Finanças: como guardar dinheiro para fazer reserva de emergência
Entenda o cálculo para você guardar dinheiro para emergências sem precisar comprometer seu orçamento, se libertando de empréstimos com terceiros e trazendo mais segurança e tranquilidade para sua vida financeira
A estudante de nutrição Camila Camargo, de 25 anos, tem uma relação estreita com o guardar dinheiro. O pai, Márcio Ponte, formado em ciências contábeis, garantiu que a temática estivesse presente dentro de casa. Entretanto, foi só quando ela começou a ganhar o próprio dinheiro e a ter objetivos relacionados à faculdade e ao casamento que ela realmente passou a pensar em criar sua reserva de emergência.
Para ela, ter uma reserva de emergência representa mais segurança diante dos imprevistos da vida. “Não estou completamente perdida caso aconteça algo, seja o meu marido perder o emprego, seja algum problema com as minhas bolsas da faculdade, seja a saúde dos meus gatos ou até a nossa”, relata.
Como o nome já indica, a reserva de emergência é uma quantia de dinheiro guardada para usar em situações que não estão previstas e que podem demandar um gasto que não está previsto no orçamento.
A educadora financeira Nath Finanças explica que essa poupança pode inclusive salvar as pessoas de dívidas maiores. “Com a reserva de emergência, nós não precisamos depender de empréstimos, de pegar cheque especial ou de se endividar com o cartão de crédito, por exemplo”, declara.
Como fazer a sua reserva de emergência
Nath indica que, para montar sua reserva financeira, é preciso se basear em seus gastos, e também é preciso planejar. Saber o valor exato das despesas por mês ajuda a ter um norte do valor a ser poupado.
Isso pode começar com o cálculo de gastos fixos e variados feitos durante o mês. Os fixos possuem valores que não mudam ao longo de um período, como aluguel ou prestações.
Já os gastos variados têm o seu valor modificado de acordo com o consumo, como as contas de água e luz ou de supermercado. A soma desses valores indica o valor médio que você precisa por mês para se manter.
O próximo passo é definir o valor total da sua reserva de emergência de acordo com o período de tempo que você conseguiria ficar sem renda. Segundo Nath, esse período pode ser maior ou menor, variando de acordo com a realidade de cada pessoa e de suas possibilidades para poupar.
Após esses cálculos, é preciso definir em quanto tempo você vai conseguir montar essa reserva para que se saiba o valor a ser poupado por mês.
Um exemplo prático desse cálculo
“Vamos supor que você tem R$ 500 de gastos fixos e R$ 500 de variáveis. Somando esses valores, você tem R$ 1000 de gastos totais no mês. Em seguida, você vai multiplicar pela quantidade de meses que você gostaria que sua reserva durasse. Se você quer que seja dois meses, então o valor total é de R$ 2000”, exemplifica Nath.
Ela segue no exemplo: “Dois mil reais é um valor bem alto para guardar de uma vez. Então você pega esse total e divide por doze. Nesse caso, para você conseguir montar uma reserva de dois meses em um ano, vai precisar guardar R$ 166,66 reais por mês. A ideia de guardar um valor menor todos os meses é uma forma de facilitar que se consiga manter o valor reservado”, continua.
Nath destaca ainda que a ideia da reserva é facilitar a vida financeira, portanto, caso a pessoa não consiga ter uma reserva que cubra dois meses, ela pode fazer uma menor. No exemplo apresentado, uma reserva de R$ 500 representa quinze dias de contas pagas.
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Onde colocar o dinheiro da reserva de emergência
Depois do planejamento começa a ação, e é fundamental saber onde guardar o dinheiro que está sendo reservado.
“Visto que a reserva de emergência tem um caráter emergencial, você tem que buscar liquidez, a possibilidade de ter o dinheiro na sua mão assim que precisar, e também segurança de não ter a possibilidade de perder esse dinheiro”, explica Nath.
Nesse sentido, a especialista recomenda dois tipos de investimento, o tesouro SELIC e os CDB de liquidez diária. O primeiro funciona como um empréstimo para o governo no qual ele devolve com juros. Ele funciona com base na taxa SELIC, de forma que seus rendimentos são maiores ou menores de acordo com a alta ou queda da taxa.
Já no caso dos CDB de liquidez diária, o empréstimo é feito aos bancos, que também devolvem o valor com juros. Além disso, é possível retirar o valor quando quiser.
Lembre-se: o dinheiro da reserva é para emergências
Tendo o planejamento e as ferramentas para iniciar a reserva, o que não se pode esquecer é que a reserva é para emergências. Usar o valor para outras finalidades não é o ideal, o que pode colocar a pessoa em uma situação financeira complicada no futuro.
Por outro lado, usar o dinheiro para uma situação de emergência antes de completar o valor idealizado não é um problema, nem deve ser motivo de preocupação. “Um erro é se cobrar muito. Você vai montar no que você pode, não precisa ficar desesperado porque ainda não fez o valor, cada um com seu tempo, com sua realidade”, declara a especialista.
Camila já passou por isso algumas vezes e conta que ter o reservado foi o melhor cenário. “Nós que não temos uma grande quantidade juntamos, temos uma emergência e gastamos esse dinheiro. Às vezes é um pouco desanimador, mas ao mesmo tempo acho que me ajuda a lembrar que se eu não tivesse esse dinheiro guardado teria sido pior”, relata.
Nath faz coro e reforça a importância dessa estratégia financeira para a vida financeira das pessoas. “A reserva de emergência é para isso mesmo, ficamos com uma dor no coração porque não é fácil, mas é um primeiro passo e vamos evitar tirar o seu dinheiro do cheque especial, pegar um empréstimo e pagar juros abusivos. Você tá se emprestando e vai repor depois.”
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