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    Conexão com a natureza: como somos impactados por essa relação?
    Abdur Ahmanus
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    É comum pensarmos e reproduzirmos ideias de que os seres humanos estão distantes da natureza, ou que são um elemento separado do ecossistema terrestre, quando, na verdade, estamos direta ou indiretamente conectados a ela. Afinal, somos parte da natureza.

    Há um processo de conexão profundo que pode ser alterado pela cultura, mas não desfeito. A espécie humana só existe porque há condições naturais favoráveis à sobrevivência e à permanência no planeta.

    O orvalho das plantas, a luz do sol, os insetos e os frutos colhidos são decorrentes de cadeias complexas de interação e interdependência entre diversas espécies que se comunicam ou dão prosseguimento a uma tarefa. Tudo está minimamente interligado.

    Pensando nisso, Vida Simples separou algumas curiosidades e informações que podem ser úteis e despertar o interesse quando o assunto é natureza e meio ambiente.

     

    Estações do ano influenciam o comportamento

    É comum que durante as estações do ano o nosso humor e a forma como percebemos o dia seja alterada com as condições climáticas daquele período. Se você leu as últimas edições de Vida Simples deve saber disso, afinal, já trouxemos algumas matérias sobre o inverno e a primavera, por exemplo, para mostrar o quão importantes elas são nas nossas vidas.

    Durante épocas mais frias e escuras, as pessoas costumam permanecer mais tempo em casa, serem menos comunicativas e se aproximarem mais das pessoas que convivem, pela consequência de estarem mais tempo neste ambiente. Já no verão, encontrar os amigos, ir a praias, frequentar shows e sair de casa é bem mais comum e popular.

     

    Cuidado com a natureza beneficia a saúde mental

    Já mostramos nesta matéria como as cores e o meio ambiente influenciam a saúde mental e a nossa percepção sobre o dia, já que é notável que lugares mais arborizados, com maior conexão com os animais nos levam à contemplação e a um outro fluxo de viver a vida. Grandes cidades acabam criando uma certa desconexão entre as pessoas e o meio ambiente, embora isso não seja totalmente perdido.

    Práticas como a da jardinagem ou o cultivo de hortas comunitárias são frequentemente indicadas em processos terapêuticos de pacientes que sofrem com algum tipo de problema psicológico. Isso porque estar em conexão com estes seres vivos é fundamental para a manutenção do nosso bem-estar e para a produção de hormônios benéficos ao corpo.

     

    Montanhas e cordilheiras determinam o clima

    A geografia e a formação dos lugares onde vivemos influenciam nossas vidas, o clima e a forma como vivenciamos as estações do ano. Por exemplo, no Nordeste, por causa da Depressão Sertaneja, muitas regiões do semiárido, especialmente no Ceará e Rio Grande do Norte, têm mais propensão à baixa precipitação de chuvas e elevação da temperatura.

    Por outro lado, esse contexto climático e geográfico dá origem a uma cultura específica – a sertaneja – com costumes, valores e adaptações à vida no local possibilitando não só a habitação, mas características próprias das pessoas que lá vivem. Em um movimento semelhante, os povos andinos que vivem nas cordilheiras da América do Sul também elaboraram ferramentas e modos próprios de viverem o cotidiano.

     

    Impacto das construções civis na natureza

    As construções civis são, necessariamente, lugares que exigem o desmatamento de árvores e limpeza da vegetação local para a construção de prédios e habitações. Ainda assim, é possível pensar as cidades de forma que os espaços verdes – como parques, hortas comunitárias, reservas com árvores nativas – sejam preservados e incentivados, como mostra esse estudo do pesquisador Lásaro Corrêa.

    A conexão com o campo há muito tempo foi perdida pelas cidades, mas há a possibilidade de reconexão e estabelecimento de uma relação saudável entre as pessoas nas cidades com a natureza.

