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5 coisas que ninguém me disse sobre ser minimalista
couple of things / arquivo pessoal
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A revolução pessoal para ser minimalista começou com um passo. O ano de 2015 foi de rupturas pra mim: deixei a carreira como produtora de TV pra virar artista independente; vendi tudo o que tinha pra bancar uma volta ao mundo; deixei a segurança de viver no meu lar, tendo amigos e família perto, pra morar cada hora numa casa, numa cidade diferente, em lugares onde não conhecia viva alma. 

Tudo isso porque eu e meu marido, o Leo, resolvemos tirar do papel o sonho de filmar a primeira série global de videoclipes: um projeto chamado “A Volta Ao Mundo em 80 Videoclipes”. 

Pra essa ideia (megalomaníaca, eu sei) acontecer, abrimos mão de tudo isso pra nos dedicar a uma viagem de um ano e meio por 22 países. (Neste nosso talk no TEDxSãoPaulo, contamos um pouco mais desta história).

Minimalista por acaso, não por escolha

Então, a verdade é essa: não escolhi ser minimalista após ter visto um filme, lido um livro ou escutado de amigos os impactos positivos que uma vida assim me traria. Inclusive, na época, pouco se falava sobre o assunto. 

O que aconteceu comigo foi simples assim: fui descobrindo na prática o que é ter menos, como é viver sem ter tudo o que se deseja ou se precisa, e o impacto que tamanha mudança tem, de verdade, na rotina, hábitos, costumes e personalidade.

Toda ação provoca reação

Oito anos se passaram desde que começamos a viver na estrada com um par de malas. Muita coisa mudou ao longo desse tempo, inclusive eu. 

E ao me questionar sobre os impactos que viver com menos tem na minha vida, cheguei a alguns pontos que me fizeram entender o que realmente importa. Spoiler: não são coisas.

Ninguém me disse que não era necessário ter tudo que eu preciso

Ter um número limitado de itens significa nunca ter exatamente tudo o que eu quero. Seja pra fazer exercício, pra cozinhar, pra me locomover ou mesmo pra trabalhar. 

E uma das primeiras coisas que entendi é que o cerne da questão não está na posse das coisas que eu preciso, e sim na sua usabilidade.

Por exemplo: a cozinha passou a ser um espaço de grandes experimentações. Se não tenho rolo pra abrir massa, uso garrafa de vinho. Se não tenho uma coisa, tudo bem, improviso com outra. Bora usar a cabeça pois, de alguma forma, dá pra se virar sem tem que comprar nada. 

No fim das contas, percebi que o que eu realmente quero não é ter um rolo e, sim, alcançar meu objetivo de fazer uma pizza – independente de ter as ferramentas ideais.

E foi justamente a ausência das coisas que me fez entender que o simples fato de não dispor de mil e um itens  – nem de poder comprá-los (não cabe na mala, né) – me faz uma pessoa muito mais criativa. E flexível. 


Para saber mais: leia o livro Mínimo Essencial: Como a redução do excesso nos torna mais criativos, eficientes e empáticos(Faria e Silva), escrito por Diana Boccara e Leo Longo.


Ninguém me disse que eu me tornaria mais sociável

Por essa eu definitivamente não esperava, mas veja como faz sentido: não carregar comigo muitas coisas significa que sempre vai ter algo que eu preciso, mas não tenho. 

E quando não consigo me resolver sozinha, sabe o que aprendi? Que tem sempre alguém disposto a ajudar. Ou a emprestar um rolo pra eu abrir a tal massa da pizza. 

Mas como ninguém tem bola de cristal pra adivinhar minhas necessidades, entendi que precisava tomar iniciativa de pedir ajuda. Me abrir. 

Foi assim que passei a enxergar as pessoas ao meu redor. E elas passaram a ser a chave mestra que me possibilita abrir as mais diversas portas, em qualquer lugar do mundo.

Conversar com gente que nunca vi na vida se tornou parte necessária da minha rotina. E isso me trouxe a consciência de que cada um carrega consigo muito a oferecer e a ensinar. 

Ao longo dos anos, aprendi demais com os desconhecidos que cruzaram meu caminho. E eles sim passaram a ser essenciais pra mim. Muito mais do que qualquer outra coisa.

