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O poder da moda vintage
Arquivo pessoal / Maria Emilia
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Com o aumento da consciência sobre o impacto da moda no meio ambiente, os consumidores começam a entender o valor do vintage e das roupas de brechó. A moda vintage passou a ser a moda do futuro.

Sempre escutei das pessoas que setembro era o momento da safra de vinho, período conhecido aqui na Itália como “vendemmia”. É um momento de preparação para a colheita da uva plantada durante o ano (com algumas variações, claro, a depender do tipo de uva colhida).

Os relatos que ouvi, desde que cheguei a Milão, me ensinaram muitas coisas sobre o vinho, sobre o amor pela terra, o trabalho manual e a felicidade de uma boa colheita. O que eu não imaginava é que a palavra “vintage” — que tanto escutamos na moda —, teria a mesma origem dessa tradição.

Assim como o vinho, a história do conceito tem muito a nos dizer sobre a qualidade e a origem de uma peça.

O termo em inglês vintage deriva do francês antigo vendange (que significa “colheita de uvas”) que, por sua vez, vem do latim vindemia, de onde também se origina vendemmia, em italiano. Tal como no vinho, a moda vintage nos remete a um período e a uma história.

Peças com valores únicos

Recentemente, voltando de uma viagem à pequena ilha italiana de Capri, sentou-se ao meu lado uma pessoa que usava um anel vintage. Ele me contou, com um ar nostálgico, que aquela era uma peça de família e que nunca a tirava do dedo. Não estava tão disposto a conversar naquele momento, então apenas pude imaginar o quanto de história aquele anel poderia ter.

Esse é um daqueles efeitos que o vintage na moda pode nos proporcionar: ativar a imaginação, buscar por lembranças ou até mesmo carregar conosco a história de alguém.

As grandes marcas já entendiam o valor atemporal de uma roupa muito antes de entrar em voga a palavra vintage na cultura popular. É comum que, dentro de uma empresa de moda, exista um lugar onde se armazenam peças importantes de coleções passadas, aquelas peças icônicas, tanto da própria marca como de outras.

As peças vintage servem de inspiração para novas peças, repropostas com uma linguagem diferente, recriadas em futuras coleções.

A moda vem transformada, mas não esquecida.

LEIA TAMBÉM: A moda nos diz mais do que apenas o nosso gosto pelo vestir

De um tempo sob medida

Talvez fomos nós quem nos esquecemos o desenvolver da moda no decorrer dos séculos, quando inicialmente as roupas eram feitas sob medida. Era mais do que o simples cobrir-se, como se entendia antigamente. Nossos antepassados usavam peças únicas. Esse hábito foi ficando para traz com a chegada do “read-to-wear” ou “prêt-à-porter” (peças prontas para o uso, com distintos tamanhos padrões) e, nos tempos atuais, o fast fashion.

A visão de roupas como bens descartáveis acelerou a produção das marcas e também reduziu o tempo do desejo de consumo para uma nova compra.

Por outro lado, se você entrar em uma loja de peças antigas, talvez repare que o tempo ali é outro.

Isso não se deve apenas ao fato de que através das roupas podemos ir e vir a tantos momentos da História, mas porque você realmente precisa de tempo para decifrar toda aquela coleção de produtos.

Foto: Arquivo pessoal/Maria Emilia

Do passado para o futuro

A moda vintage, assim como as roupas de segunda mão (vendidas em brechós), passou a ser a moda do futuro. Esta é uma aposta de muitos profissionais do setor.

Outro dado que mostra isso é a mudança no perfil do consumidor. As pessoas não relacionam mais roupas vintage a roupas baratas ou sem qualidade.

Os consumidores começaram a entender o valor que tem o vintage, assim como o impacto da moda no meio ambiente. A pandemia acelerou a mudança nos nossos hábitos de consumo.

A riqueza está nos detalhes (e na história)

A moda vintage é um acervo único. Através dela, você encontra não só modelos, mas tecidos, botões fitas e detalhes que pertencem a distintas épocas e lugares.

Sem contar a possibilidade de colocar em prática a sua criatividade. Sim, porque podemos brincar com a moda.

Você pode se transformar em algum personagem por meio da roupa, vestir um pouco mais de autoestima ou, quem sabe, dar cor àquele artigo que você inicialmente nem imaginava comprar.

Um exercício legal para se fazer é: quando você estiver usando uma peça vintage, pare e pergunte a si mesmo que efeito essa roupa tem sobre você.

Amanhã pode ser a sua história que será vestida e recontada por um outro alguém.


MARIA EMILIA é ítalo-brasileira. Mora em Milão e é apaixonada pela filha Agata. Escreve a newsletter “A Moda Por Aqui” e compartilha novidades no LinkedIn (@emidacunha). Apesar de ser bacharel em Moda e de trabalhar na área, ainda segue indecisa sobre suas escolhas diárias ao abrir o guarda-roupa.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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