Em momentos de crise entre pais e filhos, use a criatividade
Educar filhos numa rotina de trabalho cansativa nos coloca à prova em momentos de crise. Mas a impaciência pode dar lugar ao aprendizado mútuo, repleto de criatividade
Era mais um dia daqueles em que eu, pai, cheguei às duas ou três da manhã de uma viagem e às oito já estava de pé. Levar meus filhos para a escola, treino já pensando no jogo 48 horas depois. Um roteiro típico durante a minha temporada nos campos de futebol.
Por volta das 17h30, consegui parar para descansar um pouco. Estiquei as pernas no sofá, coloquei algo na televisão e pronto. Pronto!? Ser pai, mãe, educador, cuidador exige trabalho em tempo integral.
Meus filhos estavam se estranhando, posso dizer assim, ̶ quem tem filhos com 9 e 6 anos vai me entender ̶ e começaram uma pequena discussão, até chegarem em uma crise de gritos e choros. Uma crise que não se resolveu enquanto eu não introduzi a criatividade.
Quase sempre sigo uma linha calma, de falar baixo e recorrer ao diálogo como maneira de resolver os conflitos, mas, como estou num processo contínuo de amadurecimento, nessa hora tinha perdido um pouco o controle.
Então, falei por impulso: “Os dois sentados na escada agora sem falar nenhuma palavra!” Eles me olharam assustados e lá se foram sem nem pensar. Enquanto estavam ali sentados ̶ foram só cinco minutos ̶ , iniciaram um debate entre eles quase cochichando: “O papai tá mesmo bravo?”
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Em caso de crise, acione a criatividade
Iniciei uma batalha de pensamentos, pois queria encontrar um jeito de solucionar a situação passando algum aprendizado para eles, mas sem anular minha autoridade de pai e, ao mesmo tempo, criando conexão. Então, anunciei: “Estão os dois de castigo!”
Eles me olharam outra vez com os olhos arregalados. Acrescentei: “Vão ao quarto de vocês, peguem cada um uma folha em branco, lápis e canetas, e vamos desenhar!”
Tenho certeza de que meus filhos pensaram: “Meu pai é maluco! Que castigo é esse!?” Ainda em silêncio, começaram os desenhos. O tema: algo que eles consideravam importante.
No papel surgiram papai, mamãe, eles juntos e corações, além de um campo de futebol, algum Bob Esponja ou Pokémon.
Ali pude falar sobre como o respeito entre eles faria com que seguissem juntos ao longo da vida, e que, por mais que discordassem, a conversa seria a melhor maneira de solucionar os impasses. Não as brigas.
Entendo que cada momento de crise é uma oportunidade de aprendizado. Para nós e para nossos filhos. Muitas vezes, estamos cansados, com pouca paciência, por causa da nossa “vida de adulto”.
Não é fácil não agir por impulso, não se culpar em seguida, não refletir. Entretanto, podemos seguir crescendo, aprendendo e ensinando. E assim ajudar nossos filhos a evoluírem como pessoas.
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