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No Dia das Crianças, vale trocar os presentes por presença
Crianças merecem brincar conectadas com a vida natural do planeta (Foto: Shimo Yann/Unsplash)
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Outubro traz datas significativas, como o Outubro Rosa – campanha de prevenção ao câncer de mama – e o Dia dos Professores, homenagem àqueles que educam e transfor­mam nosso país. No entanto, quero destacar o Dia das Crianças, comemoração que carre­ga compromissos profundos com o futuro.

Numa época em que muitos estão mais focados em padrões de vida do que em con­vivência e relacionamento, é essencial re­fletir sobre o que realmente importa para as próximas gerações, sobretudo em face de tantos casos de crianças e adolescen­tes tirando a própria vida.

O que estamos fazendo pelos filhos que nos foram con­fiados? Que cuidado estamos oferecendo a eles? Que tipo de imunizante emocional temos dispendido para que se sintam tão amados que a dor do outro não os destrua?

Este texto não é uma cobrança, mas um alerta. Faço essa ressalva porque um dos momentos mais marcantes da minha tra­jetória como palestrante ocorreu quando encontrei uma mãe enlutada pela perda de um filho que tirou a própria vida.

Ela me pediu ajuda para lidar com a dor, e eu, além de consolá-la, precisei lembrá-la de que ela ainda tinha outros dois filhos. Ela precisa­va, por eles, mudar a forma de educá-los para que seus destinos fossem diferentes.

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Que legado deixaremos pras crianças?

Na Educa, a empresa de educação socio­emocional que criei com Jaime Ribeiro, temos observado crianças cada vez mais solitárias fisicamente e excessivamente co­nectadas ao mundo digital. Fisgadas pelos “conteúdos”. A grande pergunta que surge é: quem está presente na vida delas?

A arquitetura cerebral saudável é cons­truída por relacionamentos estáveis com adultos atenciosos. Quando as crianças não são cuidadas e observadas adequa­damente, o desenvolvimento do cérebro pode ser prejudicado, fragilizando a saúde física, mental e emocional.

A ausência per­sistente de interação real pode levá-las a substituir essa lacuna por interações virtu­ais pobres e perigosas, que provocam uma comparação excessiva, gerando um devas­tador sentimento de inferioridade.

Hoje é mais perigoso um filho tranca­do no quarto, sem supervisão, do que na rua. Os riscos são muito maiores, mas fre­quentemente ignorados em nome de uma suposta privacidade.

No fim das contas, o que chamamos de privacidade é visto pe­los criminosos digitais como uma oportu­nidade. Vamos refletir sobre o legado que deixaremos para os nossos filhos?

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Conteúdo publicado originalmente na edição 272 da revista Vida Simples

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