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O que é a fé? E por que ela é o oposto do medo?
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Neste artigo:

É muito difícil falar sobre a fé, pois ela não é uma formulação mental, em que é possível descrever a forma como ela acontece. Para mim, assim é com o amor também. Por isso mesmo, os dois estão intimamente ligados.

Fé e amor são dois sentimentos, não são emoções. A diferença entre eles é que sentimento é espontâneo, nasce no coração. Já a emoção é reativa, surge na mente.

O oposto da fé

O que se opõe à fé? Claramente, o medo. São duas coisas que não podem coexistir ao mesmo tempo, pois quem tem fé, não sente medo, e quem sente medo, está desconectado do amor. Os sentimentos podem dissolver as emoções negativas, mas as emoções não podem curar ninguém. A cura acontece quando acessamos as qualidades da alma, e isso não é nada racional, apesar de lógico.

Assim, como posso me aproximar do que entendo sobre o amor?

Confesso que não me sinto capaz nem de arranhar o que é o amor. Toda construção mental sobre algum conceito divino se afasta da pureza e da verdade. O que só pode ser sentido muitas vezes não é ainda compreendido.

Eu sinto que uma das grandes angústias da humanidade é não conseguir explicar racionalmente o conceito de Deus. Com todo o respeito aos religiosos, eu vejo todas as crenças espirituais ligadas a dogmas e crenças como construções mentais que tentaram desesperadamente explicar a existência e fracassaram em seu objetivo.

É exatamente a isso que me oponho, pois toda a estrutura religiosa é adequada a uma mente. Então, vemos figuras, histórias onde leis espirituais são manipuladas a semelhança de sistema de valores humanos. Bem, se a espiritualidade tem que se adequar as nossas normas religiosas, estamos em maus lençóis.

Esta estrutura de pensamento religioso e espiritual, criado aqui neste planeta, nunca teve como propósito tornar o ser humano independente, autorresponsável e confiante. Isso é o que eu defini como materialismo espiritual, ou religioso. Materialismo sim, pois, ele é todo fundamentado em conceitos puramente mentais, e nada espirituais que se identificam com o ego.

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Todas as escolhas são válidas

Não tenho como objetivo ofender ninguém, pois eu creio profundamente em escolhas, e elas são a base de toda a construção espiritual. Nascemos em um lugar onde viemos ter experiências, e todas elas são válidas. A questão não é discutir a experiência como costumamos fazer, mas sim como nos posicionamos diante delas.

Ao nos relacionarmos com os eventos deste planeta, temos que lidar com as nossas emoções que estão em nossas mentes. Isso já nos dá a pista de que lidamos 100% do tempo com a ilusão.

Mas porque ilusão? Bem, quando nos vitimizamos, quando xingamos, quando sentimos medo, quando nos deprimimos, quando julgamos, discriminamos, estamos estabelecendo em nossas mentes a ideia da separação. Caímos, assim, na densidade do planeta que é regido pela ideia materialista da morte e do fim.

Faço uma provocação. Observe e veja a reação da humanidade frente à covid. Alguém sentiu que o medo prevaleceu? Se prevaleceu o medo, não prevaleceu a fé, nem o amor. Mas por que isso aconteceu?

Medo e controle

Na minha maneira de sentir o mundo, o medo venceu exatamente porque toda a estrutura espiritual neste planeta é frágil, e o que predomina é o controle. Sim, onde está o medo, está o controle.

Quando sentimos medo, não temos espaço para intuição, criatividade, alegria, compaixão, benevolência e, a meu ver a pior consequência: não temos esperança.

Quando perdemos a esperança nos tornamos uma nau à deriva, à mercê das intempéries. Quando estamos no mar de maneira despreparada, sem informações, corremos um grande risco de naufragar, pois passamos a lidar com as tempestades como vítimas.

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Esta consciência de vítima está presente em quase todas as mentes humanas. É ela a responsável pelo bloqueio da nossa conexão com a alma. Como isso acontece?

A nossa alma é um campo eletromagnético ligado ao campo de possibilidades que é um “lugar” onde estão todo o nosso potencial de vida. Tudo que podemos ser potencialmente está lá, pronto para acessarmos. Estas possibilidades estão intimamente ligadas ao nosso contrato de alma. Como temos o livre arbítrio, podemos acessar tanto a prosperidade do campo com experiências mais conscientes, como experiências mais dolorosas que muitos entendem como castigo, ou prova.

Mas qual a diferença entre uma escolha consciente e uma escolha baseada no medo?

A percepção sobre nós mesmos

As nossas escolhas estão baseadas na percepção que temos sobre nós. Se temos uma percepção baseada nos medos que habitam a mente, vamos sempre agir sob o controle.

Entretanto, se o indivíduo tem uma percepção amorosa quanto a sua participação no processo de criação desta realidade, ele vai viver guiado pelo seu propósito.

Ou seja, a percepção consciente que o indivíduo tem em relação a sua interação com o campo de possibilidades (ou o campo de consciência), onde o resultado da sua transformação interna é capaz de mudar o próprio campo, faz com que ele viva sendo o próprio criador do seu propósito.

Este é, portanto, um conceito totalmente baseado na autorresponsabilização, na autoconfiança, e no amor. Ao expandir as suas escolhas conscientes, o indivíduo atua como colaborador e cocriador de uma nova realidade neste planeta.

Cada ser que está interferindo positivamente no campo de consciência, está na verdade ajudando a criar mais consciência no planeta.

O equilíbrio está nesta relação entre ser alimentado pela Terra e de devolvermos isso em consciência.

Cada nascimento aqui na Terra tem como objetivo da Grande Consciência alimentar este mecanismo autossustentável que nos dá a oportunidade de criarmos a abundância e a prosperidade.

O sistema Gaia para se expandir necessita apenas de duas atitudes: a Fé e o Amor.

Confira todos os textos da coluna de Beto Pandiani em Vida Simples.


BETO PANDIANI  (@betopandiani) é velejador, palestrante e escritor. Velejou da Antártica à Groenlândia, cruzou dois oceanos (Pacífico e Atlântico), sempre em pequenos veleiros sem cabine. Tem sete livros publicados.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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