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Pequenos rituais amorosos que parecem besteira, mas não são
Comemos caqui numa chamada de vídeo. Parece besteira, mas não é (Foto: Jade B./Unsplash)
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Acabei de comer um caqui. Pode parecer besteira, mas não é. Toda sexta, passo na feira, no final da manhã e, na época dessa fruta, compro duas caixas de caqui: uma para mim e outra para ele.

Alguns dias, combinamos de comer juntos. Então, fa­zemos uma ligação por vídeo e saborea­mos, cada um na sua cozinha, um caqui.

Gostamos do tipo que é bem mole, doce e se desfaz facilmente. Outro dia, pesqui­sando, descobrimos que se chama caqui de Taubaté. Pode parecer besteira, mas não é.

Queríamos descobrir para poder ter uma árvore do tal caqui no quintal da casinha, que vamos comprar em breve, no interior de São Paulo. Um lugar para estar e envelhecer, um ao lado do outro.

Semana passada fomos a um festival de música. Pode parecer besteira, mas não é. Assistimos ao show de uma banda ca­nadense que aprendemos a gostar juntos.

Chovia. Usamos as capas de chuva que eu havia comprado meses antes para outro show. Ficamos encharcados, pulamos, can­tamos e gritamos como se tivéssemos 15 anos. Temos mais de 50.

Seguimos para a casa dele ainda recitando os versos das canções. Depois de um banho quente, dois sanduíches de salame com queijo frios. Um refrigerante para cada um. Pode parecer besteira, mas não é. O pão usado era fres­co.

Havia comprado na padaria antes de encontrá-lo, porque sei que ele o adora. Sempre que durmo na sua casa, ele pre­para café no coador de pano. O suficiente para duas xícaras.

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Ele pega duas fatias de pão, as preenche com manteiga e esquen­ta por tempo suficiente, no forno elétri­co, para que fiquem levemente crocantes. Pego a geleia na geladeira e passo na mi­nha fatia.

Comemos entre goles de café, sorrindo enquanto nossos olhos se encon­tram, em pé, no meio da cozinha. Pode pa­recer besteira, mas não é.

Marcos é amor maduro. Estamos juntos há dois anos e meio. Ambos colecionamos latinhas ilustradas e corações partidos.

Adoramos conversar e beber vinho deita­dos no chão, olhando as estrelas, mesmo que elas sejam feitas pelo pequeno proje­tor de luz dos tempos dele de músico de banda. Pode parecer besteira, mas não é. Cultivamos pequenos rituais.

Neles, tudo cabe, independente da idade, do tempo, do chão da cozinha frio e das nossas vozes desafinadas ao cantar. Nada disso é bes­teira. Tudo isso é amor. Intenso e bonito. Como se fosse a primeira vez. E talvez seja.

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Conteúdo publicado originalmente na Edição 267 da Vida Simples

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