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Por que existem produtos veganos que parecem carne?
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Alana Rox visitou uma das maiores feiras de produtos à base de plantas do mundo e viu diversas novidades do mercado alimentício que imitam carne, mas não são oriundas do sofrimento animal. Neste texto, a colunista explica por que existe existem essas opções de produtos veganos que parecem carne, mas não são.


Há poucas semanas estive em Nova York para a Plant Based World Expo, uma feira de produtos à base de plantas, veganos.

Foi a maior concentração de produtos análogos à proteína animal que eu já presenciei.

Carne que parece mais carne do que carne (e sangra), só que feita de ervilha.

Camarão feito de feijão mungo. Frangos, salsichas, nuggets, bacon e também queijos, iogurtes, sorvetes, chocolates e tudo que você gostaria de comer em versão cruelty free.

Eu nunca comi animais, desde bebê. Por isso, não tenho referência, nem hábito ou vontade de comer.

Mas eu comia queijos e derivados de leite, assim como ovos. É tudo realmente transformador, ousado e muito impressionante. O foco da indústria não é o vegano, mas os “flexitarianos” (aqueles que querem parar de comer animais e derivados pelo menos algumas vezes por semana, por saúde, responsabilidade ambiental ou empatia animal).

A quantidade de restaurantes veganos espetaculares na Big Apple é de emocionar. Mercados, sorveterias, bistrôs descolados e elegantes para almoçar e jantar estão por todos os lados.

Até o Eleven Madison Park, três estrelas Michelin, considerado em 2017 o melhor restaurante do mundo, se tornou vegano durante a pandemia e foi notícia no mundo inteiro por causa disso. O chef Daniel Humm despertou. E como ele, seu restaurante. Eu estive lá prestigiando e ele disse que precisava fazer algo pelo Planeta e pelas pessoas. Em seu restaurante, nenhum análogo. Nele as estrelas são os vegetais, flores, sementes, legumes. Uma alquimia delicada e criativa.

Comi em muitos lugares: amei a Riverdell queijaria de plantas e comi o melhor croissant com queijo e ovo da minha vida num mercadinho vegano bem simples chamado Orchard Grocer.

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O Brasil não fica atrás não! Temos restaurantes veganos maravilhosos, opções veganas em todos os lugares, mercadinhos 100% veganos e eu tenho um orgulho enorme de ter fundado o restaurante vegano mais premiado do Brasil.

Mas, afinal, por que veganos adoram comer o que parece mas não é?

Parece carne, mas é vegano

Sim, veganos piram com um hambúrguer realista de plantas, queijo de castanhas que puxa e derrete, coxinha de jaca que parece frango.

A gente pira mesmo.

Aí a pessoa diz: “mas então come o de verdade mesmo. Se você gosta, come então. Por que ficam imitando?”

Vamos lá, vou explicar se você ainda não nos entendeu.

Crianças são ensinadas a comer animais e derivados antes de terem consciência do que comem.

Se soubessem que a salsicha é o animalzinho fofo que elas amam, jamais comeriam.

Não temos o instinto de matar para comer, porque não somos carnívoros. Nosso corpo tolera, até começar a ter problemas, doenças e se descobrir intolerante. Pessoas passam a vida sem fazer a conexão que o presunto do misto-quente é o porquinho fofo. A maioria não sabe que centenas de bilhões de animais morrem na indústria do leite e do ovo. Não sabe que o planeta está entrando em colapso por causa da devastação que essa indústria da morte gera. Porque isso não está escancarado nas TVs. Porque não é interesse de quem mais lucra com a indústria de animais, não é? Que vai da alimentícia a cosméticos, vestuários etc.

Pessoas como eu dedicam a vida para que outras pessoas despertem do pesadelo que mata sua saúde aos poucos, mata trilhões de animais por ano, mata o planeta. Você ainda acha que sua natureza é carnívora e precisa de carne? Feche os olhos e se imagine mordendo um cordeirinho fofo que vem te pedir um carinho. Pois é.

Ah… O homem, este grande caçador de bandejas de supermercado.

Quando as pessoas fazem a conexão do que comem, o paladar e o hábito de comer animais e derivados ainda existem! Existe a consciência de não querer comer animais e também o paladar enraizado de querer comer. Por isso a importância de existirem produtos análogos. Na transição para a vida de saúde e amor, muitas pessoas vão precisar desses produtos. Seja um bife que sangra com extrato de beterraba como se fosse uma picanha, seja um ovo realista à base de feijão mungo transformado em laboratório.

Ser vegano é uma escolha moral, é uma escolha pelo outro. É trazer a responsabilidade para si que cada atitude individual impacta e afeta o coletivo.

Em pouco menos de 20 anos, precisaremos de território equivalente à quatro Europas para plantar comida para alimentar os animais que servem de comida para uma população que será de 10 bilhões. Não teremos água, pois grande parte da poluição das águas vem também da pecuária.

Hoje 80% da produção de comida do mundo vai para os animais. Se pessoas reduzissem em 50% seu consumo, 2 bilhões de pessoas teriam o que comer.

Ah, mas carne vegetal é saudável? Saiu ontem uma pesquisa do The Good Food Institute comparando carne vegetal à carne animal. E sim, carne vegetal ganha disparadamente em questões de saúde.

Veganos não deixam de comer queijo porque não gostam

Nós não comemos por consciência disso tudo, por respeito ao outro, por amor aos animais, por compaixão.

Amo requeijão e queijo, sempre amei e passei anos desenvolvendo opções.

Veganos comem o que “parece, mas não é” porque também amam comer tudo o que você come. Nós não deixamos de comer porque um dia acordamos e deixamos de gostar.

Nós paramos de comer por amor: porque sabemos que bilhões de seres vão poder continuar tendo seus corações batendo junto de suas famílias, sem precisar morrer por um prazer individual desnecessário. Humanos não precisam comer animais em nenhuma fase de suas vidas.

A indústria revolucionária plant based é a que mais cresce no mundo.

Se você está pensando: “eu jamais conseguiria ser vegano”, saiba cada um dos milhões de veganos pelo mundo hoje também disse isso.

Amamos a vida, amamos os animais, amamos nosso Planeta.

Sabe por que amamos comer o-que-parece-mas-não-é? Porque AMAMOS.


ALANA ROX (@alana_rox) é autora dos best-sellers Diário de Uma Vegana e Diário de Uma Vegana 2, além de apresentadora de duas temporadas do primeiro programa vegano de TV do mundo, no canal GNT. Empresária, palestrante, fundadora do premiado restaurante Purana em SP. Também atua como embaixadora da ONG de proteção animal Mercy For Animals e embaixadora da Baims, marca de maquiagens veganas e sustentáveis. Alana é, principalmente, uma ativista através de um discurso amoroso, consciente e coerente.

Leia todos os textos da coluna de Alana Rox em Vida Simples.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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