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    Como ressignificar a vida com a chegada da aposentadoria
    (Foto: Vlad Sargu/Unsplash)
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    Em uma sociedade que valoriza o trabalho e as carreiras, é difícil reconhecer a importância de outras áreas da vida que não sejam a profissional. Nesse contexto, a carreira de cada um molda a forma com que nos enxergamos socialmente. E por, inclusive, tornar-se a principal característica da identidade das pessoas – especialmente das que vivem nos grandes centros urbanos do planeta.

    “Muitas vezes o trabalho é a única forma de validação na nossa sociedade”, diz Maria Eugenia Glustak, psicóloga na clínica Holiste Psiquiatria. Segundo ela, “existe uma relação da nossa identidade com a nossa profissão. As outras coisas da vida costumam ficar em segundo e terceiro plano”. Essa forma de organizar a sociedade, em torno do trabalho e da necessidade das pessoas de se sentirem úteis, pode transformar a chegada da aposentadoria em um momento de crise de identidade.

    Beatriz Cajaíba, que também é psicóloga na Holiste, comenta sobre como o fim de uma carreira profissional impacta a percepção que temos sobre nós mesmos. “Na sociedade capitalista, o trabalho aparece como um aspecto central da posição de um indivíduo diante dos outros. Então, apesar da aposentadoria ser um benefício, um momento em que se obtém o retorno dos anos de trabalho, o rompimento da produtividade pode gerar essa falta de identidade e de propósito”, diz a especialista.

    O privilégio de desfrutar a aposentadoria

    Culturalmente, a aposentadoria acaba sendo associada à inatividade. Mas ela vem como a chegada de um tempo livre que pode ser fundamental para a saúde e bem-estar das pessoas que passaram grande parte da vida trabalhando.

    Ana Martins, psicóloga da saúde e mestre em gerontologia pela USP, diz que é preciso encontrar felicidade em outras áreas da vida, e não só a profissional. Essa felicidade merece ser cultivada antes da aposentadoria, ao longo da carreira.

    “Ter tempo livre para relaxar, aproveitar a família, fazer alguma atividade física são pontos positivos fundamentais para uma aposentadoria satisfatória. É uma oportunidade para desvincular da ideia de que só se obtém satisfação por meio das atividades laborais”.

    Para que nossas vidas não sejam apenas as nossas carreiras, é importante se abrir para aprender novas habilidades, e conseguir se adaptar às adversidades que podem surgir.

    E assim, a aposentadoria chega com muito mais fluidez, sem a necessidade de romper com as rotinas não-relacionadas com o trabalho que já estavam sendo alimentadas. E mesmo estabelecendo essas rotinas fora do trabalho, teremos muito mais tempo livre quando a tão sonhada fase da aposentadoria chegar.

    Entretanto, apesar da sensação de infinitas possibilidades, a predisposição de usufruir de maior tempo livre depende das condições financeiras de cada pessoa aposentada. “A baixa remuneração de algumas aposentadorias pode impactar negativamente essa fase. Mesmo depois de se aposentar, muitas pessoas aposentadas são forçadas a retornar ao mercado de trabalho para conseguir pagar as contas ou para complementar a renda familiar”, diz Ana Martins.

    Um momento para retomar antigos sonhos

    Para quem ainda pode usufruir da aposentadoria sem se preocupar com as contas, Cristina Cristovão, doutora e especialista em Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), comenta sobre a importância de retomar antigos sonhos, e encontrar novas metas de vida, que façam bem para o corpo e para a mente.

    “Por exemplo, se a pessoa nunca fez exercício físico, por que não começar? Nunca é tarde demais, e quanto antes melhor. Se a pessoa não começou aos 50, começa aos 60, se não começou aos 60, começa aos 70. Ainda tem benefícios”, declara Cristina.

    Além do corpo, é importante cuidar do cognitivo. Exercitar e desafiar o cérebro. “Também é momento de pensar nas questões sociais: como estão os relacionamentos? Não dependa só da família, mas aposte em grupos e na comunidade. Pense no que gosta e escolha fazer o que dá mais prazer”, complementa a doutora.

    Priorizar o trabalho nos afasta do bem-estar

    Além da eventual perda da identidade, a busca pela produtividade no mercado de trabalho pode acarretar outros problemas. De acordo com Beatriz, a ultravalorização da carreira profissional afeta diretamente a saúde mental. Isso porque essa busca constante pelo crescimento profissional está associada a padrões de desempenho e à competição.

    “Isso gera efeitos a longo prazo, como por exemplo o estresse crônico, a ansiedade, a depressão e o esgotamento, podendo levar à síndrome de burnout. E isso tudo gera um impacto na qualidade de vida”, exemplifica Beatriz.

    Com a priorização da rotina de trabalho, também podemos deixar de investir em áreas essenciais para o bem-estar, como fortalecimento de vínculos, momentos de descanso, de exercícios corporais e atividades prazerosas para além do emprego. “Além dos efeitos na vida psíquica, há um impacto inclusive na saúde, que decorre dessa busca incessante pela produtividade”, complementa a psicóloga.

    Fazendo as pazes com o ócio da aposentadoria

    É importante ter coragem de encarar o tempo livre na vida após a chegada da aposentadoria. “Antes da aposentadoria, o descansar pode ser visto como privilégio para alguns, e torna-se algo idealizado, possível somente aos finais de semana ou nas tão almejadas férias”, comenta Raissa Tolisani, psicóloga de adultos e idosos.

    Mas as pausas para o descanso, segundo a especialista, são extremamente necessárias para recarregar as energias, sejam elas mentais ou físicas. “Quando o descanso não ocorre, a chance de desencadeamento de sintomas emocionais, e consequentemente físicos, são elevadíssimas”.

    Visto isso, é essencial saber parar e aproveitar o ócio que a aposentadoria pode oferecer. “Numa sociedade extremamente voltada para o lucro, o esgotamento parece ser sinônimo de êxito, enquanto o ócio é condenado. Apesar dessa concepção contemporânea, neoliberal, o conceito do ócio em suas raízes da filosofia está intrinsecamente ligado à satisfação, à realização, à felicidade, e ao bem-estar”, aponta Beatriz Cajaíba.

    Durante a aposentadoria, o ócio pode ser um período para se refletir sobre a vida, sobre as prioridades. “Nessa época da vida, aprender a descansar é muito importante para lidar também com a sensação de que a pessoa não é mais útil como era antes no ambiente de trabalho, e não precisa ser. É preciso compreender que não precisa estar sempre ocupado para ter um valor, para se constituir como uma pessoa”, indica a psicóloga.

    Então, encarar o ócio como algo positivo e necessário é um grande passo para se cultivar uma vida mais equilibrada, já que o descanso não é o oposto da produtividade, mas sim um momento necessário.

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