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É possível ser vulnerável sem parecer ingênuo
(Foto: Laurenz Kleinheider/ UNSPLASH) A vulnerabilidade é uma das poderosas chaves para criar conexões
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A vulnerabilidade é frequentemente confundida com fraqueza, ingenuidade ou um convite para ser feito de bobo. Mas será que isso é verdade? Neste texto, quero te mostrar que ser vulnerável não significa se expor sem critério ou perder o respeito – pelo contrário. A verdadeira vulnerabilidade, quando usada com intenção e responsabilidade, pode ser uma das ferramentas mais poderosas para construir conexões autênticas e inspirar confiança, seja na vida pessoal ou no trabalho.

Se eu for vulnerável, vão me passar para trás

Já ouvi tanto essa frase. Sempre que falo sobre a importância de expressar sentimentos de forma vulnerável percebo alguém torcendo o nariz ou fazendo um olhar cheio de desconfiança. E imagino os pensamentos por trás das caretas:

  • “Isso quase nunca funciona.”
  • “Esse papo de vulnerabilidade é de quem vive em um mundo cor de rosa.”
  • “Se eu for vulnerável, ninguém vai me respeitar, muito menos no trabalho.”

Eu sei que dá medo expor sentimentos, inseguranças, medos e sombras a alguém. Isso causa uma sensação de despir partes da alma a uma pessoa que pode se esconder atrás de um cobertor de aparências. Parece uma postura ingênua, ainda mais se for adotada no ambiente de trabalho ou até com quem já julgou a nossa alma nua. 

Mas eu te garanto: eu nunca me arrependi de usar a verdadeira vulnerabilidade, em que eu tiro minha máscara de suposta perfeição e assumo verdadeiramente o que sinto.

Sem drama. Sem jogo da culpa. Sem vitimismo 

Aprendi a contar com a minha vulnerabilidade para me lembrar da minha intenção e para inspirar um ambiente seguro, em que ninguém precisa fingir que não teme, não erra e não é humano. Uma das primeiras vezes que entrei em um palco para fazer uma palestra, tinha um refletor gigante no meu rosto que não me deixava enxergar as centenas de rosto na plateia. Congelei. Pensei: “meu Deus, como esconder minha insegurança se eu não consigo nem enxergar a reação das pessoas?”. E foi aí que tomei a corajosa decisão de não fingir. 

Subi ao palco e contei que a mesma mulher que estava ali, já foi uma menina de cinco anos que tinha congelado durante uma apresentação da escola, enquanto o colégio todo me encarava e esperava que eu dançasse a música da Xuxa tocando alto. Contei, em um clima leve, que o refletor no meu rosto estava ativando esses traumas antigos.

Como brasileira que sou, resgatei um bom meme e contei que estava dizendo à minha insegurança: “para de show que você não é a Xuxa!”. 

As risadas me relaxaram, a organização do evento entendeu o recado e mudou o foco da luz e em seguida eu falei que iria usar toda a minha ansiedade para construir o melhor encontro possível, porque para mim era muito importante que todos saíssem mais inspirados a viver uma vida com propósito.

A partir dessa fala, senti um acolhimento muito maior do público. E mesmo que isso não tivesse acontecido, só o fato de eu ter me lembrado da minha intenção e de ter sido verdadeira aos meus sentimentos já valeu a “nudez emocional”.

Por isso, entendi que existem 3 princípios de uma vulnerabilidade real que levo em meus treinamentos e que decidi compartilhar com vocês: 

  • Princípio da auto-fidelidade: sua fala realmente reflete algo verdadeiro sobre você;
  • Princípio da responsabilidade emocional: você assume responsabilidade pelo seu sentimento (me sinto assim, porque preciso de…) ao invés de responsabilizar o outro (me sinto assim, porque você…);
  • Princípio da intenção: você escolhe ser vulnerável para se conectar de forma genuína e não para provocar uma reação esperada no outro (até porque o nome disso é manipulação).

A verdadeira vulnerabilidade não traz respostas prontas, mas abre caminho para construção de algo novo, por já ter criado um ambiente de confiança e de humanidade.

Vou deixar o link de um vídeo curtinho aqui, para você entender que a vulnerabilidade também se reflete no tom de voz.

Escrevi esse texto com meu Golden pedindo carinho, minha xícara de café na mão e com a esperança de que as pessoas que precisam leiam essa coluna e pratique. Meu desejo é que você sinta o impacto da verdadeira vulnerabilidade! 

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