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A riqueza do olhar ancestral para alimentação
Megan Thomas | Unsplash
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Neste artigo:

“Os  padrões  tradicionais de alimentação resultam do acúmulo de conhecimentos sobre as variedades de plantas e de animais que mais bem se adaptaram às condições do clima e do solo, sobre as técnicas de produção que se mostraram mais produtivas e sustentáveis e sobre as combinações de alimentos e preparações culinárias que bem atendiam à saúde e ao paladar humanos.”

Você que me conhece ou me acompanha aqui nesta coluna, poderia jurar que essa frase acima é uma citação de algum texto clássico milenar do Ayurveda, certo? E se eu te disser que ela está no Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado em 2014, pelo Ministério da Saúde?

É muito interessante notar que as recomendações mais atuais da medicina e da nutrição moderna corroboram muitos ensinamentos ayurvédicos quando o assunto é alimentação.

No artigo de hoje eu vou te mostrar como hábitos muitos simples e antigos podem estar na base de uma alimentação saudável.

Descasque mais, desembale menos

Tradicionalmente nós só consumíamos comida de verdade, ou seja, comidas naturais e integrais, com predominância de produtos de origem vegetal.

Aliás, é exatamente isso que você vai observar se olhar para a alimentação de diversas populações tradicionais ao redor do mundo.

Sabemos que caçar ou mesmo criar animais para o consumo é algo que dá muito trabalho. De jeito nenhum nossos antepassados consumiam carne todos os dias, muito menos em todas as refeições.

Somente a realeza tinha acesso a uma alimentação farta e com maior consumo de carne. E veja só que interessante: algumas doenças acometiam quase que exclusivamente os nobres. Adivinhe o porquê. Sim, tudo a ver com os hábitos alimentares dessas pessoas.

A gota, por exemplo, era conhecida no passado como doença dos reis, justamente porque acometia indivíduos abastados, que tinham acesso a uma alimentação farta e bebidas alcóolicas.

A incidência da gota, bem como a de outras doenças (diabetes, câncer, doenças cardiovasculares) aumentou muito nos últimos anos, em grande parte por causa das mudanças nos padrões de alimentação, quando passamos a comer muito mais alimentos processados e ultraprocessados.

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Use temperos naturais

Na Índia, tradicionalmente cada família faz a sua própria masala, que em sânscrito significa literalmente mistura. A masala é a mistura de muitos temperos diferentes, sendo que algumas receitas chegam a levar 100 ingredientes.

Cúrcuma, gengibre, noz-moscada, pimenta-do-reino, dentre outros, são misturados em proporções específicas e cada família tem o seu tempero especial, que é a base para uma comida mais saborosa e saudável.

Lembra daquele segredinho de família, aquele tempero que só a vovó sabia fazer? Pois é, além de dar um toque todo especial no sabor, certamente ele trazia mais saúde para toda família.

Sabemos que alguns desses temperos naturais, quando misturados, atuam em sinergia e melhoram, por exemplo, a absorção de nutrientes. Mas se por um lado alguns alimentos têm uma sinergia positiva interessante, também é possível encontrar sinergias negativas.

No Ayurveda temos até um nome específico pra isso – viruddha ahara. Os alimentos quando mal combinados, ou quando preparados de maneira inadequada ficam incompatíveis, ou seja, um pode dificultar a digestão do outro.

Um exemplo clássico disso é o consumo de café junto com alimentos ricos em ferro. Já sabemos pela nutrição moderna que o café pode atuar como um antinutriente e prejudicar a absorção de ferro pelo organismo.

Regras da comida

Bem, eu já mencionei o “Guia alimentar para a população brasileira”, que corrobora muito bem a visão clássica ayurvédica e é uma importante diretriz de saúde pública no Brasil.

Mas além dessa publicação, existe um livro curtinho sobre o assunto, que que vale a pena deixar como dica aqui. Chama-se “Regras da comida: um manual da sabedoria alimentar”, do jornalista Michael Pollan.

Em 64 regras fáceis de serem observadas no cotidiano, Pollan aponta caminhos para quem quer se alimentar de forma saudável.

Por exemplo, se a sua avó não reconheceria algo como um alimento, então você também não deveria consumi-lo. Entram nessa lista toda sorte de comida ultraprocessada, cujos ingredientes a gente nem consegue pronunciar direito.

Pollan publicou também alguns outros títulos muito interessantes sobre o assunto, como  “Em Defesa da Comida” e “O Dilema do Onívoro”. Fica a dica caso você queira se aprofundar mais sobre o assunto.

Um grande abraço e lembrem-se sempre: SAÚDE É LIBERDADE!

Confira todos os textos da coluna de Matheus Macêdo em Vida Simples.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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