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    Cinco dicas para manter a mente saudável
    Alen Rojnic
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    Ser “emocionalmente são” é, basicamente, viver uma vida em que se consiga ter prazer nas interações com as pessoas e lidar com as adversidades de uma forma sábia e calma. É manter a mente saudável, criativa, aberta e flexível para enfrentar o que vier pela frente e ter aquela sensação de que, com ou sem dificuldade, a vida pode ser bem vivida.

    A grande questão é que a vida moderna, juntamente com os acontecimentos do mundo, tem exigido demais de nós. É como se ela nos fizesse convites diários para perder a calma. E isso tem feito com que muitas pessoas experimentem a sensação de esgotamento, tanto com relação às atividades na vida pessoal quanto no ambiente de trabalho.

    Entendo que manter uma vida equilibrada e mentalmente saudável não é uma tarefa fácil. Mas gostaria de compartilhar com você cinco boas práticas que podem te ajudar nessa jornada de controlar a ansiedade, aumentar a sua satisfação no dia a dia e se abrir a novas experiências:

     

    Conheça-se

    Superficialmente, pode parecer que ninguém nos conhece melhor do que nós mesmos. E que não conhecemos nada tão bem quanto a nós mesmos. Mas, não é bem assim. Parece que nós nos conhecemos bem porque, afinal, vivemos imersos em nossa própria consciência.

    Mas, é justamente por isso que é difícil reconhecer as diferentes e criativas formas pelas quais nos enganamos. Por isso, o exercício do autoconhecimento, mesmo que trabalhoso, é um dos primeiros passos para uma boa saúde mental.

     

    Cuide de si mesmo

    Temos tantas obrigações embutidas em nossa rotina. Temos de cuidar do trabalho, da família, da casa. Quando sobra um tempo para nós, um momento para “desligar”, muitas vezes o experimentamos como um desperdício e nos sentimos culpados. Uma boa saúde mental requer que dediquemos um tempo em nossa rotina não apenas para descansar, mas para cuidar de nós mesmos, de forma atenta e deliberada.

    Isso pode ser um momento de exercícios físicos, atividades lúdicas – como jogos, entre outros hobbies -, leitura, meditação, ou, até, de simples relaxamento em frente à TV. Não importa, desde que tenhamos consciência de que estamos, naquele momento, cuidando de nós mesmos com o carinho e a atenção que merecemos.

     

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    Permita-se ser bom o suficiente

    Como é impossível ser perfeito, não tem jeito: temos de aprender a traçar uma linha do que consideramos ser bom o suficiente. A exigência constante para ser o máximo em tudo é uma fonte inesgotável de estresse e frustração. Dependendo de nossas ambições, pode ser difícil, e até contraproducente, se contentar com pouco. Não há regras absolutas para uma boa vida, então, pode ser que exigir o máximo de si mesmo seja vital em algumas áreas, em algumas empreitadas, por algum tempo. Mas é absolutamente insustentável como forma de existência.

    Por mais que precisemos dar o máximo em algumas circunstâncias, poucas habilidades são mais fundamentais para a saúde mental do que a capacidade de se dar por satisfeito. Precisamos aprender a nos dar uns tapinhas nas costas, nos parabenizar por um trabalho bom o suficiente, e seguir adiante com graça e leveza.

     

    Ria de si mesmo

    Freud enumerou e classificou diferentes mecanismos pelos quais nossas mentes se defendem de ameaças internas e externas, os chamados Mecanismos de Defesa do Ego. Alguns são muito primitivos, pouco eficientes, como a negação e a repressão: tentativas de simplesmente negar a existência de nossos desejos mais proibidos ou de nossos piores defeitos.

    No outro extremo, entre os mecanismos mais sofisticados e eficientes, Freud listou o humor. Poucos sinais de saúde mental são mais evidentes que a capacidade de se divertir às custas de nossas piores qualidades. Isso exige que tenhamos amor-próprio e honestidade suficientes para admitir e expor nossos defeitos. Fazer isso, no fundo, é convidar as pessoas com quem convivemos a receber nossas inadequações com carinho e descontração.

     

    Busque o equilíbrio

    O conceito de saúde física envolve a ideia de equilíbrio entre o indivíduo e o ambiente. Da mesma forma, a saúde mental é um estado de equilíbrio. Todas as dicas acima, por exemplo, se vividas de forma desequilibrada, serão prejudiciais à saúde mental.

    Conhecer a si mesmo não significa viver ensimesmado, fechado para o mundo. Cuidar de si não significa esquecer das pessoas e o do ambiente à sua volta. Na verdade, cuidar das pessoas e do ambiente é parte essencial da prática do cuidar de si. Ser bom o suficiente não significa ser desleixado e abandonar suas ambições. E rir de si mesmo não significa diminuir-se de forma constante e injusta.

    A dica mais simples para uma vida equilibrada é sempre desconfiar de decisões que tenham a forma: “quer saber, vou deixar esse aspecto da vida totalmente de lado e me dedicar somente a este aqui”.

    Uma decisão assim pode ser acertada em alguns momentos, mas devemos nos questionar várias vezes antes de seguir por esse caminho, e tentar com que ele seja o mais limitado possível.

    O filósofo suíço Alain de Botton, fundador da The School of Life, costuma dizer que “uma mente sã sabe que entre ela e o desastre existem degraus largos e estáveis, não uma ladeira íngreme e escorregadia”. E eu acredito que esse é o ideal que devemos buscar no dia a dia para ter uma vida com mais sensação de realização.

     

     

     


    GUILHERME SPADINI é professor e head de terapias na The School of Life. É médico psiquiatra e mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo. Atua em consultório com psiquiatria clínica de adultos e adolescentes, além de psicoterapia de orientação psicodramática. Tem larga experiência no SUS, nas áreas de álcool e drogas, emergências, medicina de família e comunidade, psiquiatria infantil, além de gestão de serviços e rede de assistência psicossocial. É professor convidado em disciplinas de graduação e pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP.

     

    *Os textos de parceiros não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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