A transformação do planeta começa pelo indivíduo
Atravessei o oceano por 15 horas para ter a certeza de que a principal inovação para ajudar o planeta precisa ser a da consciência e do mindset individual.
Fui convidada a visitar a Expo Dubai, o maior evento já visto no Oriente Médio, que reúne as principais inovações em tecnologia, indústria e mindset do planeta que indicarão como será o nosso futuro.
O tema deste ano era “Conectando Mentes, Criando o Futuro”, apresentado por meio de mais de 200 pavilhões e a presença de 191 países, que abordaram os temas: sustentabilidade, mobilidade e oportunidade.
Os principais pontos que presenciei lá, foram:
- O metaverso, aplicado pela primeira vez num evento, fazendo junção entre ambiente presencial e digital
As pessoas presentes na Expo fisicamente podiam acessar experiências de realidade aumentada e conteúdo exclusivo, assim como interagir em tempo real com pessoas que estavam conectadas via aplicativo Expo Dubai Explorer.
- Outra inovação apresentada, mas que já se falava há um bom tempo, a comida impressa em 3D
O primeiro corte de carne feito em uma impressora 3D teve uma repercussão enorme, mostrou uma inovação em algo que para as pessoas parece impossível de inovar.
- Na Expo Dubai as inovações em mobilidade foram um dos grandes destaques
Os visitantes podiam andar em veículos autônomos, aprender sobre os programas de exploração espacial e observar as últimas novidades em tecnologia de mobilidade em ação.
- Os robôs também chamaram a atenção dos visitantes
Havia 152 máquinas inteligentes circulando pelo evento interagindo com os participantes, fornecendo informações, monitorando o uso de máscaras, entregando comidas e mapas do local por meio do uso de inteligência artificial.
Legados e paradoxos
Depois da Expo Dubai encerrada, a maioria dos prédios construídos continuarão em funcionamento, transformando em uma cidade inteligente chamada de Distrito 2020, que hospedará um ecossistema de inovação global, focado em inovação, tecnologia, ciência e sustentabilidade para criar uma comunidade onde as pessoas poderão viver e trabalhar. Será um modelo de cidade do futuro com base nos princípios da economia circular para oferecer alta qualidade de vida e atrair novos talentos e negócios, segundo os criadores.
A sustentabilidade, um dos três pilares da Expo Dubai, trouxe diversas inovações sustentáveis nos pavilhões do evento. O espaço da Espanha trouxe gigantescos cones para favorecer a circulação do ar, dissipando o calor e reduzindo o gasto com refrigeração.
O pavilhão do Brasil, na minha opinião, deixou muito a desejar, trazendo um pequeno lago em meio ao deserto, algumas poucas fotos de animais silvestres e selvagens de nossa fauna, ameaçada de extinção pela pecuária ostensiva destruidora de nossas florestas, mares e ares. Na saída do pavilhão, a marca da empresa patrocinadora: a maior causadora da destruição do meio-ambiente do nosso país. Falta de coerência e cara-de-pau que fala?
Havia também o Pavilhão da Mulher patrocinado por uma conhecida marca mundial de joias. Uma proposta de falar sobre os direitos da mulher num país onde a cultura machista impera e mulheres andam cobertas por burcas atrás de seus maridos.
Resumindo minha experiência no maior evento do mundo: vi muitas soluções para consertar os estragos causados pelo ser humano, mas não vi nenhuma ação para evitar os estragos.
A solução coletiva começa no indivíduo
Apesar de ter achado algumas opções veganas à base de plantas como brownie, sorvetes e cookies na feira, não vi nenhuma proposta para pessoas mudarem seus hábitos de consumo.
Consertar os estragos que continuam sendo causados numa velocidade violenta é apagar fogo soprando para que ele cresça ainda mais. É continuar tomando remédio para minimizar os estragos causados pelos venenos ingeridos.
Atravessei o oceano por 15 horas para ter a certeza de que a inovação maior precisa ser a da consciência. A mudança maior precisa ser a do mindset individual.
Não queira ver uma solução coletiva se a sua atitude individual não muda.
Tem que parar de consumir animais, sim. Tem que reduzir drasticamente o consumo de plástico, sim. Tem que reaprender a viver? SIM. Porque não vivemos mais na época de nossos bisavós.
A ONU declarou, em abril, que o mundo tem apenas 3 anos para impedir uma catástrofe climática. Viramos uma bomba relógio.
A mudança precisa começar agora, onde você estiver, não do outro lado do oceano. Comece reduzindo o consumo de animais e derivados e trazendo para si a responsabilidade do que consome.
Leia todos os textos da coluna de Alana Rox em Vida Simples.
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