Halloween: a energia do medo precisa ser transformada em luz
Além de invocar energias, ritos são a expressão da diversidade cultural e podem manter energias de sombra caso não haja o seu encerramento
Fantasmas, caveiras, cabeças rachadas, covas expostas. Essas foram algumas das imagens que ornamentaram empresas, comércios, restaurantes e outros lugares devido ao Halloween, festa macabra importada dos Estados Unidos.
Ainda tivemos uma penosa transição em novembro para chegarmos às luzes de dezembro com suas promessas de verão.
Sou uma pessoa sensível aos ritos. Meu povo e minha cultura ancestral são muito ligados ao poder e reconhecimento que eles operam.
Além disso, os ritos possibilitam a expressão ética da inclusão das diversidades de manifestações culturais. No caso do 31 de outubro, não é necessariamente o macabro que me incomoda.
O que incomoda é saber que, em outros contextos, se, por exemplo, uma religião afro-brasileira expõe sua expressão na sociedade, com seus ritos e símbolos dedicados aos orixás, esse mesmo povo, que pendura caveiras na porta dos seus apartamentos e empresas, considera o gesto uma afronta.
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Sobre a importância dos rituais que transmutam energias
Quando você exibe um símbolo, um totem, um patuá, uma imagem, um ícone, está atraindo uma egrégora relacionada àquilo que está sendo invocado. Na psicosfera do lugar, as energias relacionadas a essas expressões são vivificadas e contempladas.
E, no Halloween, depois do ato, não há um desato. Explico melhor. Toda celebração ou rito, se feito corretamente, passa pelo menos por quatro momentos: atração, expressão, purificação e elevação dos padrões vibratórios.
No caso do Dia das Bruxas, não há a transmutação das energias acessadas. Minha impressão é a de que esses fantasmas ficam por aí, conectados com as vibrações coletivas de medos, guerras, assombros.
Sendo assim, resta-nos esperar as luzes do Natal e do Ano-Novo, quando finalmente expurgamos essas frequências do Halloween.
Graças ao rito que, em muitas partes do mundo, transcende sua importância, indo além da festividade cristã, comemoramos o nascimento daquele que representa o arquétipo da luz no planeta.
Ancorando em nossa manjedoura do coração a consciência iluminada, lúcida. Além da dimensão religiosa, o Natal se tornou uma celebração cultural marcada por um sentido de sacralidade.
As decorações e os tons radiantes coroando as generosidades dos Papais Noéis ajudam a liberar os fantasmas presos desde outubro, além dos esqueletos dos acontecimentos mal digeridos desde o início do ano.
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Conteúdo publicado originalmente na Edição 262 da Vida Simples
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