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“Império da Dor”: minissérie expõe crítica à indústria farmacêutica
divulgação/netflix
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Muito temos falado em saúde mental e é bom que o assunto venha à tona cada vez mais. Falar dele é cuidar do corpo e da mente — e cada um sabe o quanto dói a sua própria dor. Ninguém, além de você, é capaz de mensurar isso. Mas depois de maratonar, literalmente, a minissérie de seis episódios “Império da Dor” (Netflix), fiquei pensando nesse mecanismo perverso que a dor causa em nós e que, muitas vezes, nos leva a fazer escolhas que terão consequências difíceis de contornar.

Fiquei pensando se traria essa série dura para a coluna, mas o tema envolve não só nosso bem-estar, como também das pessoas que a gente ama. E pensar sobre ele através do cinema é uma oportunidade, como sempre digo, de assistir a um ótimo entretenimento e refletir sobre sua dimensão no dia a dia.

Menos dor, mais prazer

Isso porque “Império da Dor” (Painkiller, no original) conta a história de como o analgésico OxyContin gerou uma epidemia de opioides nos Estados Unidos e matou centenas de milhares de pessoas porque os dirigentes da indústria farmacêutica Purdue, responsável pela fabricação do medicamento, decidiram ganhar dinheiro a qualquer custo. Estamos falando da família Sackler, que fez uma escolha comercial em detrimento da humana nos anos 1990: com uma poderosa campanha de marketing, estratégia perversa de manipulação de médicos e poderosa influência política, maquiaram sua jogada com investimentos em filantropia e educação e faturaram uma fortuna com a venda do medicamento que causava forte dependência química. O resultado foram famílias arrasadas e milhares de mortos.

Mergulhar nessa série nos leva para profundezas escuras da saúde mental e física, que tanto nos preocupam. Recomendo o mergulho nessa história real baseada no livro Pain Killer*, de Barry Meier, e no artigo The family that built an empire of pain, de Patrick Radden Keefe. É contada em formato ficcional, mas cada episódio abre com um depoimento documental de uma família que perdeu um parente querido para essa droga legalizada e perigosíssima. É ficção, mas está bem perto de nós quando se trata de escolher médicos para cuidar da nossa saúde física e mental. É ficção, mas dialoga com as dificuldades e ansiedades que levam ao consumo de drogas lícitas, que dão a sensação de prazer momentânea, mas causam profunda dependência.

A dor nossa de cada dia

São muitas as questões trazidas pela série e são dolorosas. Sentimos dor e ela vem por causa de uma doença, um acidente, uma condição congênita. O uso de analgésicos é necessário e a ciência trabalha para apresentar soluções. A série mostra um emaranhado nebuloso de poder, dinheiro e lobby político; mostra que há uma pressão violenta, desviando a atenção daquilo que é mais importante: cuidar da saúde e escolher instituições e médicos preocupados com o ser humano.

Além das informações importantes e do ritmo rápido e envolvente, “Império da Dor” chega na Netflix para quebrar tabus. Já é tempo de falar abertamente de consumo de drogas lícitas e seus perigos; já é tempo de informar sobre os perigos de medicamentos sem supervisão médica; já é tempo conseguir identificar se alguém perto de você se automedica; já é tempo de falar da dependência química; já é tempo de pedir ajuda.

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