Três ideias de autocuidado para mães exaustas com a rotina
Autocuidado para mães exaustas: veja como encontrar maneiras realistas de nutrição mental e física em meio à rotina desafiadora da maternidade.
A necessidade do autocuidado para mães exaustas transcende a mera rotina de beleza ou relaxamento. É o respiro que muitas vezes falta entre as demandas diárias, um instante para a mãe soltar o peso do mundo. Que mãe não desejaria ter um momento de paz para cuidar de si mesma?
Autocuidado significa não só cuidar do corpo, mas também da mente e do espírito, encontrando tempo para si, mesmo que escasso. São pequenos atos de sobrevivência e carinho em meio ao turbilhão da maternidade.
Obra oferece práticas de autocuidado para mães exaustas
Pensando nisso, a escritora e jornalista Luciane Rodrigues lançou a obra Maternidade com autoamor: práticas de autocuidado para mães exaustas* em que fala sobre questões sociais da maternidade após cinco anos de pesquisa e escrita sobre o tema.
Na obra, Luciane narra as passagens mais íntimas da sua vida: um aborto espontâneo, a morte da sua mãe, o nascimento dos dois filhos, o sentimento de abandono no puerpério, suas pesquisas sobre feminismo e maternidade e a importância da escrita durante todos esses acontecimentos.
A seguir, a escritora compartilha com as mães-leitoras da Vida Simples três pontos de partida para praticar o autocuidado no dia a dia:
Entenda o que é o autocuidado de verdade
Quando tirei dois anos sabáticos para cuidar de mim, estava doente e exausta. E com isso, não percebi que o meu período de descanso era visto por outras mulheres-mães como um privilégio. E sim, tenho consciência de que foi uma vantagem que nem todas as mães desfrutam. Com o passar dos meses, comecei a estudar sobre autocuidado e me questionar:
- Por que não têm creches em todas as empresas, para que as mães possam trabalhar com tranquilidade e manter a saúde mental?
- Por que mulheres-mães ganham menos e fazem tripla jornada, sem tempo para cuidar delas mesmas?
- A quem servem as indústrias da beleza, da moda, da alimentação, do “bem-estar”?
Esses questionamentos me levaram a pesquisar sobre o autocuidado a partir de uma perspectiva feminista. Isso porque o sistema econômico atual se apropriou do conceito. E as mulheres passaram a associar autocuidado a gastar dinheiro com beleza. Produtos para cabelos, rosto, unhas, corpo. Salões, spas, tratamentos holísticos… Tudo isso custa. E gera capital. Não estou dizendo que não gosto dessas coisas todas. Eu adoro! Porém, elas não estão ao alcance das mulheres de todas as classes sociais. E nem sempre são o tipo de autocuidado que a pessoa precisa naquele momento.
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Alguns exemplos: autocuidado para a mãe solo da periferia de São Paulo é ter tempo para ir à uma consulta médica e deixar o filho com alguém. Autocuidado para uma mulher que sofre de depressão é conseguir ir à terapia. Autocuidado para quem trabalha o dia inteiro sentada é sair depois do expediente para uma caminhada. Ou seja, atos de autocuidado são ações ligadas à sobrevivência.
O autocuidado é um tema que surgiu com Audre Lorde na década de oitenta. Audre foi uma escritora negra, lésbica e mãe que viveu nos Estados Unidos. Ela defendia os direitos humanos e participou das lutas pelos direitos civis das mulheres negras americanas.
Audre Lorde escreveu sobre a importância de buscar redes de apoio e de estabelecer limites nas relações. Transformar o conceito de autocuidado num produto é negar tudo que o feminismo fez pelas mulheres nas últimas décadas. Cuidar das nossas necessidades, emoções e saúde. Autocuidado feminista é tudo isso.
Construa uma rotina mais leve e conectada ao seu corpo
Depois de entender o conceito feminista de autocuidado, decidi implantar uma rotina mais saudável: passei a me alimentar melhor, fazer exercícios, além de manter meus exames médicos em dia. E comecei a conhecer o meu corpo, com base nos ensinamentos da Ginecologia Natural.
A Ginecologia Natural nada mais é do que uma abordagem holística e integral da saúde da mulher. Propõe a reconexão com o ciclo menstrual através da auto-observação e de anotações sobre como você se sente em cada fase do mês. Um bom livro para compreender o assunto é o Manual de Introdução à Ginecologia Natural*, da escritora e parteira chilena Pabla Pérez San Martín.
Pabla Perez me levou ao reencontro de saberes ancestrais. Ao resgate das ervas e das velhas curandeiras. Quando não estou bem, primeiro faço tratamentos com chás e florais. Também dou mais atenção à minha dieta. Porque um dos princípios da Ginecologia Natural é estar atenta à alimentação e buscar os nutrientes certos em cada fase do ciclo menstrual e da vida. Aprender a ouvir nosso corpo é um grande desafio. Mas é um gesto de autoamor.
Escreva sobre suas emoções e sentimentos
Ao tornar-me mãe, o desejo de desaguar em palavras virou mar. Cresceu feito uma onda que precisava quebrar na areia e arrastar os sentimentos que emergiram em mim. Então, escrevi os textos do meu primeiro blog, o “Sabático de mãe”.
Vejo a escrita terapêutica como uma prática para se conhecer. Uma forma de colocar os pensamentos em ordem. Desfazer o caos mental. O objetivo é colocar as emoções no papel. E ao observar nossos escritos de forma palpável, conseguir entender como reagimos às situações da vida. O hábito de escrever também ameniza o estresse e a ansiedade.
A escrita terapêutica é hoje meu principal autocuidado. Foi o que me salvou de mim mesma durante vários momentos difíceis da maternidade.
É como se precisasse dessa limpeza interna para entender meu passado, estar no presente e olhar com otimismo para o futuro. Te convido a caminhar comigo nessa jornada do autocuidado. Vamos juntas?
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