A intuição é uma presença sutil, e o desafio é escutá-la
A intuição é uma bússola interna a apontar caminhos nos momentos em que nos deparamos com o desconhecido
Quando crianças, sabíamos, instintivamente, se uma pessoa era confiável, um lugar era seguro, ou se deveríamos mudar de direção sem qualquer justificativa lógica.
A infância, por sua pureza, está profundamente conectada com essa forma de saber que dispensa palavras.
Entretanto, num determinado momento de nossas vidas, somos “educados” a “pensar com a cabeça”. E assim, aos poucos, passamos a desconfiar dos nossos pressentimentos. Como se fosse um ato de fraqueza deixar-se guiar por algo invisível.
Além disso, o cotidiano tem nos tornado cada vez mais desatentos ao que se passa conosco, divididos entre as telinhas dos aparelhos celulares com suas imagens e apelos hipnotizantes.
O que a sociedade atual chama de conexão, pela via tecnológica, é o que mais nos desconecta de nós mesmos.
Cada vez mais situações ligadas a déficit de atenção, burnout e distrações são tidas como naturais em um mundo supostamente superdesenvolvido.
Nossa bússola interna
A intuição é aquela presença sutil, uma espécie de murmúrio sereno que surge no instante em que mais precisamos, mas raramente reconhecemos.
Ela não exige provas, nem fundamentos racionais; a intuição apenas existe, como uma bússola interna que aponta para uma rota que nossa razão nem sempre compreende.
É uma das faculdades mais primitivas e, ao mesmo tempo, sofisticadas que o ser humano carrega dentro de si. No entanto, em um mundo saturado de tecnologia, informação e constantes ruídos, esquecemos de ouvi-la.
A verdade é que a intuição é a manifestação de uma sabedoria ancestral, algo que carrega consigo as experiências de aprendizados que a mente consciente não consegue acessar.
Ela aparece nos momentos de incerteza, nas escolhas mais delicadas, nas curvas que a vida nos propõe.
Entregue-se para a intuição
Muitos ignoram essa voz. Acreditam que não são intuitivos, que essa habilidade é privilégio de poucos.
Na realidade, ela está presente em cada ser humano, pronta para ser ouvida. Basta o silêncio.
Mas, ao contrário de uma máquina que se liga ao apertar de um botão, a intuição exige entrega. Quem confia nela se rende ao desconhecido, caminha sem mapas, mas não sem direção.
E assim os que se permitem escutá-la encontram um caminho mais autêntico, guiados por algo maior do que eles mesmos. Porém a intuição não grita, ela sussurra.
E, nos dias de hoje, o maior desafio é silenciar o barulho ao redor para ouvi-la.
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Conteúdo publicado originalmente na edição 273 da Vida Simples
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