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A era do cuidado: uma nova mentalidade está brotando
Haley Phelps
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Felizmente, a era dos resultados alcançados à base da pressão, das ameaças e das recompensas condicionadas aos resultados materiais está chegando ao fim, seja no trabalho, seja na vida familiar. A era do cuidado, com relações pautadas pelo respeito e reciprocidade, cria ambientes repletos de serenidade, em que as pessoas se sentem seguras. Isso promove vínculos afetivos duradouros e, como resultado, até a produtividade é favorecida.

É uma pena que o motivo pelo qual a era do cuidado esteja se iniciando seja o burnout — e até as crises de ansiedade e pânico, tão comuns na sociedade adoecida em que vivemos. Mas, o que importa é que a reflexão está sendo feita e o paradigma inevitavelmente será mudado.

Metas a serem cumpridas e recordes a serem batidos — em detrimento da saúde mental das pessoas que estavam envolvidas nos projetos — eram comportamentos antes aceitos e até desejáveis. Tudo isso, vai, aos poucos, sendo substituído por uma nova mentalidade e a ciência cumpre um papel importante nessa transição.

Psicologia Positiva: nossa chance de elevar as regras do jogo

Como a ciência pode ajudar nessa mudança de paradigma? Sabemos que quando a Psicologia Positiva surgiu nos Estados Unidos, um novo capítulo da história da Psicologia se abriu. Pela primeira vez, o foco das pesquisas científicas sobre os atributos psíquicos do ser humano saudável produziu informações em larga escala, tornando possível para o grande público elevar o nível de suas escolhas em suas vidas cotidianas.

Impulsionado pelo Instituto VIA, foi criado um banco de dados de valores humanos, no qual as informações foram organizadas na forma das 24 Forças de Caráter. Cada ser humano possui essas forças e as que estão presentes de modo mais recorrente e espontâneo formam as “Forças de Assinatura” da pessoa.

De repente, o acesso aos recursos internos foi facilitado e as pessoas passaram a usar essa incrível ferramenta para conhecer e usar intencionalmente o que tem de melhor dentro de si. Com essa nova abordagem científica, uma incrível possibilidade de mudança se abre: sai de cena o foco na doença mental e entra em cena o foco na saúde mental. Com isso, o mundo inteiro ganha.

A magia que vem de escolhas acertadas

Assim como os dirigentes das empresas estão entendendo que funcionários felizes trabalham melhor, percebemos que quando alguém escolhe usar seus talentos naturais para impactar o ambiente em que vive, coisas mágicas acontecem.

Apenas o fato de que alguém está disposto a se empenhar para que melhores soluções sejam alcançadas em diferentes situações, já é, por si só, algo poderoso. Mas, quando a pessoa em questão aprende a usar de forma deliberada suas características de personalidade, evitando os equívocos causados pelo seu uso exagerado ou insuficiente, cada ato se torna uma verdadeira força de transformação.

O que a Psicologia Positiva faz é ampliar a concepção comum das características de personalidade inerentes em todo mundo, permitindo que a essência possa se manifestar de forma intencional. Isso transforma um simples atributo numa força capaz de impulsionar o desenvolvimento pessoal e coletivo, impactando positivamente a experiência de vida.

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Conhecer-se para melhor cuidar de si e do outro

Precisamos aprender a otimizar o uso dos recursos de forma simples e eficiente, evitando desperdícios e confusões. É como se alguém possuísse objetos de excelente qualidade, mas não conseguisse dispor deles quando precisa, por estarem todos jogados num armário totalmente bagunçado.

O caos dificulta o acesso ao que está sendo demandado. Uma vez que os objetos estiverem organizados em gavetas e prateleiras adequadamente separadas, com etiquetas indicando o conteúdo de cada espaço, fica muito mais fácil de serem identificados e utilizados.

Se as pessoas não sabem direito quem são, nem do que são capazes, como se pode esperar que tenham um bom desempenho? Na base da ameaça é que não vai ser.

