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Foi mesmo “do nada”? Existe separação de casal sem motivo?
Fred Moon
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Neste artigo:

Quase sempre nos surpreendemos, e até nos chocamos, quando um casal de amigos que aparentemente viviam tão bem, em harmonia, com cumplicidade e objetivos comuns se separam. A primeira pergunta que vem à nossa cabeça é: qual o motivo da separação?

Alguns dizem que não houve nenhuma causa, apenas resolveram que seriam mais felizes se procurassem seus próprios rumos. Gostariam de encontrar caminhos que jamais poderiam ser tentados se continuassem juntos. Essa é uma razão bastante forte. A falta de individualidade e de liberdade para encontrar junto com o parceiro sua verdadeira razão de viver.

Há quem não revele, mas a causa foi “outra”, ou “outro”. Quase sempre é. Já vivi o suficiente para entender essa verdade.

Quando ainda há amor

Lembro-me bem de um amigo que estava triste e perdido porque a esposa havia pedido a separação. Ele abriu seu coração comigo. Disse que não havia motivo. Viviam bem. Gostavam de viajar. Tinham uma filha maravilhosa, que lhes proporcionava alegrias sem fim.

Diante de uma vida quase perfeita como essa, só mesmo um novo e poderoso amor poderia virar a cabeça daquela mulher e fazer com que tomasse decisão tão extrema. Ele me disse que não queria ficar com nada na partilha. A esposa, que ainda amava, poderia ficar com tudo, pois ele não tinha nenhum interesse nos bens materiais. O único desejo era o de poder reconquistá-la.

Sugeri que procurasse um advogado que eu conhecia muito bem. Além de excelente profissional, era experiente e acostumado a cuidar de separações. Meio contrariado, aceitou o conselho e marcou o encontro.

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Questões jurídicas

Quando o reencontrei, quis saber como havia sido a conversa. Disse que fora a melhor decisão que tomou. Sem se envolver com paixões, depois de ouvir os detalhes dos fatos, o advogado deu seu veredito: “Se o senhor quiser continuar acreditando nessa história que me contou, fique à vontade, mas a possibilidade de que ela pediu a separação por causa de um novo amor é de dez para dez. E mais, o senhor é o provedor da família. Dê a ela o que for justo, e fique com a parte maior, já que esse patrimônio será importante para garantir o futuro da sua filha e o bem-estar da ex-esposa”.

Nesse momento, teve a impressão de que uma luz iluminou sua mente e a verdade ficou clara para ele. Algum tempo depois descobriu que o advogado estava com a razão, pois havia mesmo um homem na vida da mulher.

Saiba seguir em frente

Outro amigo passou por situação semelhante. Nesse caso, sugeri que consultasse um famoso psiquiatra. Apenas 40 minutos de conversa. Após o diálogo, o profissional deu sua opinião: “Sua ex-mulher virou a chave. Não tenha mais esperança de que ela mudará de ideia. Mude a sua também e vá procurar a felicidade em outro lugar, pois onde você estava não há mais espaço para os dois”.

Nunca soube se o novo namorado dela havia sido o motivo da separação. Talvez não. Pouco importa. O que vale mesmo é que ninguém deixa seu parceiro ou parceira sem ter uma razão muito forte.

Esse amigo hoje diz que seguir aquela recomendação e também ter “virado a sua chave” permitiu que se tornasse um homem mais feliz e realizado.

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Sem culpados

E não adianta procurar culpados. Por mais que um ou outro tenha errado, o que vive o papel de vítima deve, com certeza, ter tido alguma influência naquela decisão.

Em alguns casos pode ser problema financeiro ou excesso de trabalho e, consequentemente, falta de atenção. Em outros, por incrível que pareça, consideração e carinho demais. A pessoa não percebe, mas, ao ser tão presente e satisfazer todas as vontades, acaba por sufocar a liberdade e inibe a expressão da individualidade.

As separações são cada vez mais comuns. Há casamentos que terminam até antes de começar. Vão para o altar sabendo que não combinam.

Os gostos, os objetivos e as experiências são tão distintos que ficar juntos será sempre um sofrimento. O melhor caminho nesse caso é seguir cada um para o seu lado.

O amor vira ódio

O problema na separação é uma “espécie de ódio” que passa a existir, em certos casos, entre os dois ex-parceiros. Quando um se sente injustiçado, traído, desconsiderado, quer se vingar de um jeito ou de outro.

Infelizmente, alguns usam os filhos como meio para atingir o desafeto. O pai fala mal da mãe para o filho e vice-versa. Eles se esquecem que essa raiva mexe com a cabeça da criança, às vezes de forma irreversível. É muito egoísmo e maldade.

Chamei a atenção de uma amiga que agia dessa forma. Ela retrucou dizendo que perto do filho não fazia esses comentários. Pedi que pensasse um pouco mais, pois se falava para mim, que não era assim tão próximo, provavelmente, estaria se comportando da mesma maneira perto da criança. Reconheceu depois que eu tinha razão.

O que importa na vida é ser feliz. Se ficar junto com alguém nos leva a essa espécie de paraíso, devemos lutar com todas as armas que tivermos para conseguir esse intento. Se, ao contrário, a convivência for um inferno, quanto mais depressa nos afastarmos melhor.

Há situações que obrigam casais a permanecerem juntos por conveniência. Concluem que questões financeiras e bem-estar dos filhos compensam esse “sacrifício”. Não há certo ou errado, pois cada um deve ponderar sobre o que deseja para viver bem.

As decisões precipitadas, todavia, podem ser ainda mais danosas. Muitos pensam ter refletido o suficiente, mas, na verdade, culpam o relacionamento por problemas que nada têm a ver com a convivência conjugal. Depois de perambular pela vida, descobrem que a presença do parceiro era sim o apoio que tornava a existência menos sofrida. Em certos casos, já não adianta mais o arrependimento, pois quem foi não quer mais voltar.

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