Ninguém me disse que existe uma diferença entre querer e precisar

Um dia escreverei um texto só sobre o exato momento em que tive a epifania que mudou minha vida. Mas deixo aqui um gostinho.

Querer uma roupa nova é uma coisa. Precisar de uma roupa nova é outra, completamente diferente

Quando entendi que eu havia passado muito tempo confundindo o uso dos verbos, dizendo que eu precisava de algo sendo que, na verdade, eu apenas queria um look novo, passei a enxergar o consumo com novos olhos.

Desse momento em diante, eu nunca mais comprei nada sem antes me perguntar:

“Eu realmente PRECISO disso? Ou eu estou apenas QUERENDO algo, sendo que não preciso verdadeiramente? É necessidade ou apenas vontade?

Deixo você com este questionamento pra, talvez, ajudar a evitar um próximo momento de impulso consumista.

Ninguém me disse que ao ter menos coisas eu me sentiria mais segura

Cresci ouvindo que era necessário ter casa, carro, posses, bens… todas essas coisas que fazem parte da lista de um “adulto bem sucedido”, com estabilidade e segurança. 

E foi só ao escolher não ter nada disso que eu entendi que me sentir segura não está exclusivamente associado ao “ter” coisas pra chamar de minhas.

Inclusive, quando não estou carregando absolutamente nada comigo é quando me sinto mais protegida, despreocupada e tranquila. Um exemplo simples vem das minhas corridas matinais. 

Quando saia pra correr com celular em mãos, tinha medo que algo pudesse acontecer. Me sentia muito vulnerável, alerta e tensa. 

Pra evitar tais sentimentos, opto por sair só com a chave de casa em mãos. E isso traz uma leveza física e mental que jamais imaginei ser possível sentir. 

Ter menos coisas também significa que tenho menos a perder. 

Ninguém me disse que o tempo passaria de uma forma diferente

Ter o que considero essencial pra mim me apresentou uma vazio que eu não conhecia e que descobri ser transformador. 

Quanto menos coisas eu tenho, menos tempo eu gasto pra cuidar e manter minhas posses. E, como consequência, passei a ter tempo livre. Sim, tempo livre – aquela coisa que a gente tanto almeja, sonha, luta e trabalha desesperadamente pra ter. 

É quase inacreditável, eu sei, mas posso dizer que é um fato. Não acredita? Aqui vão uns exemplos:

Se tenho poucas peças de roupa, demoro menos tempo pra pendurá-las no varal ou pra escolher o figurino do dia. Se tenho menos objetos e móveis onde moro, demoro menos tempo pra limpar a casa. 

E ao deixar de perder tempo com o excesso, passei a ganhar a oportunidade de dedicar tempo pra mim. A me ouvir, me conhecer, me analisar… E encontrar a essência da pessoa que eu sou – que estava sufocada por camadas de coisas supérfluas que eu vinha acumulando ao longo dos anos.

Quanto mais eu compartilho, mais eu ganho

Ninguém me contou nada disso mas, ao perceber tantos benefícios, dividir com você os meus ganhos ao reduzir o excesso de coisas me pareceu mais do que justo. 

E quem sabe… Talvez meus aprendizados possam te inspirar a repensar uma coisa ou outra. Ou te levem a encontrar tesouros que estavam escondidos por debaixo das camadas de coisas acumuladas ao longo da sua vida.

Quem sabe, ne? Quem sabe…

P.S.: Se quiser seguir uma busca pessoal rumo à leveza que é viver com menos, vem ler nosso livro “Mínimo Essencial”. Vou amar saber que este texto te levou a ele e na direção do que é essencial pra você.


Diana Boccara compartilha mais sobre viver com menos em seu livro “Mínimo Essencial”. Há oito anos vive na estrada com seu par de malas, acompanhada pelo seu marido Leo Longo, com quem divide seus dias e o trabalho no duo  Couple of Things.  Filmmaker e minimalista, vive pelo mundo filmando séries como “What If Collab” (disponível no Amazon Prime Video),  ABITAH  e  “A Volta Ao Mundo em 80 Videoclipes” (ambas disponíveis na Globoplay). Suas histórias já foram contadas nos palcos do TEDx e SXSW. No instagram, o casal divide um pouco mais dos bastidores de uma vida itinerante. E aqui na Vida Simples, eles compartilham aprendizados que uma vida com menos excesso lhes trouxe. 


Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.


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