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Quando não é você que está usando a tecnologia, é ela que está usando você
Ipopba | IStock Man using mobile smart phone with global network connection, Technology, innovative and communication concept.
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Um uso ativo e saudável da tecnologia pode ser resumido em três pontos: escolhas conscientes, intencionalidade e atenção ativa.

O que eu vim fazer aqui? Quem nunca se fez essa pergunta depois de horas rolando o feed, passando stories ou reels, todos os vídeos “for you” no TikTok ou assistindo os recomendados no YouTube? Das muitas horas que passamos conectado, em quantas nós sabemos exatamente o que estamos fazendo? Somos o país mais conectado do mundo, com mais de nove horas diárias gastas na internet. Muitas delas sem um objetivo específico. Consumidas pela distração. Deveríamos corrigir os estudiosos e pedir que ao invés de Era da Atenção eles comecem a chamar nosso tempo de Era da Desatenção?

Na evolução da nossa relação com a tecnologia, o caminho, segundo a proposta de alfabetização digital, é que sejamos autônomos e protagonistas, à medida que nos tornamos mais fluentes na linguagem desse novo mundo. Gosto muito dessa imagem, de uma viagem para um novo mundo, cheio de possibilidades que nos deixam animados. Com diversos convites, estímulos e provocações, para embarcarmos e nos engajarmos em diferentes atividades.

Escolhas conscientes

Sabe aquelas viagens em excursão, que a pessoa da empresa veste um uniforme com bonezinho, carrega uma bandeira e um microfone com caixinha de som pendurada na cintura? Daquele tipo que a programação inteira do seu dia está nas mãos dessa pessoa e ela fica te apressando, fazendo tudo parecer legal com o tom animado que aplica na voz, mas que você não tem certeza se é tão legal assim. Aliás, você até gostaria de ir para outro lugar, mas não consegue se livrar da corrente que te arrasta no meio do grupo. Então esse mundo é a internet e essa pessoa líder de excursão são os aplicativos que você usa.

tecnologia

Crédito: Rami al Zayat | Unsplash

Por isso, acredito que é chegada a hora de largar a mão do guia da viagem, para passarmos a escolhermos melhor o que vamos fazer com o tempo que temos nesse novo mundo. Nossas escolhas podem ser mais conscientes. Preciso mesmo dessa nova rede social? Vou criar mais uma conta ou não dou conta? Esse novo aplicativo é para facilitar ou vai complicar minha vida?

Passada essa fase de curadoria de apps, hora de usar com intenção. Uma das grandes dicas de programas de detox digital é essa: antes de abrir, pergunte-se para quê. Porque com o tempo, a gente adquiriu esse automatismo. Como a geladeira que abríamos quando éramos criança sem objetivo. Minutos olhando para o interior, até fechar a porta, sem ter feito nada. Quem nunca, né? Sabe qual a diferença? A geladeira não te chama de volta. Não desperta em você a sensação de que da próxima vez que abrir vai ser melhor. As redes sociais fazem isso. E te fazem perder um bom tempo lá dentro, quando você não faz com intenção.

Todavia, só intencionalidade não basta.

Atenção ativa ou voluntária é esforço para manter o foco na atividade ou no objetivo. É continuar tomando decisões e fazendo escolhas guiadas pela intenção primeira.

Vou fechar o aplicativo, porque queria apenas responder as mensagens e já terminei. Posso parar agora de ver os vídeos, o tempo que tinha separado para esse momento já acabou. Em ambas as frases, fica claro quem é o sujeito. Na nossa interação com a tecnologia, deveria ser sempre assim. Nós, sempre fazendo uso dela, nunca o contrário.

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