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Um texto para quem segue acessando o mundo mágico da infância
Durante a infância, tudo é mágico. Manter-se nesse estado é magia pura (Foto: Rui Xu/Unsplash)
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Quando tinha entre 7 e 8 anos, li um livro chamado Jardim Encantado. O livro era pequeno, como em uma edição pocket, e tinha uma capa verde água com o desenho de um portão, emoldurado por um jardim bonito e abstrato.

O livro contava a história de um grupo de crianças que atravessava um portão de um bosque perto de casa e se deparava com um mundo mágico.

Não me lembro exatamente o motivo de nunca ter esquecido esse livro, já que depois dele vieram tantos outros, mas de fato nunca o esqueci.

Hoje, ao tentar encontrar uma resposta para o meu apaixonamento de infância, ouso dizer que, de um jeito ou de outro, sempre soube que vivemos em um mundo encantado.

Convido cada um de vocês, então, a viver essa realidade comigo.

O mundo mágico de uma criança

As crianças pequenas veem diferente de nós adultos. Veem bichos em nuvens, castelos em montes de areia, histórias cheias de aventura na articulação de um ou dois bonecos inanimados.

Crianças têm a capacidade de ver o mundo invisível e em movimento. Por isso, para elas, tudo é possível, mágico. Sabem que por mais que as coisas pareçam estáticas ou paradas, basta adicionarem um pouco de imaginação que tudo se transforma.

Veem a história de um astronauta em um capacete de plástico, e o avião de um desbravador na pipa. Sabem que há muito mais do que os olhos veem.

Com o tempo, infelizmente, a maioria de nós perde essa capacidade. E tudo se tornou mais difícil, estático e altamente determinado. Como se as coisas fossem exatamente como são, e seria necessário muito esforço e trabalho duro para transformá-las.

Essa visão criou uma geração de adultos cansados, sem esperança e entediados. E principalmente, incrédulos, de suas capacidades de criarem.

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A liberdade de crescer acreditando na magia

Mas, esse apagamento não aconteceu com todos. Há um grupo que, apesar de ter crescido, ainda resiste e continuou vendo o mundo como algo mágico.

A despeito de todas as obrigações e dores de cabeça de uma vida adulta cheia de responsabilidades e desafios, eles continuaram vendo o que viam.

O mundo dos adultos requer explicação e aquilo que eles viam e sabiam, simplesmente por saber, precisava ser explicado. Caso contrário, os outros que não viam da mesma forma, os veriam como loucos ou ingênuos.

Não que isso fosse um problema – eles não precisavam ter razão. Mas por amor, gostariam que outras pessoas também enxergassem toda aquela beleza e, por isso, começaram a tentar explicar.

O espaço para a criatividade é uma folha em branco

Uma folha em branco é o espaço de todas as possibilidades. Tudo pode ser escrito e desenhado ali. Pode-se desenhar monstros e precipícios ou lagoas de água calma e céus estrelados. Um monte de argila também pode ser moldada para criar qualquer coisa, de uma caneca à uma bailarina.

O nosso mundo também é assim. Uma folha em branco, em que podemos criar o que quisermos. Muita coisa já foi rabiscada, desenhada por nós, por aqueles que vieram antes e pelo primeiro desenhista de sempre, mas há sempre oportunidade de desenharmos outras coisas, afinal, o lápis nunca se afasta de nossas mãos.

Alguns cientistas chamam essa folha de campo quântico. Outros chamam de campo unificado, ponto zero e até mesmo de universo.

Um campo composto de informação e de energia, constituído por átomos e partículas subatômicas, que são a fonte de tudo que foi, tudo que é e tudo o que será. Um campo de onde surgem todas as coisas. Desde as guerras até os acordos de paz. Desde a alegria até o sofrimento.

Cada pessoa tem seu estojo mágico

Para escrevermos nessa folha, precisamos ter um lápis, lapiseira ou caneta. Existem muitas cores possíveis e diferentes pontas que criam diferentes traços também. Cada um de nós tem um estojo, que contém todo o material que usamos para criar.

Alguns pesquisadores chamam esse material de campo eletromagnético, que é uma espécie de nuvem que nos envolve e a tudo que conhecemos e que repele ou atrai outros campos.

Esse campo, em nós humanos, é produto de nossos pensamentos, sentimentos, atos e das frequências e vibrações que emitimos.

Quando nosso campo eletromagnético está vibrando alto, fazemos desenhos bonitos. Quando nosso campo está com frequências baixas, nossa pintura sai borrada, pouco harmônica e feia.

Não podemos largar nosso lápis nunca. Mesmo quando estamos com preguiça de desenhar, estamos desenhando. Mesmo quando não sabemos desenhar ou estamos muito tristes ou irritados para criar, estamos criando. É como se fossemos uma fonte de criação que jorra sem parar.

Alguns desenhos ganham vida

Mundo mágico de uma criança

Despertar a curiosidade criativa de uma criança em sua forma de enxergar o mundo torna-o mágico (Foto: Alex Alvarez/Unsplash)

Mas nem tudo que desenhamos e escrevemos ganham vida. Alguns ficam guardados só para nós, assim como os escritos de um poeta que nunca foram publicadas ou mostrados para ninguém.

Muito dos traços, rabiscos e letras que fazemos ficam quietos em uma espécie de pasta particular, como aquelas de plástico e elástico que tínhamos quando íamos para a escola.

