Não precisamos de pessoas canceladas, precisamos de pessoas melhores
A pessoa cometeu um erro e o cancelamento é uma maneira dela perceber o quão grave isso parece aos outros, Mas, pessoas mudam, evoluem e podem sim, se tornar melhores
A pessoa cometeu um erro e o cancelamento é uma maneira dela perceber o quão grave isso parece aos outros. Mas, pessoas mudam, evoluem e podem sim, se tornar melhores
Havia uma pessoa, uma lâmpada e um gênio. A pessoa tinha direito a um pedido, o gênio poderia atendê-lo. A pessoa poderia obter fama, dinheiro e uma vida, aparentemente feliz, através desse desejo. E o gênio curtiria muito ajudá-la. Atenderia seu desejo, acompanharia seus passos e vigiaria sua felicidade. No entanto, havia um problema. Caso cometesse algum erro, o gênio cancelaria tudo e a pessoa perderia mais do que havia ganhado.
A história parecia boa, mas é triste. O gênio somos nós, a internet é a lâmpada e a pessoa representa os cancelados digitais. Sim. Todo dia nós entramos na internet e cancelamos ou assistimos alguém ser cancelado. Às vezes cancelado, por outras eliminado, riscado, nulo, sem valor. Caso você, como eu, goste de uma definição do dicionário para entender o peso de uma palavra.
Pessoas podem se tornar melhores
Certo, eu entendo. A pessoa cometeu um erro e o cancelamento é uma maneira dela perceber o quão grave isso parece aos outros. É uma forma de puni-la. Mas que internet você quer? Uma que se pareça com um tribunal sumário ou uma que se pareça com uma escola? Prefiro a escola. Lugar em que pessoas cometem erros, mas tem outras oportunidades de aprender. Espaço que só cabem dois papeis: professores ou aprendizes. Pessoas mudam, evoluem e podem sim, se tornar melhores. Aliás, será que quando cancelamos alguém, estamos nos baseando em valores universais ou naquilo que é importante pra nós mesmos, mas não leva em conta a perspectiva do outro?
Engana-se quem chegou a essa altura do texto acreditando que estou a defender quem já foi cancelado. Não. Estou advogando por nossa humanidade comum. Por nossas falhas, por nossa capacidade de aprender e de acreditar na mudança do outro. Se eu pudesse escolher, gostaria que não tivéssemos mais pessoas canceladas e que nos ajudássemos a ser pessoas melhores. Já tenho o desejo, mas ainda me faltam a lâmpada e o gênio.
Tiago Belotte é fundador e curador de conhecimento no CoolHow – laboratório de educação corporativa que auxilia pessoas e negócios a se conectarem com as novas habilidades da Nova Economia. É também professor de pesquisa e análise de tendências na PUC Minas e no Uni-BH. Seu instagram é @tiago_belotte. Escreve nesta coluna quinzenalmente, aos sábados.
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