A vida é uma edição limitada
Tudo na vida é uma edição limitada. A maioria das coisas - seja um perfume, um emprego ou relacionamento - é passageiro. E tudo bem.
Eu e ela dividimos muitos gostos em comum. Se existir uma “alma gêmea de amizade”, ela é a minha, sem titubear. Uma das nossas paixões compartilhadas é a perfumaria, que essa minha amiga domina muito bem. Dia desses, contei sobre um novo perfume que eu havia experimentado. Era uma edição limitada para o verão, a releitura de uma colônia de rosas, agora com a adição do limão-meyer, fruta cítrica híbrida entre o limão e a tangerina – que conferia frescor ao aroma atalcado das rosas. Fiquei encantada com aquele cheiro e corri para dividir com a Joy, que adorou a novidade. Mas me disse: “o problema é que eu não sou fã de edições limitadas. Porque depois elas acabam, eu fico sem.”
Perder nunca é fácil
A sorte de ter uma amiga como ela é que compartilhamos de tudo. Do meme da internet, do bom dia com imagem brega de whatsapp, da dica boa de creme para os cabelos, até de questões que tratamos na terapia. O mais surpreendente é que nossas conversas têm uma incrível capacidade de se transformarem em preciosos aprendizados.
E como a gente reconhece o que a gente conhece, eu entendi bem o que ela disse sobre não gostar de edições limitadas. Acabar, mesmo em algo aparentemente banal, como um perfume, significa perder. E perder nem sempre é fácil – especialmente para mim e pra ela…
Continuamos a nossa conversa. Minha amiga ama viajar e já rodou muitos países. “Joy, todos aqueles dias foram edições limitadas, se você parar pra pensar. A viagem que você planejou foi vivida e acabou. Mas as memórias perduraram”, comentei.
Lidar com a transitoriedade das coisas é realmente entender que tudo é cíclico. Um perfume acaba. Um bichinho de estimação, um dia, morre. Um curso termina e você se forma. Em doze verões, os filhos deixam de ser crianças. Um relacionamento de anos pode chegar ao fim. Um dia, os olhos se fecham para sempre. É assim.
Tudo passa, e está tudo bem
Juntas, chegamos à conclusão de que, no fim das contas, a vida é uma coleção de edições limitadas. Momentos, pessoas e situações que a gente aproveita por um tempo, e que depois, terminam – sem significar que “ficamos sem”. Guardamos a memória dos dias, dos lugares, dos abraços e até dos aromas. Vai dizer que em algum lugar dentro de você não existe a lembrança do cheiro que a sua avó ou pessoa querida tinha?
Eu sou uma apaixonada por edições limitadas e entendi que elas me ajudam a lidar com a perda, ainda que trivial. É meu pequeno exercício para degustar de algo que não vai durar para sempre. Enquanto isso, minha amiga mudou sua perspectiva e viu como edições limitadas também representam algo exclusivo.
O perfume é uma edição limitada. A nossa vida, também.
O que, para você, fica, mesmo depois que algo acaba? Me conte nos comentários que eu vou adorar saber. <3
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