Outros vão para a exposição da escola, tornam-se livros expostos em livraria, canções para a namorada e quadros emoldurando a parede.

Cientistas como Einstein e Planck tentaram explicar porquê algumas obras ganhavam vida e outras não e acabaram descobrindo o princípio da dualidade onda-partícula.

Eles perceberam que os elétrons que compõem os átomos, que são a matéria de todas as coisas, algumas vezes se comportavam como ondas e outras vezes como partículas.

Quando estavam como ondas não eram vistos por nossos olhos, já quando estavam no estado de partículas, eram percebidos como blocos de matérias, mesmo que minúsculos.

Os desenhos que ganham vida e se materializam são aqueles que são manifestados como partículas, já aqueles que permanecem apenas guardados em nossa escrivaninha ou pensamentos continuam latentes como ondas. Algo que existe de forma potencial ou oculta, no campo quântico, mas que ainda não foi materializado.

Força de vontade para realizar o mágico

Desde pequenos, aprendemos que para tirar algo da nossa imaginação, precisamos de um pouco de determinação e trabalho.

Quantas e quantas vezes, imaginávamos navios, castelos e roupinhas para as nossas bonecas, mas sabíamos que, se não pegássemos o tecido e a tesoura, tudo aquilo não sairia do papel.

Para que nossas criações rascunhadas na folha branca da vida possam se manifestar, também precisamos colocar a mão na massa. Para que nossas artes se manifestem e concretizem, é preciso que a função onda se torne partícula. E para isso é preciso de atenção, intenção, alta vibração e ação.

Em 1802, um físico britânico chamado Thomas Young fez um experimento que comprovou que o átomo realmente pode se comportar como onda ou partícula e quem decide qual vai ser a sua forma é o observador.

Sim, nesse experimento chamado Dupla Fenda, foi verificado que a realidade é quântica e o que olhar do observador afeta a realidade. Dito de outra forma, é como se nossa atenção e intenção criassem e alterassem a realidade.

Se apropriando desses conceitos da física quântica e fazendo uma livre interpretação para explicar minha visão de mundo mágico (compartilhada por muitas e muitas outras pessoas!), entendo que dependendo da qualidade da vibração da atenção/intenção que direcionarmos a um tipo de criação, teremos mais chances dela ser publicada no dia a dia ou não.

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O observador do agora flui na criatividade

Vocês lembram como ficávamos quando estávamos entretidos com nossas brincadeiras de crianças? Toda a nossa atenção estava ali. Podíamos ficar por muito tempo envoltos naquele momento, quase que sem piscar. Estávamos totalmente inteiros, no momento presente.

E por estarmos assim, toda a nossa potência de pensamento, sentimento e ação estavam disponíveis. Sabíamos intuitivamente que o agora era o único momento em que realmente podíamos fazer as coisas acontecerem. E elas aconteciam. Éramos tão inventivos e criativos!

Com a passagem do tempo, muitos de nós perdemos a capacidade de se manter no presente. Muitos passaram a viver grande parte dos seus dias presos nos pensamentos de passado ou de futuro, sentindo-se com poucas forças para criar algo diferente. Aprisionados na realidade que viviam, com dificuldade de perceberem que havia muitas outras realidades possíveis.

Mas alguns pessoas adultas insistem em tentar permanecer no agora e por isso seguem criando coisas maravilhosas em suas vidas. Ao se posicionarem como observadoras de seus pensamentos e, principalmente, sentimentos, elas nutrem um campo magnético forte e de alta vibração que facilita a publicação de seus projetos mais lindos.

É o estado de presença consciente que permite que todas as possibilidades maravilhosas presentes no campo quântico se manifestem.

Infelizmente, estados permanentes de inconsciência em uma direção ou sentimentos negativos constantes também transformam as ondas em partículas e, portanto, em matéria, criando situações e eventos menos felizes.

Vivendo o mundo mágico

Acreditar e viver em um mundo quântico me deixa feliz. Não sou ingênua em acreditar que posso tudo. Muitas coisas não entendo e não consigo realizar, mas sinto-me mais ativa do que passiva nessa grande aventura que é a vida.

Percebo minha mente confusa quando estou angustiada e clara quando estou confiante. Sinto meu corpo relaxado quando sou abraçada e tenso quando estou constrangida.

Ouço as palavras cordiais brotando de minha boca quando estou em paz e as mais agitadas quando me sinto atacada. Por fim, sinto a energia circulando pelo meu ser, vibrando em notas potentes e harmônicas ou mais estridentes. E tudo isso que sinto internamente, também vejo do lado de fora.

Comprovo diariamente essa alquimia quando inicio um dia com minha mente conturbada e meu coração agitado, e vejo a realidade se apresentando mais confusa, errática e difícil do que o de costume. Por outro lado, sinto-me no flow, sintonizada e receptiva quando estou em paz e confiante.

Vejo um mundo mágico na minha vida a cada instante

E você, também vê assim? Ainda se percebe como uma criança explorando o mundo, curiosa com todas as coisas que encontra, cheia de criatividade e certa de que é um super-herói ou uma heroína que tem asas e pode voar? Mesmo que às vezes se atrapalhe e faça tudo diferente do que queria?

Se sim, somos da mesma tribo. Algumas vezes batemos cabeça, não entendemos o resultado, temos dificuldade de criar algo, mas mesmo assim, sabemos que podemos. E saber que podemos, é o princípio da responsabilidade, qualidade fundamental do adulto que somos.

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