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O cérebro dos adolescentes é fascinante – e podemos provar isso
Vince Fleming | Unsplash
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Que tal trocar a ideia da adolescência como um período difícil e confuso para a ideia de que esse é um período de incríveis transformações cerebrais? Esse movimento é possível, especialmente se tivermos acesso a informações claras e didáticas de como o cérebro dos adolescentes funciona.

E é esse o propósito do livro A culpa é do meu cérebro, escrito pela especialista em comportamento juvenil Nicola Morgan, que desfaz muitas crenças antigas sobre as razões para os jovens terem características tão únicas.

Como entender o cérebro dos adolescentes?

Após a puberdade, o cérebro dos adolescentes passa por mudanças profundas. As células nervosas se multiplicam e estabelecem novas conexões, enquanto áreas relacionadas à empatia, à previsão de consequências e ao pensamento crítico passam por um processo de amadurecimento. Toda essa revolução cerebral ocorre simultaneamente aos desafios enfrentados pelos jovens, como a pressão social para alcançar sucesso acadêmico, socialização e integração entre os amigos.

“A culpa é do meu cérebro” foi originalmente publicado em 2005 e logo se tornou um best-seller internacional. O livro ganhou recentemente uma nova edição, publicada pela Editora Rocco aqui no Brasil. Além de atualizado, a autora também inseriu alguns capítulos a mais, especialmente sobre o impacto do uso de telas e sobre problemas de transtornos mentais na adolescência.

divulgação | editora rocco

Nicola Morgan é uma autora escocesa especialista em bem-estar adolescente. Graduada em Clássicos e Filosofia pela Universidade de Cambridge, Morgan complementou sua formação com diplomas em Dificuldades de Aprendizagem Específicas e Aconselhamento Juvenil. Ao longo de seus mais de 25 anos de dedicação ao estudo do cérebro e da saúde mental, Morgan estabeleceu-se como uma escritora que integra diversas áreas, conectando neurociência, psicologia e vivências práticas com adolescentes.

Três mitos que precisamos parar de repetir sobre a adolescência

Para Nicola Morgan, existem três mitos muito repetidos e que não representam, de fato, a realidade sobre o processo de mudanças radicais que acontecem no cérebro dos adolescentes.

MITO 1: “Os adolescentes são apáticos e preguiçosos”

Eles podem não se importar com as coisas que você gostaria que se importassem, mas se importam profundamente com muitas coisas. Lidam com mudanças imensas, insegurança e tumulto. Eles gastam sua energia com tudo isso e muitas vezes não têm energia e paixão restantes para as coisas que preocupam os adultos.

MITO 2: “Os adolescentes são todos iguais”

Obviamente não são. Todos estão passando pela mesma fase da vida, mas assim como todos os adultos de 20 anos, de 60 anos, novos pais ou avós. Todos somos indivíduos, mas compartilhamos alguns elementos do nosso pensamento, comportamento e sentimentos com outros na mesma fase de desenvolvimento ou vida.

MITO 3: “Os adolescentes são tipicamente rebeldes”

Na verdade, são tipicamente conformados. Conformam-se rapidamente e muitas vezes desesperadamente ao que os outros em seu grupo de amigos querem. Eles precisam fazer isso porque estão se separando da dependência e conformidade com os adultos e precisam construir novas conexões com seu grupo de pares. As únicas pessoas contra as quais eles se rebelam são seus pais adultos. E eles podem se dar ao luxo de fazer isso porque você/nós os amaremos de qualquer maneira. Seus “amigos” não o farão, então eles precisam se conformar. Eles precisam trabalhar nessas amizades. Eles precisam se encaixar.

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Entender o cérebro dos adolescentes contribui para viver essa fase com mais equilíbrio

Quando compreendemos os altos e baixos do cérebro adolescente, podemos entender também como lidar com as emoções intensas que aparecem nesse período, ou mesmo por que temos maior tendência a correr riscos e até os motivos para o surgimento de transtornos mentais, a exemplo da depressão e vícios. A leitura de “A culpa é do meu cérebro” proporciona uma clareza maior sobre o que está acontecendo com o adolescente e também mostra como ele pode se preparar para o futuro.

Abaixo, você confere mais da entrevista que a Vida Simples fez com Nicola Morgan:

A adolescência é popularmente conhecida como um período difícil, marcado por rebeldia e confusão. No livro, você comenta sobre a beleza desse momento e as mudanças fascinantes que estão acontecendo no cérebro dos adolescentes. Como foi tentar mostrar esse outro lado para as pessoas?

Incredivelmente tranquilizador e validador! Uma vez que as pessoas (adultos e adolescentes) entendem que o que está acontecendo em seus cérebros é poderoso, natural, universal, emocionante e não culpa deles, de repente, a culpa e a angústia diminuem, e eles podem começar a dizer: “Ah, certo, então é por isso que isso está acontecendo. Agora, vamos ver o que posso fazer para ajudar.”

Você demonstra que a neurociência não é apenas para adultos, escolhendo uma linguagem muito lúdica e interativa, sem deixar a factualidade de lado. O livro foi relançado e está agora na segunda edição. Quando escreveu a primeira edição, já tinha esse foco? Qual é a importância de despertar o interesse dos adolescentes no tema científico?

Sim, eu tinha essa intenção lá em 2005. Eu sempre estive ao lado dos adolescentes e de seus pais, e queria que eles se unissem em sua jornada. No entanto, muita coisa mudou desde então. Não a ciência – a ciência apenas confirmou o que eu disse em 2005 – mas a maneira como falamos uns com os outros e a maneira como demonstramos empatia e preocupação. Quando escrevi originalmente “A culpa é do meu cérebro”, estava tudo bem ser bastante descontraída no tom, mas agora acho que somos – e devemos ser – mais sérios. O mundo e nossas vidas são sérios, e o sofrimento que muitos adolescentes e pais sentem é poderoso e importante. Sinto a mesma paixão por apoiar adolescentes e pais, e estava ansiosa para mudar minha linguagem para refletir o novo clima e as novas preocupações.

O que você diria aos pais que estão dispostos a aprender mais sobre o comportamento dos adolescentes? Como desenvolver a compreensão e comunicação entre os adultos e os jovens?

Leia “A culpa é do meu cérebro”, siga minha newsletter e, acima de tudo, tente se preocupar menos e ouvir mais. Eu gostaria de ter feito isso quando ainda era mãe de adolescentes.

Pensando nos adolescentes que terão contato com o livro, como incentivar o autoconhecimento e descobertas sobre o corpo e a mente por meio da leitura? Após terminarem o livro, que sentimento você espera que eles tenham sobre o assunto?

Espero que se sintam tranquilizados e saibam que nos importamos com eles e os respeitamos. E espero que percebam o que eu percebo: quanto mais entendemos sobre como nosso cérebro funciona, melhor podemos fazê-lo funcionar para nós. Isso é poder.

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