     

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    Alimentos que conectam os humanos a outros seres

    Os alimentos são essencialmente dependentes de uma série de fatores para chegarem até a nossa mesa, mas você já parou para pensar o quanto estamos conectados a outros animais e seres vivos? A adubação do solo e a presença de minhocas é essencial para que as raízes das árvores sejam nutridas com eficiência, as abelhas cumprem um papel indispensável de polinização e formação dos frutos, como mostra esse estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, assim como as borboletas, mariposas e outras espécies que exercem esse papel.

    Nada é independente e existe de forma autossuficiente. Dependemos a cada momento de outros seres vivos para que as funções mais básicas do nosso cotidiano aconteçam. Há uma teia interconectada que possibilita o equilíbrio e a harmonia na natureza.

     

    O que os insetos têm a ver com isso?

    O apocalipse dos insetos é um texto escrito por Brooke Jarvis e publicado em português pela revista Piauí. Nele, o autor aborda a extinção de diversas espécies de insetos fundamentais para o ecossistema terrestre e que muitos sequer foram identificados ainda pelos pesquisadores. Sabe aquele monte de insetos que batiam no para-brisa dos carros à noite e dificultavam a visão? Eles estão desaparecendo e esse fenômeno é preocupante.

    O número de borboletas-monarca nos Estados Unidos diminuiu em 90% nos últimos 20 anos e a quantidade de insetos em reservas naturais alemãs caiu 75% em 27 anos. Podemos pensar que isso pouco tem a ver com os seres humanos e com a vida na terra, embora o autor esclareça que “uma consequência dessa perda é o que se conhece por cascata trófica: o tecido de um ecossistema se desfaz à medida que populações de presas explodem e colapsam, e os vários níveis da teia alimentar já não regulam um ao outro. Locais assim são mais vazios, empobrecem-se em milhares de aspectos sutis.”

     

    Os sons que não ouvimos da natureza

    Quem frequenta a praia ou já viajou de barco deve imaginar que o único som produzido pelo oceano é o barulho das ondas e os movimentos dos animais na água. Embora nosso ouvido não seja capaz de captar, os animais marinhos produzem inúmeros sons para se comunicarem entre si, alertarem sobre ameaças ou até mesmo para acasalarem, uma verdadeira orquestra com milhares de espécies que convivem mutuamente no mesmo espaço. Gostaríamos de recomendar aqui o episódio “Shhh”, do podcast Rádio Escafandro, que aborda o tema do silêncio e dos sons na vida marinha.

    A propagação e características dos sons se alteram de acordo com a pressão, a temperatura e a salinidade da água do mar em um determinado ponto. Por isso, o aquecimento global e suas consequências são hoje analisadas pelos cientistas para identificar quais mudanças estão ocorrendo nessa comunicação marinha, especialmente por causa da poluição sonora humana e a redução da salinidade com o derretimento das geleiras.

     

    A lua e o ciclo menstrual

    Engana-se quem não acha que a natureza e o comportamento dos corpos celestes não influenciam as nossas vidas. O ciclo menstrual das mulheres é impactado pelas fases da lua e pelo comportamento do astro, como mostra Kareemi em um de seus textos aqui na Vida Simples. “Conhecer o próprio ciclo menstrual numa era onde boa parte das mulheres já não cicla devido aos hormônios contraceptivos é a verdadeira conexão com nossa natureza, essência, intuição e ancestralidade que desperta toda potência do nosso Sagrado”, diz a autora.

    Cientificamente falando, um estudo da bióloga Charlotte Förster, da Universidade de Würzburg, na Alemanha, comprovou em 2021 que essa relação é mais complexa do que imaginávamos e que, sim, a lua influencia o comportamento menstrual das mulheres. Os pesquisadores identificaram três aspectos lunares que estão diretamente relacionados ao período de menstruação, sendo estes a mudança entre lua cheia e lua nova, além da posição em relação à linha do Equador e da órbita elíptica da Terra.

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