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Menos competição e mais união: o apoio entre mães
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Neste artigo:

Nesta coluna, Thais Basile fala sobre a competição feminina e sobre como essa cultura é danosa para a vida das pessoas. Ela também aborda importância da união das mulheres, especialmente das mães.

Nós, mulheres, que há milênios fomos colocadas na posição de principal cuidadoras dos filhos, diariamente nos deparamos com cobranças sobre a forma de cuidado que dispensamos aos nossos filhos, cobranças essas vindas também de mulheres.

Isso acontece porque foi plantada em nós a semente da competição feminina, uma potente forma de controle feita por nós a nós mesmas, diante das normas patriarcais de educação e criação dos filhos.

A mãe será cobrada a dar conta da parte material da criação, da manutenção real da vida no dia a dia e do planejamento diário, além de toda carga emocional de emprestar seu tempo, seu ego e seu corpo para que a criança se desenvolva bem. Mãe é ensinada a viver no presente mirando no futuro, prevenindo doenças, pensando em que tipo de adulto aquele filho se tornará diante dos exemplos que ela dará, se preocupando com notas, performance, limpeza e asseio, comportamentos desviantes e muitas outras coisas que, de tão normalizadas, escapam da conta.

Mães também são levadas a educar preparando para “um mundo cruel lá fora”, ou seja, são convocadas a serem violentas com seus próprios filhos para (na teoria) os dessensibilizar para viver nesse mundo. Aprendemos desde cedo que mãe educa e adequa às normas sociais, para que os filhos “sofram menos” (será que adequados a um mundo doente, sofrerão menos, ou apenas sofrerão parecido com todo mundo?).

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A todo momento nossa ação dentro e fora de casa está sob escrutínio de todas as outras pessoas, incluindo mulheres que apesar de reproduzir esse controle, nunca se beneficiam dele, porque também são cobradas e exigidas na mesma medida.

O patriarcado pune as mulheres mães desviantes, as que cobram homens-pais a serem pais de verdade, as que se recusam a violentar seus próprios filhos em nome de um ideal de comportamento e em nome da dessensibilização à violência e ao autoritarismo, as que se recusam a dar conta de tudo sem reclamar e protestar. Estas sofrerão represálias emocionais, verbais, serão colocadas no lugar de “menos mãe”, serão acusadas de não amar seus filhos (já que o amor está vinculado ao sacrifício, para as mulheres) e serão colocadas no lugar de culpadas e responsabilizadas por qualquer coisa que a criança fizer que saia do script, já que ela mesma não seguiu o script que a sociedade lhe apresentou.

A classe feminina é a menos unida de todas as classes vulnerabilizadas, talvez porque a misoginia seja a forma de violência mais aceita na sociedade e a menos percebida pelas pessoas, de tão naturalizada. Mas podemos não só perceber, como nomear as micro e macro violências que sofremos, os silenciamento, as invisibilizações, as culpabilizações, as competições, para assim tentar combater e quem sabe conseguir recusar passar por tudo isso. Nós precisamos umas das outras, a união é um caminho muito possível para a nossa libertação pessoal e social.

Leia todos os textos da coluna de Thais Basile em Vida Simples.


THAIS BASILE é psicanalista, escritora, especialista em psicopedagogia institucional, palestrante, feminista pelos direitos das mulheres e crianças e mãe da Lorena. Compartilha um saber para uma educação mais respeitosa no @educacaoparaapaz.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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