No que você deseja acreditar?

“Mãe, o Muri falou que Papai Noel não existe. Que são os pais que compram os presentes para as crianças”, me disse assim, à queima-roupa, o meu filho Ben. Quando nos tornamos mães e pais, muitas escolhas precisam ser feitas – das mais diversas magnitudes – e uma delas envolve: acreditar (ou não) em Papai Noel. É claro que tem escolhas, como esta, com prazo de validade. Os anos voaram e me dei conta, ontem, que esta fantasia está prestes a acabar para o meu garoto de seis anos.

“Ah, é, filho?”, respondi, como quem escuta uma novidade. “Sim. Ele disse que não ganha os presentes que pede. Eu disse pra ele que nem sempre dá pro Papai Noel trazer o que a gente pediu, mas que ele traz outra coisa que ele pode”, Ben continuou. E me perguntou: “Mas Papai Noel não existe?”. A gente se prepara para muitas situações da vida, mas, para esta, acho que eu não estava preparada. Respirei. “Filho, tem coisas que existem para quem acredita. Você acredita em Papai Noel?”. “Sim, mãe”. “Então para você, ele existe”. E um sorriso apareceu naqueles olhinhos de jabuticaba.

A importância de acreditar

Bem, você e eu sabemos – vou falar baixinho – que Papai Noel não existe. Não exatamente como o imaginário sugere que seja o bom velhinho. Barba branca, barriga avantajada, roupas vermelhas, “rou, rou, rou”… Mas quando penso nas diversas pessoas solidárias que fazem o Natal de muitas crianças ser mais feliz, que se doam ao próximo e que tornam essa data um pouco mais cheia de esperança, penso que esse espírito se manifesta de um jeito muito verdadeiro. E real.

Dizer para o Ben que, se ele acreditava, então para ele existia, também foi um jeito de defender que, na vida, para que algo aconteça, antes de tudo a gente também precisa acreditar. Quantos sonhos nossos podem parecer tão irreais quanto acreditar em Papai Noel, mas que, ainda assim, merecem nossa confiança? Será que um desejo meu deveria perder a força quando alguém de fora não acredita nele?

Depois disso, comecei a pensar nas tantas coisas que, porque eu acreditava, de alguma maneira elas existiam. E fizeram a minha existência e confiança na vida serem maiores. No fim das contas, acreditar pode ser o primeiro passo para tornar real o que a gente deseja – dos pequenos aos grandes desejos.

Mas nem sempre temos o que a gente pede – como o Ben contou ao coleguinha da escola. Às vezes, recebemos o que é possível. E tudo bem.

No que você deseja acreditar?

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