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Encontros que transformam: uma visita ao Culinary Institute of Ethiopia
(FOTOS: ACERVO PESSOAL)
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Neste artigo:

Se você acompanha com mais assiduidade minhas colunas aqui, sabe que um tema frequentemente abordado é o de como viajar. No fim das contas, percebi que o que torna um destino espetacular, muitas vezes não é apenas o lugar, mas sim as pessoas que encontramos pelo caminho. Não é mesmo?

Acesse o texto anterior De São Paulo a Addis Ababa: uma jornada ao sabor da injera, no qual introduzi minha chegada ao fascinante país.

Uma mala com presentes para amigos que você ainda não fez

Que tal, ao fazer sua mala para o próximo destino, incluir alguns presentinhos para pessoas que você ainda vai conhecer durante a jornada? Faz anos que eu, minha parceira e nossos amigos separamos pequenas lembranças para presentear durante as viagens. Sempre dá certo e ajuda a construir histórias incríveis.

Uma missão, conhecer pessoas especiais

Chegando em Addis Ababa, eu tinha uma missão importante: visitar o Culinary Institute of Ethiopia. Isso fazia parte da minha estratégia de conectar-se com pessoas locais e, desde meses antes, já estava em contato com diversos lugares e indivíduos. Um deles era o Culinary Institute, que, desde o início, foi extremamente gentil e receptivo.

A recepção no Culinary Institute

Nos primeiros dias em Addis, já tínhamos uma visita marcada ao instituto. Após um pequeno desafio para encontrar o local, finalmente chegamos e fomos recebidos por Temesgen Argaw e seus colegas. Prontamente ofereci meu livro “Sabores & Destinos: Uma viagem pela história das especiarias”, além de alguns potes de melaço de mandioca, produzidos pela chef de cozinha e nutricionista Jane Glebia, que solicitei ao Instituto Laurinda Amazônia. O melaço, em especial, surpreendeu bastante os etíopes.

Confira os textos anteriores em que fala sobre Jane Glebia e os sabores da Amazônia paraense. Amazônia: novos sabores em um novo destino, Pimenta “queimosa”: a estrela ardente da Amazônia que dá show e Amazônia: a busca por sabores no “Mercado Ver-o-Peso” em Belém.

Para nossa surpresa, uma verdadeira festa começou. Enquanto o café era torrado na nossa frente, nós, como visitantes, participamos da tradicional cerimônia do café etíope, afinal aqui entra uma informação importante: o café é uma bebida originária da Etiópia e de lá conquistou o mundo, você sabia?

Além do café, o incenso foi aceso junto ao carvão e pipoca foi preparada e, em pouco tempo, estávamos todos integrados, como se nos conhecêssemos há meses. Um pão foi trazido, acompanhado do shiro, um prato tradicional da Etiópia, feito à base de grão-de-bico e especiarias. Detalhe: havíamos acabado de almoçar! A gerente do Instituto, muito simpática, trouxe uma salada deliciosa e, para fechar com chave de ouro, um bolo gigante foi servido. Tudo isso acompanhado de mais café etíope, é claro.

Ficamos mais um tempo conversando, e foi quando Temesgen me explicou os desafios de administrar uma empresa no ramo de educação e gastronomia na Etiópia. Com um PhD em segurança alimentar, ele toca o negócio há oito anos, recebendo estudantes e capacitando profissionais para a hotelaria e restaurantes. Ele confessou as dificuldades de adquirir equipamentos, já que máquinas novas são extremamente caras e muitas vezes precisam ser importadas. Por isso, comprar equipamentos usados acaba sendo a solução mais viável. Temesgen também destacou a importância de receber estrangeiros para cursos de capacitação e lançou uma provocação: “Por que não vir para a Etiópia se capacitar em gastronomia?”; Uma ideia interessante, não é mesmo?

Uma despedida emocionante

Após horas de conversa e compartilhamento, uma sensação de perplexidade tomou conta de mim e dos meus amigos. Era hora de ir, e quando questionamos sobre o valor a pagar pela experiência, fomos informados de que não aceitariam nosso pagamento. Saímos agradecidos, mas também levemente constrangidos. Como agradecer tamanha gentileza? Para minha surpresa, o Instagram @culinary_ethiopia ficou por algum tempo com uma foto minha entregando um exemplar do meu livro ao Temesgen. Fica aqui também o site dele para você conhecer: www.culinaryinstituteofethiopia.com.

Alguns dias depois, seguimos viagem de Addis Ababa para Lalibela, uma terra mágica que se conectaria de forma belíssima com a história do Instituto de Culinária da Ethiopia. Mas isso é uma história para o próximo capítulo. Fique ligado!

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