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África: um continente de mil emoções e estilos
Esteban Palacios Blanco (Unsplash)
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Se você já teve a oportunidade de passear um pouco pelo parque de Porta Venezia, aqui em Milão, já deve ter visto uma cena parecida com essa. Quando sentamos em algum banco ou mesmo na grama, quase certamente somos abordados vendedores imigrantes, que vêm nos oferecer seus livros.

São leituras quase sempre infantis. Através de um desses vendedores, minha filha, assim como eu, conhecemos a lenda de Mali Sadio. Essa é uma história que acontece em Mali, um país localizado na África Ocidental, que fala sobre a amizade de um hipopótamo e a menina Sadio. Recorda-nos a importância de respeitar os animais e o meio ambiente.

Esse encontro com o vendedor que trouxe um pouco de suas lendas em seu país natal me fez pensar o quanto do meu conhecimento sobre o continente africano é muito mais sobre como eu o imagino do que como ele realmente é.

Para conhecer um pedacinho desse grande continente, decidi festejar meus 40 anos partindo com a minha família para Marrakech, no Marrocos.

Era a minha segunda vez na África, mas minha primeira vez nesse país, que nos recebeu no penúltimo dia de Ramadã. Ele é celebrado no período de um mês, dias que são sagrados para os muçulmanos, nos quais eles fazem jejum diariamente entre o nascer e o pôr do sol.

Ramadan Kareem

O último dia de Ramadã traz a sua mesma rotina, um chá de menta marroquina ainda antes do nascer do sol e uma preparação para festejar a purificação e a renovação da fé.

Nas ruas da cidade, entende-se que o silêncio faz parte desse processo, é quase meditativo.

É como se tudo estivesse em harmonia. As pessoas, com seus trajes leves, possuem movimentos que parecem replicar as linhas arquitetônicas daquele lugar.

“Coerente” talvez seja a palavra para explicar a expressão que as pessoas locais utilizam: Ramadan Kareem, ou seja, que seja generoso o Ramadã.

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A cidade de mil cores

Diferentemente dos dias anteriores, o primeiro dia após o fim do Ramadã é marcado por inúmeras crianças vestidas com trajes especiais e elegantes.

É uma maneira de festejar e homenagear o fim do mês sagrado para os mulçumanos.

E, na praça principal, entre encantadores de serpentes, barracas de sucos e comida, podemos ver onde iniciam-se os labirintos do mercado de Marrakech: um mix de cores, cheiros, culturas e línguas.

As inúmeras babuchas amarelas usadas pelos puristas marroquinos chamam a atenção pela moda que vem mostrada nos trajes locais, como jabadour, caftano, dejellaba, isso sem falar em trajes como daara ou melhafa, usados por pessoas provenientes do deserto.

Sandálias feitas a mão, em diversas cores, objetos decorativos desenvolvidos na palha, bolsas bordadas em tecidos naturais e uma escrita que não deixa dúvida: la vie est belle.

Foto do mercado de Marrakech

Mercado de Marrakech. (Foto: Arquivo pessoal/Maria Emilia)

Yves Saint Laurent e o Jardim Majorelle

Era início do século XX quando o pintor Jacques Majorelle transformou um terreno em Marrakech em um oásis, com cactos e palmeiras gigantes, circundados por um muro cor ocre.

Com a ajuda do arquiteto Paul Sinoir, foi criado o azul majorelle, um azul intenso e único, cobalto, que passou a recobrir as paredes da então vila em estilo mourisco.

Após uma visita do designer de moda Yves Saint Laurent e de seu companheiro, o empresário Pierre Bergé, este lugar icônico viria a conhecer seus futuros proprietários.

Foi paixão à primeira vista. Marrakech serviu de inspiração ao designer por um longo período, especialmente por suas cores, pela cultura islâmica e por sua beleza única. Nos anos 80, o casal comprou o jardim botânico onde hoje é um museu que celebra a história de ambos.

Imagem do Jardim Majorelle

O Jardim Majorelle. Mehmet Uğur Türkyılmaz/Unsplash.

Yves Saint Laurent continua a fazer parte desse lugar encantado. Está presente em suas peças no museu, nas suas histórias e em suas cinzas, que foram espalhadas pelas bananeiras, babosas, palmeiras e bambus daquele espaço.

Um país que encanta

Marrocos é diferente de tudo aquilo que eu poderia ter imaginado.

Naquele país, a beleza é presente em cada lugar. Sua rica arquitetura mostra movimento e seus muros se distinguem entre cores e texturas.

Percebemos um caos quase organizado nas ruas, com o vai e vem de carros, motos e carroças que disputam seu espaço com centenas de pessoas.

Foto do mercado de Marrakech

Mercado de Marrakech. (Foto: Arquivo pessoal/Maria Emilia)

“Existe uma África real e existe uma África narrada, as duas verdadeiras”.

Li essa frase e infelizmente não me lembro onde. Entretanto, não tenho dúvidas de que quem a escreveu entendeu exatamente a sensação que temos quando começamos a conhecer esse continente.

Leia todos os textos de Maria Emilia em sua coluna na Vida Simples.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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