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Por que as empresas querem o fim do home office?
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A plataforma Zoom, recentemente, orientou que todos os funcionários que moram próximos ao escritório da empresa passassem a frequentar o lugar. A estratégia, segundo a companhia, é parte de uma retomada gradual ao modelo híbrido, de forma com que os funcionários estejam ao menos dois dias em formato presencial. Outras grandes empresas como Google e Amazon adotaram decisões semelhantes visando – segundo elas – uma maior produtividade no trabalho.

De acordo com uma pesquisa da Escola da Administração de Empresas de São Paulo (EAESP/ FGV), em parceria com o PageGroup e PwC Brasil, 71% dos funcionários que não estão em posições de alta liderança têm expectativas de mudanças no ambiente de trabalho. O estudo entrevistou 922 profissionais (289 c-levels e 633 funcionários com outras funções).

No estudo, os entrevistados afirmaram que, entre os benefícios do híbrido, estão a anulação do deslocamento, maior flexibilidade de horário, estar próximo da família, ter maior flexibilidade para as atividades cotidianas e mais tempo para se dedicar a projetos pessoais.

Para Juliana Alencar, especialista em cultura e inovação organizacional, o home office oferece a possibilidade de maior produtividade com a flexibilização do horário de trabalho, além de permitir se estabelecer em diferentes lugares do mundo. “Por outro lado, o trabalho remoto pode reduzir as oportunidades para interações pessoais informais e a troca espontânea de ideias, o que é crucial para a inovação e o desenvolvimento dos projetos, além da limitação na colaboração do trabalho em equipe”, destaca Juliana.

Além disso, ela explica que a falta de contato pessoal pode dificultar uma colaboração eficiente, resolução de problemas complexos e implementação de soluções inovadoras. “Ele pode atrapalhar no desenvolvimento de habilidades interpessoais, como empatia, resolução de conflitos e negociação. Muitas vezes são são melhor desenvolvidas por meio de interações pessoais”, acrescenta.

O home office pode afetar a produtividade?

Depende. A própria Juliana Alencar faz algumas ressalvas em relação à produtividade no modelo home office. “Eu conheço diversos profissionais, que são pais ou mães, e defendem os benefícios em ter uma agenda fora de casa. Mas há também os mesmos perfis que preferem o home office, exatamente por estar perto da família”, explica.

Para o estudo EAESP/FGV, 78% das mulheres afirmaram conseguir realizar todas ou quase todas as tarefas em home office. Já entre os homens, 59% declararam que concluem as demandas. Isso mostra que o modelo de trabalho depende de muitos fatores e decisões da própria empresa. A natureza do trabalho, a cultura organizacional e as preferências individuais estão entre eles, segundo Thamiris Abdala, diretora organizacional e controladoria do Grupo Epicus Outlier.

O que motiva as empresas a abolirem o home office?

Se o regime de trabalho remoto foi um verdadeiro fenômeno durante a pandemia da Covid-19, hoje ele é cada vez mais raro e visto com ressalvas. Segundo dados divulgados pela plataforma de recursos humanos Infojobs, ainda que tenhamos observado um aumento na disponibilidade de empregos que permitem trabalho remoto ou em modelo híbrido, a maioria das vagas criadas após o período da pandemia ainda exige presença física.

No mês de janeiro de 2023, a análise revelou que 94,8% das 7.010 vagas anunciadas eram para trabalho completamente presencial, enquanto as oportunidades de trabalho híbrido correspondiam a 2,48% desse total. As vagas que permitiam trabalho inteiramente remoto compreendiam apenas 2,7% das ofertas disponíveis.

Para Thamiris Abdala, apesar das vantagens evidentes, algumas companhias passaram a reavaliar a continuidade dessa política de trabalho remoto. “Algumas empresas podem ter percebido que a conexão entre as equipes e a colaboração criativa podem ser comprometidas quando as interações são principalmente virtuais”, destaca.

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Retenção de talentos é crucial para as empresas

Postos de trabalho que naturalmente facilitam a implementação de regime remoto podem repensar as políticas que afetam a qualidade de vida dos trabalhadores. Empresas de tecnologia, por exemplo, que sofrem com a competitivide pela busca de bons profissionais, podem desenvolver atrativos. Neste ramo, é comum que muitas pessoas trabalhem para empresas em outros países e recebam em dólares sem sair de casa.

“A possibilidade de acesso a talentos que, de outra forma, estariam fora de alcance, pode continuar sendo um fator importante para as empresas considerarem ao tomar decisões sobre o local de trabalho”, destaca Thamiris Abdala. Por outro lado, nem todos os trabalhadores irão preferir um modelo home office por sofrerem com a distração, que consequentemente afeta a produtividade. Embora isso não seja a regra, as especialistas entrevistadas apontam que o regime híbrido pode combinar as necessidades de ambos os públicos.

Como pesar a decisão do fim do home office?

No entanto, Thamiris Abdala explica que acolher funcionários de volta ao trabalho presencial, ou em um modelo híbrido, exige alguns caminhos fundamentais para serem seguidos. Não é algo que deve sofrer alterações bruscas. Por isso, sugerimos abaixo algumas orientações da especialista que podem ser implementadas:

  1. Compreenda as preocupações e preferências individuais dos funcionários;
  2. Crie um ambiente de trabalho flexível que acomode diferentes necessidades;
  3. Forneça espaços de colaboração no escritório para incentivar a interação social;
  4. Implemente programas de treinamento para facilitar a transição;
  5. Ofereça apoio à saúde mental dos colaboradores;
  6. Estabeleça uma comunicação clara sobre as mudanças que ocorrerão;
  7. Priorize uma transição suave para garantir a retenção eficiente de talentos.

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