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A arte de ser independente: veja como prosperar na carreira
Ser independente é um caminho que se descobre trilhando. Arquivo pessoal Leo Longo.
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Às vezes, ter mais domínio sobre o rumo da vida profissional é tudo o que queremos. Mas, aí, as dificuldades são tantas que nosso desejo acaba indo por água abaixo. Você já esteve nessa situação? Se você deseja saber mais sobre a arte de ser independente, esse texto pode ser oportuno para você.

Tudo começa pela forma de olhar

“Prum bom viajante, nada é distante”, canta Almir Sater na música “Peão”. É como dizer que para alguém que sonha, tudo é possível.

O que mais amo nesse verso é sua atitude transgressora diante de algo tão incontestável: a métrica precisa do espaço. Como assim questionar distâncias? Não há dúvida de que há lugares mais perto e outros mais longe. Porém, ao ver as coisas de outra maneira – mais pela perspectiva do amor e desejo pela estrada, do que pela da exaustão da viagem – o bom viajante faz qualquer destino ser iminente e alcançável.

Para ser independente, temos que ser como o personagem da música. Olhar para as adversidades da jornada como oportunidades que nos fazem chegar aonde queremos, e não como premissa para desistir. Por isso, para ser independente é preciso desafiar a lógica e fazer revoluções. E vale à pena?

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Coragem ou estupidez?

Saber dos riscos e ir mesmo assim. Outro dia li que essa frase funciona tanto como definição de “coragem” quanto de “estupidez”. Faz sentido. Talvez só seja possível diferenciá-las ao colher o resultado do que foi empreendido. Se foi um sucesso, me chamarão de corajoso. Se foi uma catástrofe, serei um estúpido.

Ser independente é saber dos riscos e ir mesmo assim. Com a desvantagem de estar quase sempre só para realizar o que se pretende e, por isso, mais propenso aos riscos. Só que quando nosso desejo de ser independente é um objetivo indubitável e pelo qual estamos dispostos a tudo, temos uma virtude.

“As pessoas com maior desejo de lutar sempre se colocam nas condições mais vantajosas para o combate”, diz um trecho do livro “Guerra e Paz”, de Liev Tolstói. Que vantagens são essas? Determinação, adaptabilidade e resiliência. Não se é independente sem elas.

Independente não é ser individualista

Às vezes, essas palavras podem parecer ser sinônimas. Mas, cuidado! Individualismo é chegar em algum lugar recusando o auxílio de todos. Independência é chegar lá com as próprias pernas, mas com ajuda de quem for preciso.

A sobrevivência na trajetória independente exige o saber pedir e o saber aceitar. Ela demanda pelo saber colaborar e cooperar, mas com consciência de que a responsabilidade pelas tarefas e percalços é somente nossa.

Ser independente é estar mais vulnerável?

Instabilidade talvez seja o maior medo de quem cogita se jogar numa carreira independente. Empenhar-se para construir algo deve ser recompensado com equilíbrio e solidez. Como se a vida fosse uma ciência exata. Mas é preciso cautela para interpretar variabilidade ou oscilação como vulnerabilidade. Se árvores fossem rígidas, se partiam na primeira ventania.

Minha visão é que quanto mais dependente de algo, mais vulnerável somos. Porque se nos tiram esse algo, mais propensos a ficar sem nada estamos. E sem nada, ficamos expostos e desprotegidos. A jornada independente é o contrário disso.

Primeiro porque independência pressupõe não estar exclusivamente subordinado a algo. A sobrevivência vem justamente da flexibilização e da maleabilidade. E ser flexível nos faz caber em muitas situações distintas. Até as adversas. Como a árvore na ventania.

E segundo porque para ser independente é preciso aprender a conviver com o desequilíbrio e a inconstância. Estabilidade não é uma conquista perpétua. É um jogo de achar e perder, de ter e “des-ter”. E entender o vai-e-vem das coisas nos torna mais compreensíveis e preparados para lidar com as perdas e a ausência, porque elas são sempre o prenúncio das conquistas.

Mas só se é independente, sendo

De vez em quando, é difícil de enxergar que podemos ser independentes. Conquistar autonomia. Reduzir nossa dependência. Mais difícil ainda se entramos no equívoco de querer ser demasiado cartesiano para projetar e arquitetar futuros imprevisíveis e indomáveis.

Viver e trabalhar de forma independente é outro paradigma. Respeita outras ordens. Por poder ser de muitas formas, não tem cartilha. Só se descobre como ser, sendo. Com todos seus contratempos e virtudes. E mora aí sua beleza e magia.

Este ano, completo dez anos de carreira independente. Assim como o bom viajante, se eu me orientasse pelas distâncias talvez não tivesse chegado tão longe. Se uma boa viagem é mesmo sobre aprender a viver a jornada – e não sobre ansiar pelo destino final – acho que mora aí o segredo dessa arte de ser independente.

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Leo Longo é documentarista independente há 10 anos. Vive na estrada para filmar séries ao lado de Diana Boccara, com quem forma o duo Couple of Things. Artista e ativista do minimalismo, escreveu o livro “Mínimo Essencial”. Suas produções estão disponíveis em plataformas como Amazon Prime Video e Globoplay. Aqui na Vida Simples, o duo escreve sobre como o fazer Arte independente e o viver nômade e minimalista revolucionam sua percepção de mundo.


Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião da Vida Simples

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