Um amigo para conversar
É bom ter com quem se divertir, mas também é essencial cultivar os laços nos quais há trocas profundas e evolução

Minha prioridade era brincar. Era assim que eu vivia quando criança. À medida que fui crescendo, entre uma brincadeira e outra, entravam tarefas e deveres, mas minha mente buscava a diversão. Conforme o meu mundo foi se expandindo, fui sendo exposto a novas informações e conhecendo pessoas. E foi assim que fui começando desenvolver meus círculos de amizade. Mas, como minha mentalidade na época girava em torno de diversão e brincadeira, meus amigos naturalmente eram aqueles com os quais eu conseguia me divertir mais.
Como menino que era, houve uma época em que diversão não tinha mais a ver com brincar, mas com fazer piadas e dar risadas. E esse foi um dos critérios que utilizei para fazer amizades. Algumas dessas amizades se tornavam mais profundas e, como amigos, podíamos compartilhar mais coisas juntos. Mas a verdade é que a maioria era apenas pela diversão.
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O tempo passou, a vida adulta chegou e, com ela, muitas responsabilidades, desafios e um chamado da vida para viver de forma diferente. Em determinado momento, me vi sozinho, sem ter com quem conversar sobre as coisas pelas quais estava passando. Não que meus amigos não quisessem falar sobre isso, era mais que eu não sabia sequer como abordar ou iniciar uma conversa dessas. Nossas amizades eram baseadas em outra estrutura. Era bom estar com os amigos para me distrair, dar risada e não pensar nos problemas. Mas, quando voltava para casa, era novamente eu comigo mesmo, sem ter com quem conversar.
A reflexão que quero propor aqui é que talvez o que significava uma boa amizade na infância e os critérios que usamos na adolescência para definir quem queremos ter por perto precisam ser atualizados. Depois de adultos, é legal ter pessoas com quem dar risada e que nos lembrem do nosso passado. Mas é importante, saudável e até necessário que tenhamos amigos com a capacidade de dialogar sobre outros assuntos. Pessoas que saibam falar sobre o que sentem, acolher o que você vive e que tragam perspectivas mais amplas e profundas sobre sua própria vida. São amigos que nos ajudam a evoluir. Que nos empurram em direção à nossa melhor versão.
Homens costumam ter mais dificuldade que as mulheres em criar esses vínculos e alcançar tal nível de profundidade. Mas acredito ser fundamental que uma mudança tão preciosa como essa aconteça.
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