Renunciar faz parte das escolhas de carreira de cada um
Refletir sobre nossas escolhas é lançar luz àquilo que é primordial em nossa vida e na de quem nos cerca; e saber renunciar é a chave para uma mente saudável e conectada com o presente
Sábado, véspera de mais um jogo importante para o meu clube e, portanto, de mais um momento para renunciar. Preparo-me para sair pela manhã, como sempre, mas dessa vez só voltaria no domingo bem tarde, quando, provavelmente, meus filhos já teriam adormecido.
João Pedro, meu caçula, viciado em futebol, com uma bola no pé às oito da manhã, me disse: “papa, joga futebol comigo?”. E então respondi: “filho, só dois chutes porque o papai precisa ir”. Esperto, ele logo me rebateu: “eu não quero que você vá”, me direcionando um olhar quase que pedindo “por favor” para brincar.
Vale ressaltar: ele sempre fica muito empolgado com meus jogos, o que afaga meu coração. Não é a primeira e nem será a última vez que ouvirei essa fala. Miguel, meu filho mais velho, sempre questiona o porquê de não passarmos juntos a maioria dos finais de semana e datas comemorativas.
A carreira de atleta de futebol, quando bem-sucedida, te dá condições financeiras acima da média. Contudo, é cada vez menor a possibilidade de desfrutar de momentos com a família e os amigos, quase uma hipoteca das coisas simples e que têm muito valor.
É difícil explicar para meus filhos que esses sacrifícios lhes dão acesso a oportunidades que eu nunca tive e que a maioria das pessoas também não tem. Esse é um privilégio que há de se reconhecer.
Porém, com o passar do tempo, tenho mais convicção de que há momentos para tudo, e é necessário entender quando acelerar, investir em si e insistir. Mas também quando desacelerar e, como diz o escritor e músico Pedro Salomão: “não fazer o tempo faltar”.
Escolher também implica em renunciar
Visto de fora, futebolistas podem ter uma vida de mordomias. No entanto, como em qualquer trabalho, é necessário renunciar de coisas muito valiosas, por um bom tempo, e esperar que a vida te permita recuperá-las lá na frente.
Cada um tem a sua luta e as suas dificuldades. Quando mudamos o ponto, a vista também muda e é possível reconhecer que, independente da posição que alguém esteja naquele momento, nada vem fácil. Há sempre um lado que quase ninguém vê.
E você: do que abre mão ou o que sacrifica em seu dia a dia e em sua vida para ter mais tempo com sua família? E para ser uma pessoa bem-sucedida no trabalho, o que você tem feito? No fim das contas, o que pesa mais em sua vida?
Refletir sobre esses pontos nos faz relembrar nossas importâncias, ajuda a respirar melhor e a aceitar melhor os caminhos que escolhemos seguir.
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