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Só o essencial: Uma história que não canso de contar
Marek Rucinski uma mulher está deitada em uma rede com uma xícara de chá na mão. Ela tem cabelo loiro, embor a a foto tenha sido feita de cima.
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Neste artigo:

A diminuição dos excessos favorece intencionalmente as coisas que mais valorizamos removendo tudo o que nos distrai dessas coisas. 


Já faz alguns anos que resolvi minimizar minha vida por perceber o tempo que eu desperdiçava lidando com excessos. Quando me vi neste processo, não poderia imaginar a transformação que essa ação traria ao meu redor. Naquela época, confesso que não sabia muito bem o que esperar de tudo que estava por vir. Não sabia ao certo se estava pronta. Precisava urgentemente me livrar de tudo que me transbordava. Que não me deixava alcançar o que eu realmente queria. Viver com menos. Em todos os sentidos.

Comecei pelo material. Minimizando o lugar onde eu morava. Armários, gavetas, caixas, ambientes inteiros. Pertences que já não exerciam mais sua função perderam a força de se manterem necessários dando suporte no meu cotidiano. Enquanto eram retirados dos espaços que os abrigavam, tudo ia se transformando. Um cenário em mutação.

Assim de cara doeu no peito. Senti um vazio, seria só isso? Não. A leveza chegou. Surpreendentemente acompanhada da percepção de quem realmente sou. Mágica pura.

Novos propósitos surgiram em minha mente. Abrindo espaço para as coisas que eu queria fazer. Tema principal do momento. Assim entendi que queria passar mais tempo comigo mesma e seguir neste movimento. 

Minimizar não tira tudo

Diminuir me transformou e mudou tudo pra mim. Criou espaço para as coisas boas surgirem. Dentro e fora de mim. Sabe aquelas coisas que a gente passa uma vida desejando e não podendo ter? Ou quando nos agarramos a coisas prazerosas que não podemos manter? Sem o sofrimento do desejo de ter, só fui ser. Assim minha força aumentou. Hoje em dia, sinto que desperdiço menos tempo, dinheiro e energia pensando, comprando e cuidando de bens materiais dos quais não preciso. Bem como de emoções que não me dizem mais nada.

Minimizar não tira tudo. Somente o que é desnecessário. Nos leva de encontro a nós mesmos, e com a questão do que vamos fazer com o resto de nossas vidas. Coisa que jamais pensei ser possível de realizar diante de uma ação tão simples.

Desta maneira, passei a observar que enquanto o materialismo me paralisou, me deixando de mãos atadas e permitindo que no máximo fantasiasse em fazer algumas das grandes coisas que tinha em vista, a minimização construiu. Uma ponte. Para realmente me fazer alcançar essas coisas. E hoje em dia entendo que cabe somente a nós cruzarmos essa ponte.

Hoje em dia, sinto que desperdiço menos tempo, dinheiro e energia pensando, comprando e cuidando de bens materiais dos quais não preciso.

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Reduzir os excessos ajudou a trazer à tona meus objetivos facilitando um atalho em direção a eles. Diariamente me convido a rever e reformular os mesmos sempre que necessário para agir de acordo com o propósito que adquiri.

Entendi que o minimalismo não nos causa mudança sozinho. Ele cria meios hábeis para que se torne mais tranquilo mudarmos a nós mesmos. Oferece recursos mais do que abundantes para usarmos onde quisermos. Acredite. Em qualquer área da vida.

Criar uma atmosfera minimalista tanto fora quanto dentro da gente, não é um fim em si mesmo. Claro que ter um lugar organizado para morar é ótimo. Mas mais do que isso, o minimalismo é um caminho para um propósito, uma vida de paixões recém resgatadas, de propósitos, um contorno de vida para buscar as coisas que realmente importam. 

Acredito que como coletivo, desperdiçamos esses itens acumulando bens materiais que com o tempo nem percebemos que estão lá. Isso é um perigo porque deixamos de lado tudo de bom que poderíamos conseguir se deixássemos esses recursos livres para coisas melhores.

Alegre empenho

Ao invés de continuar apenas desejando ou sonhando, continuo minimizando! Hoje sou uma pessoa melhor. Tenho menos coisas. Aliviei o peso sobre minha vida para que eu pudesse realizar mais do que gosto

Minha motivação? Por incrível que pareça, foram os excessos, que ajudaram a potencializar a jornada quando conectados com algo maior que eu mesma. 

Uma história pessoal que poderia caber a qualquer um.


CLÔ AZEVEDO (@cloazevedo_designafetivo) é arquiteta e acredita que a casa é uma extensão das vidas que a habitam. Desenvolve projetos de design de interiores afetivos para conectar pessoas com suas histórias, inspirando a reinventar seu próprio espaço, morar bem e viver melhor. Seu site é designafetivo.com.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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