Entenda o congelamento de óvulos: perguntas e respostas fundamentais
Congelar óvulos pode ser um caminho para o planejamento reprodutivo para o futuro; saiba quem pode fazer e qual o melhor período para passar pelo procedimento
- Para quais mulheres o congelamento de óvulos é indicado?
- Qual a idade ideal para fazer o congelamento de óvulos?
- Como funciona o congelamento de óvulos?
- Quantos óvulos são coletados no procedimento?
- Qual a taxa de sucesso para quem tenta engravidar com óvulos congelados?
- Quanto custa o processo de congelamento de óvulos?
- Descobertas recentes da ciência sobre o congelamento de óvulos
O congelamento de óvulos é uma técnica que pode ser compreendida como um investimento ou um planejamento reprodutivo para o futuro. Neste texto, respondemos às perguntas mais comuns sobre o procedimento. Embora as especialistas ouvidas pela Vida Simples afirmem que a prática pode ser um caminho para quem deseja engravidar, elas reforçam que não há 100% de garantia de fertilização.
Essa é uma prática que tem se popularizado principalmente porque atrizes e muitas personalidades famosas têm realizado o procedimento, mas é preciso entender que a idade é um fator importante para o sucesso do tratamento e que congelar óvulos não garante a fertilidade. “Precisamos acabar com esse mito de que basta fazer o procedimento e tudo resolvido, não é bem assim, é preciso levar uma série de fatores em consideração, como a idade dessa mulher”, diz Flavia Torelli, médica ginecologista e especialista em reprodução humana.
“No consultório, os ginecologistas fazem um atendimento de rotina, a paciente faz os exames anuais, muitas vezes saem com a prescrição de anticoncepcional, mas ninguém conversa sobre o futuro reprodutivo. Você já pensou que gostaria de ter filhos? Sabe que quanto mais os anos passam, mais difícil é? A mulher não precisa congelar óvulos, mas ter consciência dos limites biológicos“, observa Flavia. “Ouço com frequência: ‘Ninguém nunca me falou sobre isso’. É importante ter informações para tomar uma decisão consciente sobre sua vida reprodutiva.”
Flavia também explica que “todo o tratamento se baseia em probabilidade, quanto mais jovem a mulher for, maior a quantidade e a qualidade dos óvulos, maior a chance de engravidar no futuro.”
Para quais mulheres o congelamento de óvulos é indicado?
“As mulheres têm deixado a maternidade para mais tarde, seja por questões profissionais ou por não ter encontrado ainda um parceiro ideal para ter uma família, por essa razão, o congelamento de óvulos entra como uma estratégia de planejamento reprodutivo para quem pensa ‘quero ser mãe, mas não agora’“, explica Flavia.
O congelamento também é indicado para mulheres que passam por alguma alteração ginecológica ou tenha alguma doença, que faça com que ela perca os óvulos ou qualidade deles, como em um tratamento de quimioterapia para o câncer ou mulheres com endometriose, doença que pode prejudicar ovários e diminuir a quantidade de óvulos. Antes de uma cirurgia, é possível congelar óvulos.
Qual a idade ideal para fazer o congelamento de óvulos?
Para a ginecologista e especialista em reprodução humana, Mariana Grecco, a idade ideal da mulher para fazer o congelamento de óvulos é a partir dos 30 anos.
“Se essa mulher tem interesse de engravidar, o ideal é que ela faça esse planejamento por volta dos 30 anos até os 35 anos”, explica. Esse é o período em que a quantidade e a qualidade dos óvulos são ideais para o procedimento.
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Como funciona o congelamento de óvulos?
O processo para o congelamento de óvulos é relativamente simples, como explica Mariana, e dura, em média, 12 dias. Ao optar pelo congelamento dos óvulos, a mulher deve começar no período menstrual a tomar uma medicação que estimule o crescimento dos folículos. A proposta é que no lugar de apenas um folículo, um número maior se desenvolve naquele mês, permitindo que no dia da coleta sejam retirados vários de uma só vez.
Durante esse período, com o uso de medicação, a mulher faz ultrassons periódicos para monitorar o crescimento dos folículos. “Algumas mulheres reclamam de cólica um pouco mais forte, mas com o fim dos remédios, vida normal.”
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Quantos óvulos são coletados no procedimento?
O número de folículos a serem retirados varia de mulher para mulher, mas as especialistas consideram que de 15 a 20 óvulos está excelente. “Óvulo é uma célula pessoal e a mulher pode congelar pelo tempo que quiser, pode usar ou descartar”, explica Mariana.
Qual a taxa de sucesso para quem tenta engravidar com óvulos congelados?
O êxito da técnica depende da idade da paciente e da quantidade de óvulos congelados — quando ela é efetuada abaixo dos 35 anos e mais de 10 óvulos são preservados, por exemplo, a taxa de sucesso, ou seja, a chance de ter uma gravidez bem-sucedida no futuro, é alta, de 60% a 70%.
Quanto custa o processo de congelamento de óvulos?
O tratamento não é oferecido pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e pode custar até R$ 20 mil.
Descobertas recentes da ciência sobre o congelamento de óvulos
O procedimento vem sendo alvo de expressiva demanda nos últimos anos, segundo o último Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), em 2020 e 2021 foram realizados mais de 21 mil ciclos relacionados à reprodução humana assistida, com mais de 154 mil óvulos congelados.
Cada mulher nasce com uma quantidade fixa de óvulos e, para se ter uma ideia, a cada mês, são perdidos cerca de mil em um corpo saudável. Em torno dos 30 anos, especialistas apontam que 90% deles já se foram desse aporte do organismo e a chance de engravidar nessa faixa etária é de 15% a cada ciclo menstrual. Acompanhando essa tendência, dos 36 aos 40 anos, a probabilidade cai para 9%. E, referente ao tema, no último estudo efetuado pela Famivita, 44% das entrevistadas disseram que para elas congelar óvulos seria uma opção aos 35 anos, se não tivessem concluído o planejamento familiar.
Na faixa etária dos 30 aos 34 anos, 46% das mulheres destacaram que o congelamento seria uma possibilidade, segundo os dados coletados. Já dos 35 aos 39 anos, esse número foi de 50%. Vale enfatizar que para 52% das mulheres tentando engravidar, o procedimento também é visto como uma alternativa.
No que se refere às informações por Estado, Tocantins, Amazonas e Goiás lideraram o ranking, com 56%, 52% e 51% delas, respectivamente, dizendo que o procedimento poderia trazer vantagens, em caso de não terem já concluído o planejamento familiar. Nesse mesmo ranking, São Paulo aparece com 49% e Rio de Janeiro com 46%.
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