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TDAH: quais as novas perspectivas sobre o diagnóstico?
Christina Victoria Craft
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O TDAH – ou melhor, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade – está ligado a funções do neurodesevolvimento. Embora suas causas ainda não estejam claras, é comum que seja associado a questões genéticas e se aproxime do TEA (Transtorno do Espectro Autista). No entanto, seus principais sintomas são um pouco diferentes e se caracterizam pela falta de atenção, inquietação e impulsividade. Hoje, os tratamentos mais comuns são o uso de medicamentos específicos para o transtorno, além de atendimento terapêutico regular.

O diagnóstico atual do TDAH ocorre de forma clínica, portanto, não existe um teste genético para isso. “O critério para o diagnóstico inclui os sintomas que são observados tanto no consultório, quanto na entrevista com os pais, quando o paciente é criança”, explica Fernando Negri, psicanalista e médico pós-graduado em psiquiatria.

Segundo o especialista, é possível realizar testes psicológicos com apoio de profissionais da área, um trabalho conjunto entre psiquiatras e psicólogos. Além disso, Negri explica que a investigação durante a infância é essencial para que as crianças tenham acompanhamento contínuo ao longo do desenvolvimento. “Um adulto com déficit de atenção não identificado na infância chega na vida adulta com frustrações, dúvidas e inseguranças sobre sua própria capacidade. Tudo isso podia ser contornado com o tratamento e a medicação”, destaca.

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Hoje, acredita-se que cerca de 5% a 8% da população mundial conviva com algum nível de TDAH, segundo dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA). Recentemente, um estudo divulgado pela Nature identificou 76 genes potencialmente relacionados ao desenvolvimento de TDAH. Assim, a pesquisa indica que, quanto mais variantes genéticas o paciente tiver, mais acentuado será o quadro, o que ajuda a explicar as variações entre a intensidade dos sintomas.

Por isso, um dos principais caminhos é que os pais estejam sensibilizados e tenham ciência dos sintomas e comportamentos do TDAH nas crianças. Identificar de forma precoce o transtorno possibilita uma relação mais saudável ao longo da vida. Embora ele não tenha cura, medicações e práticas terapêuticas, como a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), auxiliam no manejo dos sintomas.

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Os sinais do transtorno podem ser muito semelhante a outros diagnósticos ou, ainda assim, apresentar indícios que podem não se comprovar. “É muito importante os pais terem as informações corretas para diferenciar uma criança que é bagunceira, que é impulsiva, da criança que tem o TDAH”, explica a psicóloga Adriana Wetizel. A criança com TDAH pode apresentar quadros recorrentes de procrastinação e dificuldades para iniciar e concluir tarefas do dia a dia, por exemplo.

Por outro lado, é importante destacar que comportamentos naturais da infância não podem sofrer rotulações ou patologizações. O médico e psicólogo Roberto Debski orienta que é preciso ir com calma. Primeiro, observando as características e acompanhando a recorrência delas ao longo do tempo, sem necessariamente associar de forma direta a sintomas de TDAH. “Patologizar e buscar um rótulo antes de olhar para quem vive estas condições pode tornar esta criança em um diagnóstico, uma patologia, e isso deixa marcas que não poderão ser superadas por nenhum tipo de tratamento durante toda a vida”, destaca o especialista.

Por outro lado, um bom diagnóstico de forma correta previne o aprofundamento dos sintomas. “A intervenção precoce beneficia a criança”, observa o psiquiatra Fernando Negri.

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TDAH em adultos

Embora o transtorno seja comum na infância, muitas pessoas costumam receber o diagnóstico na fase adulta. Isso porque as pessoas ainda têm pouco conhecimento sobre o tema ou porque, no passado, os estudos e o preparo das equipes de saúde não se assemelhavam às inovações presentes hoje. Para o médico Fernando Negri, é importante compreender que há possibilidades eficientes que ajudam a produzir respostas positivas ao transtorno.

“Não há cura para o TDAH, existe uma modificação do padrão da doença”, relembra. “O que acontece, muitas vezes na vida adulta, é que o sintoma de hiperatividade desaparece, mas fica a questão de desatenção, embora os tratamentos – como estratégias psicoeducativas, psicoterapia e medicação – possam ajudar”, finaliza.

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