela não exige provas, nem fundamentos racionais; a intuição ape­nas existe, como uma bússola interna que aponta para uma rota que nossa razão nem sempre compreende.

É uma das faculdades mais primitivas e, ao mesmo tempo, sofis­ticadas que o ser humano carrega dentro de si. No entanto, em um mundo saturado de tecnologia, informação e constantes ru­ídos, esquecemos de ouvi-la.

A verdade é que a intuição é a manifesta­ção de uma sabedoria ancestral, algo que carrega consigo as experiências de apren­dizados que a mente consciente não con­segue acessar.

Ela aparece nos momentos de incerteza, nas escolhas mais delicadas, nas curvas que a vida nos propõe.

Entregue-se para a intuição

Muitos ignoram essa voz. Acreditam que não são intuitivos, que essa habilidade é privilégio de poucos.

Na realidade, ela está presente em cada ser humano, pronta para ser ouvida. Basta o silêncio.

Mas, ao contrá­rio de uma máquina que se liga ao apertar de um botão, a intuição exige entrega. Quem confia nela se rende ao desconhecido, cami­nha sem mapas, mas não sem direção.

E assim os que se permitem escutá-la en­contram um caminho mais autêntico, guia­dos por algo maior do que eles mesmos. Porém a intuição não grita, ela sussurra.

E, nos dias de hoje, o maior desafio é silen­ciar o barulho ao redor para ouvi-la.

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Conteúdo publicado originalmente na edição 273 da Vida Simples

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