Vida real: a importância de acolher o lado B da vida
Explore o poder do "Lado B": abrace suas falhas e transcenda a perfeição das redes sociais para uma vida mais autêntica.
Peço perdão aos millenialls, geração Z e a quem desconhece os discos de vinil que encantaram (e seguem encantando) o mundo. Nossa prosa de hoje parece pertencer exclusivamente ao século passado, mas é bastante atual. Pela ordem natural, no Lado A estavam as músicas mais bacanas, aquelas que tocavam nas paradas de sucesso, as incríveis. Por vezes, o Lado B, ficava ali, disposto a ser ouvido apenas por quem apreciava realmente a banda ou cantor.
Na rede mundial de computadores e telefones conectados, o Lado B da vida é um assunto quase proibido. Basta dar uma zapeada pelos feeds para confirmar essa percepção; a galera adora o belo, o perfeito, o incrível. Lado A bombando sempre. Disputa injusta até! Chuva de likes!
A vida real é imperfeita
Em perfis de quem diariamente influencia milhares de pessoas, cama e quarto amanhecem impecavelmente arrumados, roupas sujas misteriosamente retornam limpas ao armário, a geladeira se abastece num piscar de olhos. Talvez suas cozinhas possuam um botão autolimpante que, quando acionado, faz a mágica acontecer. Nada de panelas engorduradas, louça na pia e lixo. Além disso, os filhos não têm febre durante a madrugada, o combustível do carro jamais acaba no meio da viagem pelo roteiro paradisíaco, o gato não faz suas necessidades biológicas fora da caixa de areia. Sob aplausos quase unânimes, problemas e perrengues são cuidadosamente mantidos em lugares onde não ofusquem o glamour das vidas incríveis. Realidade frequentemente maquiada com filtros.
Eu sei, você sabe, todo mundo sabe, o Lado B das nossas vidas têm tanta relevância quanto o Lado A. Como o par romântico da novela, como a dupla sertaneja em dia de palco, como o café com leite misturados na xícara. Lados A e B de nossas vidas transitam diariamente em total comunicação. Um não existe sem o outro.
Para que coisas bacanas aconteçam, outras nem tanto são necessárias. São os tais débitos & créditos da vida real, e antes que o janeiro do recém-chegado 2024 apague a luz, divido aqui um simples e potente desejo: que a gente olhe e aceite com mais generosidade nosso Lado B. Nossa saúde emocional há de agradecer.
Beijos meus!
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