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Já pensou em andar de patins? Saiba tudo sobre esse esporte
(Foto: Luke Southern/Unsplash)
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Thayná Santana, de 24 anos, é estudante de jornalismo e praticante fiel da patinação. A sua história com esse hobby começou faz tempo, ainda criança, quando já patinava em cima das quatro rodinhas. Ao crescer, afastou-se temporariamente do esporte, mas há dois anos conseguiu retomar o hábito da infância.

“Retomar a patinação era um sonho que eu já tinha em mente. Mas o que me motivou mesmo a praticar foi a minha saúde mental. Os patins me ajudam muito a tranquilizar meus pensamentos, a me abstrair. É como se fosse realmente uma válvula de escape”, relata a estudante.

Quando retomou o esporte, começou a patinar com mais frequência do que atualmente. Hoje, por conta da rotina corrida do trabalho e da faculdade, a jovem conta que nem sempre tem tempo, mas faz questão de incluir a patinação no seu dia a dia.

Patinar faz bem para a mente

Thayná andando de patins Apesar de ter ficado um período da adolescência longe dos patins, Thayná não larga mão do esporte, que pode ser individual e coletivo (Foto: arquivo pessoal)

Para Thayná, a patinação também promove a autoestima. “Acho que esso é um momento de autocuidado, em que eu estou aqui para mim, e assim posso me sentir melhor. “E patinar traz muita confiança, porque não é esporte fácil, né?”, diz.

Além dos benefícios para a saúde mental, o esporte é, muitas vezes, praticado em grupo, promovendo a tão necessária socialização e reforçando ainda mais o bom estado emocional de quem pratica. “É uma alegria conhecer outras pessoas que também amam esse esporte, e estar em contato com elas”, complementa a estudante.

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Benefícios dos patins para o corpo

A prática da patinação também promove benefícios para diversas partes do nosso corpo. Luara Carvalho, profissional de educação física, fisioterapeuta e treinadora de patinação, cita alguns.

“A patinação exige manter o corpo reto e alinhado para se equilibrar sobre as rodas. E essa necessidade constante de estabilidade ativa os músculos do “core”, que é o abdômen e a lombar, essenciais para uma boa postura”, explica a fisioterapeuta. Como consequência, esses músculos se fortalecem, o que se traduz em uma postura mais ereta e confiante, mesmo fora de patinar.

A coordenação motora também é fortemente trabalhada na patinação. “A patinação tem uma série de movimentos complexos, que requer bastante atenção. Para evitar as quedas, o nosso cérebro precisa processar essas informações visuais e espaciais muito rápido, enviando sinais precisos para os nossos músculos. Essa constante comunicação entre o cérebro e o corpo aprimora a nossa coordenação motora de uma forma geral”, aponta Luara.

Outros três benefícios dos patins para o corpo, segundo a especialista, são o fortalecimento muscular e ósseo – especialmente dos músculos e ossos inferiores, ou seja, quadril e pernas –, uma melhora do sistema cardiovascular, porque é um exercício aeróbico, e por último o aumento da resistência física.

Ao ar livre, os patins nos levam a novos ares

Outro benefício dos patins que colabora para o bem-estar é o fato da prática ser realizada, na maioria das vezes, em lugares abertos. “A patinação é um exercício que tem alguns benefícios adicionais à saúde. Se você está patinando ao ar livre, vai se expor ao sol e isso vai te trazer a vitamina D, essencial para a saúde dos nossos ossos e do nosso sistema imunológico”, explica Luara.

Estar ao ar livre, interagindo com outros elementos da natureza, explorando novos lugares e conhecendo pessoas, pode ser uma experiência prazerosa. “Quem patina conhece a sensação de que é gostoso. O deslizar sobre as rodas, o vento no rosto e a liberdade que só quem pratica sabe como é e sente isso”, diz a treinadora.

Segundo o fisioterapeuta Rodrigo Kalinka, do Centro Médico Pastore (RJ), vários estudos mostram que atividades ao ar livre podem assegurar um acesso igualitário a todos os indivíduos, auxiliando o encontro e a interação de pessoas, independentemente da classe social. “Isso apresenta efeitos positivos como diminuição da psicose, diminuição de estresse, depressão e melhoria no humor, autoestima e disposição”, aponta o especialista.

A história de luta dos patins

Na internet, diversos perfis viralizaram ao mostrar, de perto, a prática da patinação. Mas o esporte teve uma longa trajetória antes de alcançar a atual fama. Isso porque os patins tiveram um papel fundamental na luta dos direitos civis, especialmente os relacionados à equidade racial, em centros urbanos dos Estados Unidos.

“Existe essa ligação muito forte da patinação com a dança e com a cultura preta dos Estados Unidos. Não posso deixar de citar que o patins tem a influência da cultura preta, principalmente o Quad, patins de quatro rodas, que tem características do hip hop nos seus movimentos”, cita Thayná, que além de andar de patins, também é uma estudiosa da história do esporte.

Esse movimento de luta por inclusão e equidade racial no esporte começou em quadras de roller dance, espaços privativos de dança com patins, que fizeram sucesso em diferentes cidades norte-americanas na década de 1980. Na época, a segregação racial dividia esses espaços em dias para pessoas brancas, e dias para pessoas “de cor”.

Um episódio que ilustra a ligação do esporte com o movimento negro aconteceu em 1963, quando Ledger Smith, ativista na luta contra a segregação norte-amerciana, patinou de Chicago a Washington, D.C.. Ele percorreu mais de 1100 quilômetros em cima das rodinhas para assistir ao famoso discurso de Martin Luther King Jr sobre os sonhos. Por conta disso, Ledger ficou conhecido como “roller man”.

Hoje em dia, o Tik Tok e outras redes sociais ajudam a trazer visibilidade para esse esporte que, apesar de nichado, tem uma história de resistência.

O que fazer para começar a patinar

Antes de começar a praticar uma atividade física, é preciso fazer um check-up com especialistas. “É interessante consultar o profissional da fisioterapia e cardiologia, e realizar exames médicos para evitar riscos”, diz Rodrigo Kalinka.

Depois disso, não tem segredo: é só calçar os patins e se arriscar no esporte.

“Só comece, e a gente vai descobrindo, vai buscando as coisas ao longo do caminho. Isso é o mais importante: começar”, reflete Thayná.

A patinadora, que compartilha vídeos praticando o esporte, conta que começou a postar sua trajetória na patinação para acompanhar a sua evolução. “Todo mundo tem um começo, e no começo não é fácil. As pessoas se perguntam: ‘nossa, como assim ela patina tão bem?’, mas eu também tive um começo, sabia só os passos básicos, sabia andar para frente, mas não sabia andar para trás”, recorda a jovem.

Para se aprofundar na patinação, ela também entende que não podemos ter uma visão fechada sobre o mundo desse esporte, que vai muito além das competições em categorias da patinação artística.

“Os patins são um esporte para diversas idades, então é preciso desmistificar essa questão do etarismo. Não é uma coisa só de crianças ou adolescentes. Todos podem praticar, e muitas pessoas começam a andar de patins na vida adulta”, diz a jovem. Ela também participa de um grupo de patinação em Bauru (SP), onde patina com pessoas de diferentes faixas etárias.

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