Quantas coisas você já perdeu por medo de perder?
Inovar não é sobre correr riscos extremos, é sobre permitir que o novo tenha espaço. É sobre trocar as respostas que não funcionam mais por novas possibilidades de acertar
Todo mundo tem um amigo que perdeu a chance de mudar de emprego porque ficou com medo do salário ser mais baixo, do chefe ser carrasco e dos colegas não serem tão colegas assim. Sem saber como seria, preferiu nem arriscar.
Todo mundo conhece alguém que sempre vai nos mesmos restaurantes, com medo de trocar aquele velho prato preferido. E daí nunca conhece nenhum lugar novo, mas admira quem descobre novos e incríveis sabores. Tem também aquele parente que nunca viaja para um destino novo, não muda o trajeto que faz para ir aos lugares e nem tem coragem de mudar de casa, quanto mais de cidade ou de país, mas adora ver o programa de TV que fala sobre novos destinos.
Dentre tantos conhecidos que preferem não arriscar, certamente tem ao menos um que sempre troca o tédio pelo duvidoso. Que prefere dois pássaros voando do que um triste na mão. Que sabe que a gente só teme perder o que, de verdade, não tem. A diferença entre um e outro está no foco. Enquanto de um lado o foco está em ter um resultado, do outro, o importante é dar chance ao processo que pode levar ao resultado. Um quer garantias, quer certezas e nada além do esperado. O outro, sabe que o mundo é feito de possibilidades e que a única certeza é que nada é garantido. Mesmo com medo, talvez devêssemos abrir espaço para mais “pode ser”, ao invés de mantermos o que não está nos deixando satisfeitos.
É preferível a possibilidade de que algo vai mudar pra melhor do que a certeza de que tudo ficará como está. Talvez, a chance de provar uma comida gostosa hoje seja mais saborosa do que a certeza de que o gosto será o mesmo de ontem. E ainda, que a experiência de descobrir um lugar novo seja mais agradável do que ir e passar pelo mesmo lugar de sempre. Já parou para pensar quantas coisas você já perdeu por medo de perder?
Inovar não é sobre correr riscos extremos, é sobre permitir que o novo tenha espaço. É sobre trocar as respostas que não funcionam mais por novas possibilidades de acertar. É se mover, por saber que a única forma de chegar a um novo lugar é saindo de onde está.
Tiago Belotte é fundador e curador de conhecimento no CoolHow – laboratório de educação corporativa que auxilia pessoas e negócios a se conectarem com as novas habilidades da Nova Economia. É também professor de pesquisa e análise de tendências na PUC Minas e no Uni-BH. Seu instagram é @tiago_belotte. Escreve nesta coluna quinzenalmente, às sextas-feiras.
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