A primeira impressão é a que fica: o que sua casa diz sobre você?
Como processos mentais, psíquicos e emocionais podem nos ajudar a descobrir uma nova forma de se relacionar com nossos ambientes.
Sempre que entramos na casa de alguém guardamos uma primeira impressão, mesmo que superficialmente. Antes de tudo, a percepção de como deve ser a pessoa que habita aquele lugar nos invade. Rapidamente tentamos encaixar essa sensação em algum adjetivo que conhecemos. E geralmente encontramos algum. Organizada, moderna, bagunceira, simples, requintada. Tudo ao redor importa em se tratando de interpretar a intuição que invade a nossa mente. Porém, a verdade, é que a relação com nossas casas vai muito além dessa camada. Nossos ambientes envolvem emoções muito mais profundas a nosso respeito. Curiosamente reflete nosso lado mental, psíquico e emocional.
Entenda que cuidamos de nossos espaços da mesma forma que cuidamos de nós mesmos. E assim, em contrapartida, a casa cuida de nós. Um fluxo que nos ajuda a entender um pouco mais sobre quem somos. Doamos nosso tempo e dedicação, e ela nos oferece a mesma medida de volta. Limpar, organizar e decorar são processos que ajudam a criar essa relação saudável e nos fazem prestar atenção no que a casa diz sobre nós, podendo se transformar em um rico processo terapêutico.
Desorganização na casa pode indicar desorganização interna
Faz parte do meu trabalho perceber como as pessoas cuidam, organizam e decoram suas casas. Algumas mais, outras menos. Cada uma do seu jeito, porém sem prestar atenção em estabelecer essa poderosa relação. Dessa forma, elas continuam a viver desligadas de seus espaços com um desconforto psicológico que elas não entendem exatamente de onde vem. Em certas situações acabam abandonando de vez esses cuidados com o morar e consequentemente a si mesmas.
No podcast #146 da série Autoconsciente, Regina Giannetti conta o porquê de tudo isso de forma clara. Nos fazendo entender que não só o descuido da pessoa consigo mesma pode ser o culpado pelo reflexo de uma casa em desordem. O simples fato de não manter uma rotina saudável em casa também pode colaborar para o cenário precário. Ela afirma, que tudo bem não gostar de cuidar da casa. Ou não ter habilidades para isso. Mas, situações como procrastinar e deixar muita coisa acumulada, ou não ter destinos certos para acomodar os pertences, podem estar refletindo o universo interior de quem a habita. Indicando uma certa desorganização interna da pessoa. Tudo o que eu acredito também.
O autoconhecimento aplicado ao seu lar
Seguindo nesta direção, ela traz ótimas reflexões e lista uma série de exemplos reforçando a importante relação que existe entre nossa casa e nossa psique. Começa contando sobre aquelas pessoas que gostam de possuir coisas. Muitas coisas. Para isso, elas necessitam adquirir cada vez mais armários, móveis e prateleiras para abrigar uma quantidade enorme de enfeites, badulaques, roupas e utensílios domésticos. Os quais transbordam de seus lugares e vão tomando conta de toda a casa. O que diz de seu morador essa casa lotada de coisas? Alguém que precisa suprir suas faltas sentindo que possui coisas, ao mesmo tempo que sente mais segurança por meio delas.
Igualmente, na outra extremidade, Regina encontra os super organizados. Os quais moram em casas com lugares programados para todas as necessidades. Nada fica fora do lugar. Tudo tem seu espaço absolutamente determinado. E o que se poderia dizer sobre essas pessoas? O reflexo de um ego controlador e rígido nos seus afazeres. Transferindo para a casa suas demandas de organização e excelência.
Ademais, há os que tem a casa vazia. Sem nenhum vestígio de acolhimento. Daquelas coisinhas gostosas que acariciam nossos sentidos. Um abajur com luz quente, almofadas confortáveis, cortinas translucidas, objetos com memória, plantas. Neste raciocínio, Regina entende que o fato da pessoa não se importar com conforto, a faz não se sentir merecedora. Assim, a pessoa mantém uma relação consigo própria tão árida quanto a casa. Analogias que, a meu ver, faz um baita sentido.
A harmonia na sua casa impacta o seu estado mental
Cuidar da casa pode transformar a vida. Em vários aspectos. O simples fato de usar a atenção plena no momento de limpar e organizar, e depois decorar, afasta os pensamentos ruins e as divagações mentais. A fim de purificar também a mente. Quando nos dedicamos a esse movimento com consciência, a compensação vem em forma de afeto positivo, harmonioso e de bem-estar. Representando um importante início para o começo de uma vigorosa jornada. De autoconhecimento.
E você? Já parou para pensar o que sua casa diz sobre você?
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