Ter habilidades e tendências inatas é uma realidade comum a todos os seres humanos, mas saber usá-las como motor de ampliação da performance individual e coletiva, eleva-as a outro patamar. O avanço proporcionado por décadas de pesquisas da Psicologia Positiva permite uma reestruturação psíquica capaz de otimizar a utilização de nossos recursos internos e até de desenvolver atributos que imaginávamos inexistentes.

Quando isso começa a fazer parte do repertório de muitas pessoas acontece um “upgrade no zeitgest“! Traduzindo: o inconsciente coletivo fica mais harmônico, a mentalidade da época sobe um degrau. Coisas que antes eram consideradas normais, apesar de desrespeitosas e muitas vezes abusivas, deixam de ser aceitas. É como aquele avatar que muda de fase no videogame, permitindo que novas configurações apareçam no jogo.

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O impacto de uma pessoa no coletivo

Claro que o coletivo é uma somatória de indivíduos, portanto a apropriação de si, é fundamental! Nesse processo de autoconhecimento, a primeira a sentir os benefícios é a própria pessoa, que tem acesso imediato ao bem-estar proporcionado por tal conquista. Afinal, o reconhecimento das próprias qualidades traz enorme sensação de conforto, o que vai se tornando algo mais e mais enriquecedor à medida em que vai sendo estimulado.

Uma pessoa que aprende a usar suas características de personalidade como forças vai se deixando afetar cada vez menos pelas dificuldades e desafios do ambiente e torna-se mais capaz de influenciar e impactar positivamente o meio.

A partir dessa conquista, os pequenos círculos de convívio da pessoa começam a receber os benefícios de uma personalidade que irradia virtudes e inspira o aproveitamento inteligente dos recursos… A família, colegas de trabalho, os amigos, a vizinhança, enfim, todos são inseridos nessa ciranda de cultivo às virtudes.

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Propósito enquanto remédio

Assim, pode-se curar uma sociedade com altos índices de depressão, suicídio e todo tipo de distúrbio psíquico. Do mesmo modo que o exercício físico faz bem para a saúde, colocar em prática as forças de caráter na vida diária faz com que ponhamos em movimento nossos talentos, promovendo a saúde mental individual e coletiva.

Toda manhã, quem se coloca à serviço da humanidade amplia os próprios horizontes e assim oferece uma visão mais ampla para a sociedade em que vive.

Cuidar de si e do outro é a chave que abre todas as portas. Cuidar do filho, cuidar da mãe, cuidar do pai, do vizinho, do desconhecido, da nação. O chefe cuida da pessoa que trabalha para ele, cada pessoa cuida dos membros da sua equipe e por aí vai. A nova ordem é construir uma sociedade onde TODOS possam experimentar a sensação de pertencimento.

Essa rede de apoio estará à disposição de quem precisar de ajuda. Assim, para além dos objetivos a serem alcançados, todos terão condições de se sentirem preparados para encarar um mundo em constante transformação e aproveitar cada oportunidade com força e com vontade.

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Maria Paula é psicóloga com mestrado em Desenvolvimento Humano e Saúde (UnB), atriz e mãe (foto: divulgação).

Congresso Internacional de Felicidade

Nos dias 18 e 19 de novembro acontecerá o Congresso Internacional de Felicidade em Curitiba, idealizado por Gustavo Arns, especialista em felicidade e bem-estar. Estarei presente na mesa “Felicidade, arte e muito mais”. Para saber mais, acesse o site.


Maria Paula é psicóloga com mestrado em Desenvolvimento Humano e Saúde (UnB), atriz e mãe. Estreou na MTV aos 18 anos e de lá pra cá não parou mais de atuar na TV, Teatro e Cinema. TV: MTV e Casseta e Planeta. Cinema: De Pernas pro Ar 1,2 e 3, Doidas e Santas.
Desde 2005 é cronista do Correio Braziliense. Publicou os livros Liberdade Crônica e Uma Sobe e Puxa Outra e colaborou no livro O Poder das Forças de Caráter, sobre Psicologia Positiva.


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