“A mãe tá OFF”: onde estão os sonhos das mães sobrecarregadas?
Estéfi Machado reflete sobre a sobrecarga materna, usando como contraponto uma expressão que ficou popular nas redes sociais: "O Pai tá ON".
Já repararam na sutil diferença de “O Pai tá ON” para “A mãe tá ON”?
Parece uma palavrica de nada, mas segue o fio:
Quando “O Pai tá ON” significa que ele está bombando, vibrante, exalando energia vital.
Já a mãe quando tá ON, ela simplesmente está… ON!
Está ali, como sempre, disponível, cuidando, atenta, ON, de plantão, fazendo listas mentais, ON, checando o calendário imaginário dos filhos, ON, pensando nas meias que estão pequenas, se culpando, ON, recobrando as vacinas do ano, ON, planejando o almoço de amanhã, ON, ON e ON.
Sempre ON.
Ficar OFF parece ser o grande desafio da geração das mães guerreiras, do mercado da produtividade, da corrida pela exaustão, afinal, quem se dá ao luxo de ficar OFF hoje?
Só que uma hora a conta chega.
Além da sobrecarga
Nem estou aqui falando de burnout, estresse e esgotamento físico, esses chegam mesmo. Estou falando de algo invisível, que na verdade nunca esteve tão exposto.
O que acontece é que quando a mãe tá sempre ON, certamente tem alguém ficando OFF.
Sabe aquela mulher que brilhava os olhinhos quando pesquisava coisas sobre a terra, a água e o ar?… Está OFF.
Aquela mulher animada que gargalhava e jogava conversa fora com as amigas noite adentro… Está OFF.
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Aquela outra que conseguia terminar um livro inteiro em uma sentada… Adivinha? Também tá OFF.
A que saía pra dançar, a que conseguia caminhar, a que alcançava a glória de viajar… Todas OFF.
E, assim, mães sempre ON vamos deixando todas as outras mulheres que não estamos conseguindo ser… em OFF.
Deixando para depois, para o dia em que eles cresçam, que a gente consiga tempo, tenha mais grana, ou ache que mereça ficar OFF.
Pequenas promessas
Depois de longos anos na minha jornada como mãe na maior parte do tempo ON, eu aprendi que para não estar sempre ON nem precisa fazer isso tudo aí em cima: Não precisa sair para dançar, fazer a viagem perfeita, ou ir para um SPA que eu nem posso pagar.
Não estar ON é uma promessa que eu faço para mim mesma de viver qualquer coisa que não esteja relacionada a cuidar de outras pessoas.
E podem ser pequenas promessas, mas que eu consiga cumprir.
São cartas douradas dizendo “vale 20 minutos de banho de sol sozinha”, “vale uma volta no quarteirão escutando meu podcast preferido”, “vale um banho sem ser interrompida”. Cartas que eu vou ler para mim mesma gentilmente e vou fazer todo o possível para cumprir.
Porque, seja na viagem dos sonhos, ou na volta pelo quarteirão, é urgente que a mãe fique OFF.
E todas as outras mulheres vivas dentro dela agradecem.
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